A inversão de valores na tomada de decisão do judiciário brasileiro é triste. José Dirceu hoje é mais perigoso que Cachoeira, Dantas, etc. Triste Brasil.
José Dirceu foi condenado e aguarda prisão, mas Cachoeira tenta retomar negócios.
Cachoeira tenta retomar negócios 1 ano após prisão
Contraventor está aos poucos restabelecendo velhas conexões políticas e empresariais
Alana Rizzo - ENVIADO ESPECIAL - O Estado de S.PauloGOIÂNIA - Depois de
ficar preso por 266 dias no ano passado sob acusação de comandar uma
rede de tráfico de influência envolvida com negócios públicos e jogos
ilegais, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está
aos poucos restabelecendo velhas conexões políticas e empresariais.
Wilson Pedrosa/AE
Cárcere. Contraventor passou 266 dias na prisão em 2012Argumentando que
as provas da Operação Monte Carlo serão anuladas, Cachoeira faz reuniões
em casa com amigos e empresários, especialmente do setor de coleta de
lixo. Entre os convidados, está Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta
Construções no Centro-Oeste, vizinho do contraventor e também réu na
Justiça.
O que Cachoeira ainda não conseguiu foi marcar sua volta à sociedade de
Goiânia. Sua mulher, Andressa Mendonça, é requisitada em festas e
eventos sociais. "Ele nunca foi das ‘altas rodas’ da capital. É de
Anápolis e, por mais que tenha dinheiro, não é de família tradicional",
diz um parlamentar que atuou na CPI do Cachoeira na Assembleia de Goiás.
A comissão terminou em pizza na última semana, sem indiciamentos ou
relatório final. Segundo deputados da oposição, os aliados do governador
Marconi Perillo (PSDB) literalmente se esqueceram de votar o texto.
A exposição pública de Cachoeira - condenado a quase 40 anos de cadeia -
tem sido evitada, especialmente após o flagra em um resort de luxo na
Bahia, com diárias de R$ 3 mil. Há mais ou menos duas semanas, a defesa
ordenou que o contraventor submergisse para não atrapalhar a montagem de
um figurino mais discreto para quem ainda responde a ações na Justiça. A
personalidade expansiva e articulada do contraventor sempre preocupou
os advogados que o defendem.
Sob os cuidados do criminalista Nabor Bulhões, Cachoeira tornou-se
evangélico na prisão e estabeleceu uma rotina de cultos semanais em
casa. Na nova fase, ele pega os filhos na escola, deixou de frequentar a
noite goiana e agora encomenda jantares em casa nos melhores
restaurantes da cidade.
"É uma orientação pessoal dele e que casa com a nossa. Ele está muito
discreto e focado na família e nos processos. Carlinhos está trabalhando
na defesa. Isso tudo absorve bastante tempo", afirma Nabor, negando que
ele tenha retomado a vida empresarial.
Delação. Sobre uma eventual colaboração com a Justiça, Nabor responde:
"Não aceito assistir cliente que cogite a delação. É uma questão de
princípio". Ao deixar a cadeia, Cachoeira prometeu revelar tudo o que
sabia e anunciou ser o "verdadeiro garganta profunda do PT". Até agora,
nada veio a público.
Mesmo condenado, Cachoeira aguarda em liberdade o trânsito em julgado da
sentença. O Ministério Público avalia a possibilidade de novas
denúncias por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção. Uma
força-tarefa foi montada para analisar o fluxo financeiro da organização
criminosa, e os volumosos saques em espécie já despertaram a atenção
dos investigadores.
Para a procuradora Léa Oliveira, uma das autoras da denúncia contra
Cachoeira, o resultado da operação é positivo. "Só nos ressentimos de
que, se não fossem os vazamentos de setores de onde não esperávamos,
conseguiríamos ter desenvolvido uma persecução financeira do grupo. Mas
levantamos o véu que cobria uma realidade extremamente complexa."
A procuradora não descarta a possibilidade de o grupo criminoso ainda
estar atuando. "Conseguimos desarticular temporariamente o grupo, mas
não desmantelá-lo completamente.
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