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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 27, 2013

SOBRE A SEDE DA CIDH NOS EUA

Cícero.
Equador questiona sede da Organização Interamericana de Direitos Humanos nos EUA
Por Leandro Felipe, da Agência Brasil


O Equador questionou o fato da sede da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) estar localizada em Washington, capital dos Estados Unidos, sendo que o país não ratificou a Convenção Americana de Direitos Humanos. O questionamento foi levantado (...) pelo ministro de Relações Exteriores equatoriano, Ricardo Patiño, durante sessão extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir reformas na comissão.

"A sede de um organismo não pode estar em um país que em 40 anos não ratificou algo que subscreveu", disse Patiño. Ele defendeu que a sede da comissão fique em um país que tenha ratificado a convenção.

Na visão do chanceler do Equador, o Sistema Interamericano de Direitos Humanos "está em crise por não ser universal e porque não há uma condução e orientação adequadas".

O ministro argumentou que problemas financeiros que a CIDH enfrenta vêm do descuido dos países-membros que não priorizam o organismo. "A comissão se converteu em um espaço para defender interesses midiáticos, empresariais e de outros países", criticou.

A CIDH foi criada em 1959, 11 anos depois de a OEA ter aprovado a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, em Bogotá, na Colômbia. Dez anos depois, foi firmada a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), que sistematizou a CIDH e suas atribuições.

O texto foi ratificado até o momento por 23 países. Eles se comprometeram "a respeitar os direitos e liberdades reconhecidos pela convenção e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que está sujeita à sua jurisdição, sem qualquer discriminação". Além da CIDH, a convenção criou a Corte Interamericana de Direitos Humanos com sede na Costa Rica. (Fonte: aqui).

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Faz sentido. Mas não causa estranheza. Afinal, quem não lembra a recusa em subscrever o Protocolo de Kyoto (e posteriormente o acordo climático no Canadá)? Quem desconhece o fato de que Guantánamo está fora da jurisdição da Suprema Corte americana?

Nazijornalismo cqc

 


Por: Leandro Fortes, no CartaCapital 

cqcA violência do CQC contra o deputado José Genoíno alcançou, essa semana, um grau de bestialidade que não pode ser dimensionado à luz do humorismo, muito menos no campo do jornalismo. Isso porque o programa apresentado por Marcelo Tas, no comando de uma mesa onde se perfilam três patetas da tristeza a estrebuchar moralismos infantis, não é uma coisa nem outra.

Não é um programa de humor, porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vem do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada.
Não é jornalismo, porque a missão do jornalista é decodificar o drama humano com nobreza e respeito ao próximo. É da nobre missão do jornalismo equilibrar os fatos de tal maneira que o cidadão comum possa interpretá-los por si só, sem a contaminação perversa da demência alheia, no caso do CQC, manipulada a partir dos interesses de quem vê na execração da política uma forma cínica de garantir audiência.
A utilização de uma criança para esse fim, com a aquiescência do próprio pai, revela o grau de insanidade que esse expediente encerra. O que se viu ali não foi apenas a atuação de um farsante travestido de jornalista a fazer graça com a desgraça alheia, mas a perpetuação de um crime contra a dignidade humana, um atentado aos direitos humanos que nos coloca, a todos, reféns de um processo de degradação social liderado por idiotas com um microfone na mão.
A inclusão de um “repórter-mirim” é, talvez, o elemento mais emblemático dessa circunstância, revelador do desrespeito ao ofício do jornalismo, embora seja um expediente comum na imprensa brasileira. Por razões de nicho e de mercado, diversos veículos de comunicação brasileiros têm lançado, ao longo do tempo, mão dessa baboseira imprestável, como se fosse possível a uma criança ser repórter, ainda que por brincadeira.
Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar da formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança. Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime e espero, sinceramente, que alguma medida judicial seja tomada a respeito.
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.
Existem, sim, cretinos adultos. 
*OCarcará
 Igreja metodista:  'Deus prefere ateus bons a cristãos com ódio'

A quem interessar: Acredito em Deus e concordo com a frase abaixo.


Artistas do mesmo sexo beijam-se para protestar contra o pastor dos Direitos Humanos
Homofobia Não
Beijo entre Fernanda Montenegro e Camilla Amado, Tonico Pereira e Ricardo Blat pra dizer que Feliciano NÃO deve continuar na Comissão de Direitos Humanos.

*Mariadapenhaneles

Países do Brics pressionam a ONU por assento no Conselho de Segurança


Por Redação, com agências internacionais - de Durban, África do Sul


Dilma cumprimenta os demais integrantes do Brics, na reunião desta quarta-feira, em Durban, África do Sul
A presidenta Dilma Rousseff apontou, em discurso durante a 5ª Cúpula do Brics( grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a necessidade de reformas do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Dilma disse que é necessário dar mais espaço, nos órgãos multilaterais, aos países em desenvolvimento.
– Nesses fóruns é importante que se reflita o peso do Brics e dos países em desenvolvimento para que a governança seja mais democrática – destacou a presidenta, que discursou por duas vezes, nesta quarta-feira, durante o encontro.
Para a líder do governo brasileiro, além do Conselho de Segurança, será necessário modificar também a estrutura do FMI de tal forma que os países em desenvolvimento tenham mais espaço, que a equipe do fundo reflita a diversidade de nacionalidade, gênero e formação acadêmica e profissional, assim como modernize as linhas de pensamento no que se refere às economias mundial e domésticas, superando a prevalência daquela linha defendida pelas economias capitalistas do Ocidente e do Japão.
A reforma do Conselho de Segurança, segundo Dilma, será responsável pela definição de políticas de preservação da população civil e cuja estrutura é do final da 2ª Guerra Mundial. Atualmente, o órgão tem 15 assentos, dos quais apenas cinco são permanentes, os demais são rotativos e substituídos a cada dois anos.
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, também apoiou as reformas defendidas por Dilma. Segundo o indiano, a reforma do conselho deve visar ao combate à pirataria e ao terrorismo.
– Usando a sabedoria e a capacidade para ultrapassar esses desafios, reafirmando a importância que coloca o trabalho do Brics para o benefício dos povos do mundo – afirmou Singh.
Menos pobreza
Ainda segundo a mandatária brasileira, o desafio do Brics, hoje, é superar as dificuldades econômicas e sociais para atingir o mesmo nível dos países desenvolvidos. Dilma reiterou que a crise econômica, que afeta principalmente os europeus, não pode contagiar o Brics e os países emergentes. Para a presidenta, os desafios estão centrados na superação de dificuldades econômicas, na preservação de direitos sociais e na proteção do meio ambiente.
– Não podemos permitir que os problemas dos países avançados criem obstáculos para os nossos países. Nosso desafio é encontrar um caminho mais vigoroso – ressaltou.
Dilma disse que um dos principais efeitos da crise econômica internacional é a redução da oferta de empregos. Para ela, é fundamental que sejam feitos esforços conjuntos “para a recuperação da economia internacional”.
– Hoje temos de ter em mente: fazer um grande esforço. Se faltam oportunidades de investimentos nas economias avançadas, vamos criar fontes de financiamento – destacou.
A presidenta lembrou que os países do Brics conseguiram superar as dificuldades, provocadas pela crise, a partir de 2008.
– Temos força suficiente para responder com responsabilidade – disse ela, lembrando que a Rússia, na presidência rotativa do G20 (grupo de países mais desenvolvidos do mundo) terá muito o que fazer.
Segundo Dilma, a pauta no G20 deve ter como foco o desenvolvimento global, envolvendo infraestrutura e a geração de emprego. Ela disse que, embora o cenário de 2013, seja “um pouco mais promissor” do que o de 2012, é visível que “muitos dos países desenvolvidos continuam a prometer, principalmente na taxa de desemprego”.
Solução econômica
Para a presidenta Dilma, uma das soluções para ampliar as opções de financiamento para os países do grupo foi a criação do Banco do Brics, que vai colaborar para o desenvolvimento da região e dos países emergentes. Segundo Dilma, o banco é um esforço para instituir mecanismos mútuos de apoio.
–É um banco talhado para as nossas necessidades. Temos de estreitar laços e criar mecanismos de apoio mútuos. É um mecanismo de estabilidade que pode criar linhas recíprocas de crédito, fortalecendo a solidez do mercado internacional – acrescentou.
A instituição bancária terá os mesmos moldes do Banco Mundia (Bird). Cada país que integra o Brics deverá destinar US$ 10 bilhões para formar o capital inicial do banco, que deverá chegar a US$ 50 bilhões. O banco centrará as ações no financiamento de infraestrutura e atuará em concorrência direta com o Bird. O objetivo é que a nova instituição bancária seja uma espécie de alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Dilma destacou também a importância de manter uma posição de otimismo, mesmo diante das dificuldades causadas pela crise econômica internacional, que atinge principalmente os 17 países da zona do euro.
– Devemos ter o otimismo e o dinamismo, reiterar a confiança e manter uma atitude contra o pessimismo e a inércia que atingem outras regiões. Vamos responder a essa crise com vigor – disse a presidenta que também elogiou a criação de um fundo para ajudar os países emergentes.
A proposta do grupo é estabelecer um fundo, com recursos de aproximadamente US$ 100 bilhões, para apoiar os países emergentes imersos em problemas financeiros.
Correiodobrasil

As entranhas do declínio americano



Por Joseph Stiglitz

Vamos começar por estabelecer uma premissa básica: a desigualdade nos Estados Unidos aumenta há décadas. Todos estamos conscientes deste fato. Certas vozes na direita negam a realidade, mas analistas sérios, em todo o espectro político, reconhecem o fenômeno. Não vou elencar todas as evidências neste texto: basta lembrar que a diferença entre o 1% e os 99% é muito vasta quando a analisamos em termos de rendimento anual; e ainda maior quando observamos a riqueza — ou seja, o capital acumulado e outros bens. Considere a família Walton: os seis herdeiros do império do Walmart possuem uma riqueza combinada de cerca de 90 biliões de dólares, o que é equivalente à riqueza somada dos 30% mais pobres, entre os norte-americanos (muitos deles possuem patrimônio líquido zero ou negativo, especialmente depois do colapso imobiliário). Warren Buffet situou o tema de forma correta quando disse: “Houve uma guerra de classes nos últimos 20 anos, e a minha classe ganhou”.

Portanto, o debate real não é sobre o fenômeno da desigualdade, mas sobre o seu significado. À direita, ouve-se algumas vezes o argumento de que a desigualdade é basicamente uma coisa boa: se os ganhos dos ricos crescem, afirma-se, toda sociedade segue no seu vácuo. Este argumento é falso: enquanto os ricos têm ficado mais ricos, muitos norte-americanos (e não apenas os mais empobrecidos) não conseguem manter o seu padrão de vida, muito menos avançar. Um trabalhador em tempo integral típico ganha hoje o mesmo salário que recebia há três décadas atrás.

Entre a esquerda, por outro lado, o crescimento da desigualdade frequentemente provoca um apelo por justiça: por que tão poucos podem ter tanto, enquanto tantos têm tão pouco? Não é difícil entender por que, numa era dirigida pelo mercado, na qual a própria justiça é em si uma mercadoria que pode ser vendida e comprada. Mas alguns rejeitariam o argumento, rotulando-o como coisa de sentimentais piedosos.

Mesmo colocando o sentimento à parte, existem boas razões para que os próprios plutocratas se importem com a desigualdade — até mesmo por egoísmo. Os ricos não existem num vácuo. Necessitam de uma sociedade que funcione em torno deles, para sustentar a sua posição. A evidência histórica e do mundo moderno é inequívoca: vamos chegar a um ponto em que a desigualdade desencadeará disfunções econômicas que se espalham por toda a sociedade. Quando isso acontecer, até os ricos pagarão um grande preço.

Vamos examinar algumas razões.

O problema do consumo

Quando um grupo social concentra muito poder, torna-se capaz de assegurar políticas que o beneficiam a si próprio, a curto prazo — ao invés de contribuir, a longo prazo, para a sociedade como um todo. Foi o que ocorreu nos EUA, no que diz respeito às políticas tributárias, regulatórias e de investimento público. As consequências (aumento dos rendimentos e da riqueza em favor de um único setor da sociedade) tornam-se visíveis quando se observam os gastos das famílias, um dos motores da economia norte-americana.

Não por acaso, os períodos em que setores mais amplos da sociedade norte-americana registaram aumento dos rendimentos líquidos — ou seja, quando a desigualdade foi reduzida, em parte graças a impostos progressivos — foram aqueles em que a economia cresceu mais rápido. Também não é por acaso que a atual recessão, assim como a Grande Depressão, foi precedida por grandes aumentos na desigualdade. Quando muito dinheiro é concentrado no topo da sociedade, os gastos do norte-americano médio tornam-se necessariamente menores — a menos que haja algum estímulo de outra natureza. A concentração do dinheiro reduz o consumo porque indivíduos de renda mais alta consomem uma fração muito menor dos seus rendimentos, se comparados às pessoas de rendimentos mais baixos.

Aparentemente, não é assim. Os gastos dos ricos são extraordinários, como se constata admirando, nas páginas do Wall Street Journal de fim-de-semana, as fotografias coloridas dos anúncios imobiliários. Mas a realidade torna-se visível quando faz a conta. Considere alguém como o candidato do Partido Republicano à Presidência, Mitt Romney, cujos rendimentos chegaram, em 2010, a 21,7 milhões de dólares. Mesmo se Romney optar por um estilo de vida muito mais perdulário, gastará apenas uma fração desse montante, num ano típico, para se manter a si mesmo e à sua esposa, nas suas diversas casas. Mas tome a mesma soma de dinheiro e divida por aproximadamente 500 pessoas — na forma, digamos, de empregos que paguem 43.400 dólares por ano — e você descobrirá que quase todo o dinheiro é gasto.

A relação é direta e obrigatória: quanto mais o dinheiro fica concentrado nas classes mais favorecidas, mais a procura agregada declina. A não ser que “algo a mais” aconteça, na forma de intervenção, a procura total será menor do que a economia é capaz de oferecer. Significa que haverá um aumento no desemprego, o que vai enfraquecer a procura ainda mais. Nos anos 1990, a bolha da tecnologia foi este “algo a mais”. Na primeira década do século 21, foi a vez da bolha imobiliária. Hoje, o único recurso, no meio de uma profunda recessão, são os gastos do governo — exatamente o que o pessoal no topo da pirâmide está a tentar refrear.

O problema da caça de rendas

Aqui, preciso recorrer um pouco ao jargão econômico. A palavra renda foi originalmente usada, e ainda é, para descrever o que alguma pessoa recebe pelo uso da terra: é o retorno obtido simplesmente em virtude de propriedade, e não pelo fato de fazer ou produzir algo. Renda contrasta com salário, por exemplo, que conota uma compensação pelo trabalho fornecido pelos assalariados. O termo renda foi, depois, estendido para abranger os lucros de monopólio — a renda que alguém recebe simplesmente por controlar um monopólio. E por fim, o significado da palavra expandiu-se ainda mais, para incluir a remuneração de outros tipos de reivindicações de propriedade. Se o Estado concede a uma empresa o direito exclusivo de importar uma certa quantia de um certo bem (como o açúcar), então os ganhos oriundos deste monopólio são chamados de “renda da quota”.

A concessão de direitos de mineração ou extração de petróleo produz uma forma de renda. O mesmo ocorre com o tratamento tributário preferencial, para certos lucros. Num sentido mais amplo, a caça de rendas [rent seeking] define muitas das maneiras por meio das quais o nosso processo político favorece os ricos às custas de todos os demais. Inclui transferências e subsídios do governo, leis que tornam os mercados menos competitivos, leis que permitem aos executivos abocanhar uma fração desproporcional dos lucros das empresas e que permitem às corporações ampliar os seus lucros destruindo a natureza.

Embora difícil de quantificar, a magnitude da “caça às rendas”, na economia norte-americana, é imensa. Indivíduos e empresas que se aprimoram nesta atividade são fartamente recompensadas. O setor financeiro — que hoje funciona em grande medida como um mercado de especulação, ao invés de uma ferramenta para promover produtividade econômica autêntica — é caçador de rendas por excelência. A prática não se limita à especulação. Este setor extrai rendas também do seu controlo sobre os meios de pagamento — por exemplo, cobrando tarifas exorbitantes nas operações bancárias e cartões de crédito, ou imponto, aos vendedores, tarifas menos conhecidas, que são repassadas aos consumidores.

O dinheiro que o setor financeiro extrai dos norte-americanos pobres ou de classe média, por meio de práticas predatórias de crédito, pode ser visto como uma forma de renda de monopólio. Nos últimos anos, este setor apropriou-se de cerca de 40% de todo o lucro empresarial nos EUA, algo totalmente distante da sua contribuição social. A crise mostrou, ao contrário, como ele pode espalhar devastação pela economia. Numa sociedade de caça às rendas, como aquela em que os Estados Unidos se converteram, retorno financeiro e retribuição à sociedade estão perigosamente fora de sintonia.

Na sua forma mais simples, as rendas não são mais que transferências de riqueza, de uma parte da sociedade para os caçadores de renda. Muito da desigualdade na nossa economia resulta da caça de rendas, porque este processo extrai recursos da parte de baixo da pirâmide e concentra-os no topo.

Mas há uma consequência econômica mais ampla: a luta pela apropriação de rendas é, na melhor das hipóteses, uma atividade de soma-zero. A caça de rendas não produz o crescimento de nada. Os esforços que ela envolve são direcionados a abocanhar uma parte cada vez maior do bolo, ao invés de fazê-lo crescer. Mas é ainda pior: a busca de rendas distorce a alocação de recursos e torna a economia mais frágil. É uma força centrípeta: o retorno da caça de rendas torna-se tão desproporcional que cada vez mais energia é dirigida a esta atividade, às custas de tudo o mais.

Países ricos em recursos naturais são tristemente famosos pela atividade de caça às rendas. É muito mais fácil tornar-se rico nestes lugares obtendo acesso aos recursos, em condições favoráveis, do que a produzir bens ou serviços que beneficiam a população e elevam a produtividade. É por isso que estas economias foram tão mal sucedidas, a despeito da sua aparente riqueza. É fácil desdenhar e dizer: “Não somos a Nigéria, não somos o Congo”. Mas a dinâmica de caça às rendas é a mesma.

Publicado no Esquerda.Net

Países dos Brics anunciam banco de desenvolvimento próprio


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Ministros das Finanças dos países dos Brics (Fonte: Reprodução/Divulgação)
ACORDO

Países dos Brics anunciam banco de desenvolvimento próprio

Acredita-se que o novo banco seja dotado de um capital inicial de US$ 50 bilhões

fonte | A A A
Os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) chegaram a um acordo nesta terça-feira, 26, em Durban, na África do Sul, para criar um banco de desenvolvimento próprio destinado a financiar infraestruturas.
O banco de desenvolvimento próprio deve atuar como uma espécie de Banco Mundial. Os detalhes, no entanto, só devem ser anunciados nesta quarta-feira, 27, pelos chefes de Estado e de governo dos cinco países que integram o grupo.
Ainda não se sabe, por exemplo, qual será o valor da contribuição de cada país. O ministro russo das Finanças, Anton Silaunov, disse que as discussões serão mantidas durante o G20 de São Petersburgo, em setembro.

Fundo comum

Acredita-se que o novo banco seja dotado de um capital inicial de US$ 50 bilhões. Além da criação do banco de desenvolvimento próprio, os Brics também podem criar um fundo comum de US$ 100 bilhões para socorro mútuo em caso de choque conjuntural. A informação foi divulgada pelo presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini.
Os líderes dos Brics também discutem as criações de uma agência de classificação de risco, de um mecanismo de resseguros, de um conselho de empreendedores e de uma instituição de classificação de universidades.
*Nina

O governo dos EUA não está honrando seus compromissos com seus ex-soldados


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População inválida de soldados americanos subiu em quase 45% desde 2000 (Reprodução/Eyevine)
GUERREIROS FERIDOS

Veteranos de combate americanos procuram ajuda

O governo dos EUA não está honrando seus compromissos com seus ex-soldados

fonte | A A A
Diz-se que nenhum soldado sai ileso de uma guerra. As bombas que estilhaçam ossos também comprometem os cérebros. Mesmo na periferia, a guerra aflige os homens com juntas doloridas, zumbidos no ouvido e danos psicológicos. Imagine-se, portanto, o dano humano engendrado por mais de uma década de batalha.
Os EUA não precisam imaginar. Agora, um número recorde de seus guerreiros feridos procuram ajuda. Cerca de um 1,6 milhão de soldados que serviram no Iraque e no Afeganistão requisitaram benefícios por invalidez do governo. (Apenas 21% entraram com pedidos semelhantes após a primeira Guerra do Golfo, de acordo com estimativas.) Com veteranos idosos de conflitos mais antigos também requisitando mais auxílio, a população inválida de servidores americanos subiu em quase 45% desde 2000.
Alguns deles podem estar reagindo a uma economia ruim, ou então estão aprendendo a ter acesso aos benefícios com mais argúcia. Mas os pedidos de invalidez também aumentaram graças a desenvolvimentos positivos. Avanços na medicina do campo de batalha significam que mais soldados feridos sobrevivem. Problemas de saúde mental outrora desconsiderados agora são tratados com seriedade. E o Departamento de Assuntos dos Veteranos (VA, na sigla em inglês) expandiu o acesso a benefícios para soldados mais velhos expostos ao agente laranja no Vietnã ou que sofrem com a síndrome da Guerra do Golfo, ao mesmo tempo em que afrouxou os requerimentos para a classificação da síndrome de estresse pós-traumático.
Mas o sistema responsável por prestar assistência a esses homens e mulheres à medida que se readaptam a vida civil está assoberbado. Quase 1 milhão de veteranos estão na fila. Em média o VA leva cerca de 9 meses para processar um pedido. Em algumas cidades grandes o atraso pode chegar a 600 dias. Até mesmo o SEAL da marinha que disparou o tiro que matou Osama Bin Laden está esperando seu pedido ser processado.
*opiniãi e notícia
*Nina