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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 26, 2013

“Não somos apenas aliados, somos companheiros”, afirma Lula nos 91 anos do PC do B




Do Portal Vermelho


Em ato prestigiado, comunistas comemoram 91 anos



Há exatamente 91 anos, nove delegados cantavam, em voz baixa, a Internacional Comunista depois de consagrar a fundação do Partido Comunista do Brasil. Cena diferente do ato realizado nesta segunda-feira (25), na Câmara Municipal de São Paulo, onde os militantes entoaram em alto e bom som as palavras de ordem que enaltecem a combatividade do partido em atividade no país.


O proponente da sessão solene, o vereador e presidente estadual do PCdoB, Orlando Silva, escolheu o emblemático salão 1º de maio, que ficou lotado de jovens e trabalhadores, homens e mulheres que atentos ouviram as lideranças nacionais de diversos partidos e autoridades.

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, destacou a importância de celebrar o 91º do Partido no momento em que é anunciada a realização do 13º Congresso e também por marcar a entrada da legenda no decênio de seu centenário.

Duas faces da luta

Renato sublinhou duas facetas da trajetória dos comunistas brasileiros. A primeira é a contribuição dos militantes para a construção do país, a outra é o co-protagonismo do PCdoB no novo ciclo político aberto pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002.

“O aporte do Partido Comunista do Brasil à construção do nosso país se exprime em ideias e realizações. Decorre de um elenco de batalhas e grandes confrontos políticos, de sentido mudancista, que se manifesta na história geral do país, desde os primórdios do século 20 ao início do século atual”, disse Rabelo.

Tem a marca constante e coerente da luta pela emancipação nacional e social. Somente com a libertação nacional é possível a libertação social e esta, por sua vez, fecunda a libertação nacional, afirmou. 


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Segundo o dirigente, o PCdoB sempre defendeu a liberdade política, lutou pelos direitos dos trabalhadores e de todo o povo, pelo crescimento econômico com progresso social, pela elevação da renda, a redução das desigualdades, a concretização da reforma agrária e a soberania nacional.

São lutas que estão no “DNA” do partido, como também pela emancipação da mulher e garantias para a juventude; a defesa da cultura nacional e a elevação da consciência política do povo brasileiro; a defesa nacional do nosso território e das nossas riquezas; o fortalecimento das nossas estatais estratégicas e a indústria nacional; a luta persistente contra o domínio do nosso país pelas grandes potências; o princípio defendido com ardor pela paz, a solidariedade e a cooperação entre os povos; contra o belicismo e o hegemonismo do imperialismo. 

Rabelo assinalou o objetivo do PCdoB de construir uma nova sociedade, o socialismo

A segunda faceta por ele referida foi o co-protagonismo do PCdoB na edificação dos governos de Lula e Dilma. O presidente relembrou que o Partido foi co-fundador da Frente Brasil Popular e desde 1989 auxiliou com ideias programáticas, contribuindo com as vitórias da frente progressista em 2002. “João Amazonas foi idealizador e permanente defensor do projeto de eleger Lula presidente da República Federativa do Brasil, mas infelizmente não chegou a ver a histórica vitória”.

Para Renato, “essa vitória abriu caminho para avançar em direção da construção de uma nação soberana, democrática, justa e solidária com seus vizinhos e povos do mundo. É a sinalização de uma nova via de desenvolvimento”, salientou.

Mensagem da Presidenta Dilma
A ministra da cultura, Marta Suplicy, representou a presidenta Dilma Rousseff, de quem leu uma mensagem enviada congratulando-se com o PCdoB pela passagem do 91º aniversário.

“Mais antiga legenda em atividade no Brasil, o PCdoB mantém, ao longo de sua história, a mesma cara, não mudou de lado. A prioridade do Partido sempre foi a defesa dos oprimidos, dos excluídos, dos mais necessitados e, em última análise, dos interesses nacionais”, afirmou Dilma.

Na mensagem, a presidenta da República ressaltou que o PCdoB sempre esteve ao lado do povo brasileiro e, por ficar ao lado do povo brasileiro, pagou o custo com a vida de centenas de militantes ao longo desses 91 anos. “A essas mulheres e homens, presto hoje as minhas homenagens”.

“O PCdoB contribui decisivamente para o caráter democrático, progressista e popular do meu governo, como fez com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu a presidenta.

Aliança progressista


Presente no ato, o ex-presidente Lula relembrou algumas batalhas travadas pelos comunistas e também a atuação protagonista do Partido no Parlamento e no governo federal. “O papel do PCdoB foi, tem sido e tenho certeza que continuará sendo fundamental”, afirmou.

Lula defendeu a aliança entre o Partido dos Trabalhadores e o PCdoB .“Muito fizemos pelo Brasil nos últimos anos e hoje temos um país que alcançou um patamar nunca antes imaginado, mas ainda há muito a ser feito. O caminho para que o povo brasileiro viva com dignidade ainda é longo. A manutenção da nossa parceria, da nossa sintonia em torno de um objetivo comum é fundamental para que esse objetivo seja alcançado”, intercedeu o ex-presidente.

Roberto Amaral, vice-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), componente da base de sustentação do governo Dilma, também citou a Frente Brasil Popular e seus ideólogos, João Amazonas e Miguel Arraes. “Esta mesa que o PCdoB reuniu aqui é a grande frente popular brasileira. E só o PCdoB poderia reunir”, declarou.

“Nós estamos completando os primeiros dez anos do governo de centro-esquerda e para nós não é ponto de chegada, é ponto de partida. Precisa avançar, e este avanço não dependerá de nosso voluntarismo, mas da correlação de forças que precisa se estabelecer na sociedade, e acima de tudo, da unidade das forças progressistas”, defendeu Roberto Amaral.

Destaque para as mulheres 

A vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão, que representou o prefeito Fernando Haddad, e a líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Manuela D´Ávila, destacaram a participação das mulheres na luta política e social. 

Nádia enfatizou que o Partido não ocuparia a vice-prefeitura da cidade “se não fosse a luta das mulheres do PCdoB e a confiança depositada pelo Partido no papel das mulheres”.

Por sua vez, a deputada Manuela d’Ávila lembrou que a eleição de uma mulher para a Presidência do Brasil foi “tão ou mais difícil que eleger um operário”. 

“Outras lideranças nacionais expressivas também participaram do ato. Entre elas, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente do PSD e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, o governador da Bahia, Jacques Wagner, o presidente municipal do PCdoB, Jamil Murad, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Américo, o prefeito de Jundiaí, que na mesa representou todos os prefeitos e vice-prefeitos comunistas, Pedro Bigardi, o deputado federal Protógenes Queiroz, os deputados estaduais, Alcides Amazonas e Leci Brandão, o presidente da União Nacional dos Estudantes, Daniel Ilescu, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras, Wagner Gomes, o secretário de promoção e igualdade racial municipal, Netinho de Paula, e a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes. 

Havia ainda uma ampla representação do Comitê Central do Partido, formada por Aldo Arantes, Haroldo Lima, Jamil Murad, Edvaldo Nogueira, Vital Nolasco, Ronaldo Freitas, Adalberto Monteiro, Walter Sorrentino e José Reinaldo Carvalho.

Da Redação do Vermelho, com Ana Flávia Marx, da Sucursal em São Paulo

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