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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 27, 2013

SOBRE A SEDE DA CIDH NOS EUA

Cícero.
Equador questiona sede da Organização Interamericana de Direitos Humanos nos EUA
Por Leandro Felipe, da Agência Brasil


O Equador questionou o fato da sede da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) estar localizada em Washington, capital dos Estados Unidos, sendo que o país não ratificou a Convenção Americana de Direitos Humanos. O questionamento foi levantado (...) pelo ministro de Relações Exteriores equatoriano, Ricardo Patiño, durante sessão extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir reformas na comissão.

"A sede de um organismo não pode estar em um país que em 40 anos não ratificou algo que subscreveu", disse Patiño. Ele defendeu que a sede da comissão fique em um país que tenha ratificado a convenção.

Na visão do chanceler do Equador, o Sistema Interamericano de Direitos Humanos "está em crise por não ser universal e porque não há uma condução e orientação adequadas".

O ministro argumentou que problemas financeiros que a CIDH enfrenta vêm do descuido dos países-membros que não priorizam o organismo. "A comissão se converteu em um espaço para defender interesses midiáticos, empresariais e de outros países", criticou.

A CIDH foi criada em 1959, 11 anos depois de a OEA ter aprovado a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, em Bogotá, na Colômbia. Dez anos depois, foi firmada a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), que sistematizou a CIDH e suas atribuições.

O texto foi ratificado até o momento por 23 países. Eles se comprometeram "a respeitar os direitos e liberdades reconhecidos pela convenção e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que está sujeita à sua jurisdição, sem qualquer discriminação". Além da CIDH, a convenção criou a Corte Interamericana de Direitos Humanos com sede na Costa Rica. (Fonte: aqui).

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Faz sentido. Mas não causa estranheza. Afinal, quem não lembra a recusa em subscrever o Protocolo de Kyoto (e posteriormente o acordo climático no Canadá)? Quem desconhece o fato de que Guantánamo está fora da jurisdição da Suprema Corte americana?

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