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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 27, 2013

Abril despedaçada?

: 247 - Talvez não haja exemplo no mundo comparável ao do grupo Abril. 
Uma casa editorial que, mais do que qualquer outra, em qualquer parte do planeta, tenha exercido um protagonismo político tão forte na sociedade em que está inserida. 
Veja, principal publicação do grupo, foi a revista que, em 1989, ano da primeira eleição presidencial após o regime militar no Brasil, inventou o personagem "caçador de marajás", ajudando a eleger Fernando Collor. 
Foi também a revista que liderou seu processo de impeachment, três anos depois. 
E que, em 1994 e 1998, abraçou fortemente os projetos políticos do PSDB, encarnados na figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 
A partir de 2003, com a chegada do PT do ao poder, Veja deixou de ser propriamente um produto jornalístico para se transformar numa trincheira de combate político.
Contribuíram para esse fenômeno razões de natureza ideológica, como o alinhamento automático da família Civita com os Estados Unidos e seus interesses financeiros, mas também de cunho econômico. 
Próximo a políticos como FHC e, sobretudo, José Serra, o editor Roberto Civita, falecido ontem, soube também aproveitar as oportunidades criadas por máquinas poderosas, como o Palácio dos Bandeirantes e a Prefeitura de São Paulo. 
E fez da venda de assinaturas e de revistas educacionais ao setor público um de seus maiores negócios – o que contribuiu para colocá-lo na lista de bilionários da revista Forbes. 
Nesses dez anos de combate permanente, a Abril descambou, em vários momentos, para o preconceito, o ódio de classes e a mentira, pura e simples. 
Veja foi a revista que, numa de suas capas, deu um pé na bunda do ex-presidente Lula, expressando aquele que talvez fosse o maior desejo de Roberto Civita. 
Em outra, mais recente, colocou Dilma pisando num tomate, aderindo ao lobby não declarado pela alta das taxas de juros no Brasil. 
E publicou denúncias jamais comprovadas em sua caçada ao PT, como a dos famosos dólares de Cuba – esta, ancorada no suposto depoimento de um morto. 
Um "escândalo", diga-se de passagem, que foi apenas um entre dezenas de exemplos de transgressões editoriais. 
Em 2010, quando Dilma Rousseff chegou ao poder, e Lula, o operário-presidente que jamais foi aceito por Civita já estava fora do Palácio do Planalto, muitos tinham a expectativa de que a Abril poderia ajustar sua linha editorial, retornando a uma postura menos extremista e mais ao centro, condizente com o retrato da sociedade brasileira. 
Um dos sinais foi a saída de Diogo Mainardi e o deslocamento de editores que comandavam a falange do ódio na publicação para posições subalternas. 
Outro foi a contratação de Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander, que havia sido membro do conselho de administração da Petrobras, sob a presidência de Dilma, e tem bom trânsito em Brasília. 
No entanto, quando veio o julgamento da Ação Penal 470, o chamado mensalão, o ódio falou mais alto. 
Veja fez de tudo para emparedar ministros do Supremo Tribunal Federal não alinhados com a condenação, forjou alianças com alguns deles e alimentou novos enredos de ficção, como na suposta tentativa de intimidação do ministro Gilmar Mendes pelo ex-presidente Lula. 
Quando veio a tão esperada condenação, a revista estampou em sua capa fogos de artifício, mas todo o esforço não atingiu plenamente seus objetivos – na eleição municipal de 2012, José Serra foi derrotado para Fernando Haddad, do PT. 
Ao mesmo tempo, Veja sofreu o maior arranhão de sua credibilidade em todos os tempos, com a comprovação de que manteve uma aliança de mais de uma década com um dos maiores contraventores do País – o bicheiro Carlos Cachoeira, que produzia, com métodos ilegais, como grampos clandestinos, vários de seus escândalos. 
Para evitar a convocação de Civita a Brasília, onde passaria pelo constrangimento de depor diante de uma CPI, Fábio Barbosa apelou até mesmo ao ex-ministro José Dirceu – alvo preferencial de Veja nos últimos anos. 
E usou a doença de Civita como argumento. E agora, Gianca? 
É nesse ambiente conturbado que Giancarlo Civita, filho mais velho de Roberto, sem nenhuma experiência na área jornalística, e com fama de playboy, assume o comando da editora. 
Uma mudança que lança dúvidas sobre o futuro da Abril. 
Na área editorial, a corrosão da credibilidade e a guinada à direita radical afugentaram leitores – especialmente aqueles mais politizados. 
No mundo político, o ocaso do PSDB em São Paulo, que perdeu a prefeitura da capital e corre riscos no governo do Estado, também enfraquece uma das principais alianças da Abril. 
Um dos principais novos negócios, que é a educação e a venda de sistemas de ensino, também depende de uma certa diplomacia política. 
Por isso mesmo, Fábio Barbosa tem ido com frequência a Brasília, na tentativa de sinalizar que é um homem de paz. 
O maior desafio de "Gianca", no entanto, será definir sua própria linha editorial na Abril. 
Nos últimos dez anos, com Roberto Civita tomado pelo ódio e pelo preconceito, a área editorial de Veja, principal revista da casa, assumiu essas feições. 
Há ali os que realmente odeiam, como Reinaldo Azevedo, os que fingem odiar, como Augusto Nunes (que até poderia amar o PT, se fosse o caso), e os fiéis devotos da ideologia abriliana, como Eurípedes Alcântara, diretor de redação de Veja. 
Se Gianca decidir delegar todo o poder à redação, nada mudará. 
No entanto, sem o trânsito político de Roberto Civita, não será simples converter o ódio e o preconceito ao PT em benefícios econômicos. 
Se estiver disposto a ouvir Fábio Barbosa, haverá uma possibilidade real de maior equilíbrio. 
E há ainda uma terceira hipótese, que é a de que o príncipe herdeiro imprima sua própria marca editorial a um grupo ainda influente, mas que enfrenta vários desafios simultâneos: a transformação profunda da mídia, a mudança tecnológica e a própria conscientização dos leitores, que rejeitam a manipulação. 
Postado por Na Ilharga 
*cutucandodeleve

O canibalismo comunista da Veja



Praticamente nenhuma pessoa séria leva a revista Veja a sério. 
Sabe-se que é uma publicação humorística. Faz um humor meio sem graça,
 apelativo, rasteiro, como é o humor dominante na mídia brasileira atual.
 Mas há um traço de original nesse humor: ele é ideológico. Nesta semana, 
porém, Veja caprichou no ridículo. O texto “Os ossos do socialismo” 
é uma obra-prima de charlatanismo, de reacionarismo delirante e de besteirol 
histórico. Segundo o repórter, que assina a matéria, há uma relação direta
 entre canibalismo e comunismo.
 Em 1609, os primeiros colonos ingleses instalados em Jamestown, na América,
 loucos de fome, comeram os seus semelhantes.

Arqueólogos descobriram os ossos de Jane, vítima do canibalismo 
dos seus parceiros de aventura no Novo Mundo. 
A revista Veja não tem a menor dúvida: “Jane foi devorada por seus 
pares como consequência do fracasso do modelo de produção coletiva 
implantado nos primeiros anos da colonização dos Estados Unidos.
 A propriedade era comunitária, e o fruto do trabalho era dividido 
igualmente entre todos. Era, portanto, uma experiência que 
antecipava os princípios básicos do comunismo. Deu no que deu”. Uau! A 
cadeia estabelecida é imperativa: o coletivismo levou à preguiça, 
que levou à improdutividade, que levou à fome, que levou ao canibalismo. 
A saída viria com a propriedade privada. É reportagem
 para prêmio Esso de estupidez. Longe de mim defender o comunismo.
 O buraco é mais embaixo. Vejamos.

O autor tem a segurança dos tolos encantados com o lugar que 
ocupam na escala social: “Se não fosse o sistema fracassado, 
a situação dificilmente teria chegado a esse ponto”. 
Todos os demais aspectos de adaptação e de conjuntura
 são desconsiderados. O reducionismo ideológico surge 
como uma iluminação. A solução chega com um novo administrador, 
que impõe à propriedade privada: “A decisão despertou os traços
 hoje bem conhecidos do capitalismo americano: o empreendedorismo
 e a aptidão para a competição”. Disso teria decorrido que, 
em 1775, os americanos “já eram mais altos que os ingleses”.
 Tem gente batendo os dentes nos consultórios de dentista, onde
 Veja é campeã de leitura, de tanto rir. É um riso nervoso.

Nem os primatas do Pânico fariam melhor.

Para a pragmática revista Veja, no coletivismo, entre trabalhar
 e comer seus semelhantes, as pessoas escolhem a segunda opção.
 Um colono comeu a esposa grávida. Veja, enfim, descobriu a
 origem da expressão “comunista comedor de criancinha”. 
Na verdade, encontrou algo mais grave, o comunista comedor de feto. 
Sem contar que Duda Teixeira chegou ao elo perdido,
 a origem sempre procurada do capitalismo, o estalo: 
“Foi essa mudança, nascida do trauma de um inverno 
em que colonos caíram na selvageria que permitiu aos
 Estados Unidos se tornar o maior gerador de riqueza do planeta 
e o berço do capitalismo moderno”. 
O capitalismo nada mais é que uma reação ao canibalismo comunista. Agora é científico.

Não fosse grosseiro, eu diria: é a coisa mais idiota que li.







*Turquinho

A HERANÇA DA VEJA: O PENSAMENTO BINÁRIO NA POLÍTICA E A IMBECILIZAÇÃO DA CLASSE MÉDIA NAS ÚLTIMAS DUAS DÉCADAS

Em 1989, o PIG conseguiu eleger Collor e também tirá-lo
Em 1989, o PIG conseguiu eleger Collor e também tirá-lo em seguida

Nas últimas duas décadas, a revista Veja manteve um ataque constante à inteligência da classe média brasileira. Nos primeiros anos de democracia, esse ataque não foi tão intenso, visto que o governo de FHC representava a presença de um aliado civil na presidência da República e havia também, ainda hoje, o controle do governo paulista com o PSDB, que mantém a compra desse panfleto para as escolas públicas.

No entanto, em 2002, com a vitória de Lula, a situação começou a mudar e a ameaça ao poderio de mídia das famílias oligárquicas tornou-se não tão seguro. Essa insegurança é própria do capitalismo e das democracias representativas, quando funcionam razoavelmente. Os avanços políticos de partidos mais progressistas foi jogando a revista Veja e os outros grupos de mídia a situações extremadas de deslealdade jornalística, a ponto de se fazer parceria com criminosos para se obter informações, chantagear e achincalhar a vida de políticos.

O mote ideológico, que se tornou redundante na revista Veja, comandada por Roberto Civita, morto no último domingo, é o do pensamento binário que sustentou o golpe militar de 64 e também todos os golpes nos últimos 50 anos na América Latina, como bem mostra o jornalista australiano John Pilger, em Guerra contra a Democracia. Dos anos 90 para cá, a revista Veja se tornou a porta bandeira da imbecilização da classe média, aterrorizando os leitores com o fantasma do comunismo, do petismo, etc.

Assim, toda a crítica à selvageria do capitalismo, toda violência perpetrada por leis e manobras jurídicas, toda a violência polícial ou midiática passou a ser interpretada como uma crítica comunista, petista, petralha etc. Qualquer pessoa que questione a desigualdade, a desonestidade e as práticas violentas do cruel sistema tornou-se necessariamente um norte-coreano infiltrado na sociedade brasileira.

Para a revista Veja e seus controladores e realizadores, que são os grandes conglomerados capitalistas, a democracia é sempre um risco. Assim, o medo de quem tem bilhões de dólares em paraísos fiscais ou milhões de hectares, imóveis e empresas deve ser transferido para a classe média, que tem alguns imóveis, uma fazenda, uma indústria média etc. E isso é um trabalho constante tanto aqui como na Venezuela.

Nesses últimos 20 anos, a revista Veja fez esse serviço sujo. Transferir o medo dos privilegiados e bilionários para a classe média, alimentando a repetição da trágica história golpista de 64 e do período pós-segunda guerra. E teve certo sucesso. Tem-se hoje uma parte da classe média imbecilizada e amedrontada com os avanços da democracia brasileira.

*Educaçãopolitica

 
“Gente simples, fazendo coisas simples em lugares pouco importantes conseguem mudanças inacreditáveis.”(Provérbio africano)
muroberlim
Querer ter um parto normal (natural, humanizado, domiciliar, na água, de cócoras, seja como for…) atualmente tem sido um tabu enfrentado por mulheres e suas famílias no Brasil. Os paradigmas obstétricos brasileiros mostram-se como uma grande muralha, em uma realidade onde cirurgias eletivas financiam e norteiam a lógica do sistema de saúde do país, onde o inconsciente coletivo correlaciona parto normal a sofrimento e mais da metade dos bebês chegam ao mundo em um cenário de rotinas violentas que, apesar dos evidentes malefícios, ainda são repetidas e ensinadas dia após dia nos estágios, internatos e residências dos profissionais da saúde.
A busca por condições dignas e seguras para o atendimento ao parto não é recente, desde 1996 a Organização Mundial da Saúde manifestou-se contra rotinas sem respaldo científico, ineficazes e até mesmo iatrogênicas com a publicação do “Care in normal birth: a pratic guide”. Em 2001 o Ministério da Saúde, em parceria com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica (ABENFO) publicou e distribuiu amplamente o manual “Parto, Aborto e Puerpério – Assistência Humanizada à Mulher”, com o objetivo de assegurar segurança e dignidade para as mulheres no momento do parto e nascimento. Apesar da qualidade do material tivemos poucos resultados, e continuamos nos envergonhando com o recorde mundial de taxa de cesarianas e o disparate das altas taxas de morbidade e mortalidade materna e neonatal.
Desde então, as informações e evidências sobre a má qualidade de assistência no país e formas de mudar essa realidade vêm aumentando consideravelmente. E temos visto como marco desta década a utilização das redes sociais e seu imenso poder de mobilização de massas para discutir essa questão. Ficou muito mais fácil nas comunidades e grupos de apoio virtual divulgar, discutir, curtir e compartilhar as informações sobre as práticas de assistência, os direitos dos usuários, evidências científicas e ações de mobilização de massas.
A militância pelo parto humanizado foi impulsionada e ganhou muitos adeptos quando a discussão ultrapassou os limites da internet e foi para a televisão. A partir das notícias dos partos da topmodel Gisele Bündchen e da filha da apresentadora Ana Maria Braga, a discussão a respeito de um novo modelo de assistência extrapolou o lugar-comum das rodas de gestantes, parteiras, doulas e profissionais da saúde. Ao envolver talentos como os produtores de vídeos e fotografias de parto, das artes gráficas e da comunicação, possibilitou a disseminação de informação com qualidade e estimulou os bate-papos sobre parto no cotidiano das cidades, nos programas de tv, nas rádios, nos grupos, nas famílias.
Em 2012, o jornal Fantástico abordou a questão do parto domiciliar, referindo-se ao sucesso do vídeo do “Parto da Sabrina, nascimento do Lucas” no youtube, que foi o mais visto da internet por algumas semanas e hoje já acumula mais de 3 milhões de visualizações. Foi então que esta discussão conseguiu transpor mais uma barreira e deu visibilidade às ações de agências reguladoras e conselhos de classe. Como resposta, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) despertou o olhar de todo o país para a defesa do modelo tecnocrático centrado no poder do médico quando publicou uma proibição arbitrária e anti-ética aos médicos de participarem de partos domiciliares, mesmo que na retaguarda hospitalar e dando um péssimo exemplo de cerceamento da liberdade de expressão ao denunciar um dos médicos que se mostrou favorável à liberdade de escolha da mulher sobre o local de parto, com apoio da equipe e intervenções somente em casos necessários.
marchaparto
Este cenário foi favorável a muitas mulheres e homens, que encontraram então espaço para dialogar, exigir e lutar pelos direitos humanos na assistência ao parto – QUEREMOS UM PARTO SEGURO E RESPEITOSO! Fomos às ruas em marcha, com cartazes, camisetas, faixas e gritos de mulheres e suas famílias que manifestaram seu desejo de ter seus corpos respeitados e um parto que não seja mais apenas um horário na agenda do centro cirúrgico. Explodiram por todo o Brasil os movimentos virtuais e os encontros de ativistas, os grupos de gestantes buscando aquela experiência de parto mostrada nas fotos e nos vídeos da internet e televisão.
E então nos deparamos o Paradoxo Perinatal Brasileiro. A qualificação profissional, estrutura física e logística das maternidades, tecnologias e recursos de alta complexidade que são utilizados indiscriminadamente, dificultando o acesso a quem realmente necessita. Nesta lógica, torna-se praticamente impossível respeitar as “Boas práticas de assistência ao parto”, preconizadas pela OMS desde 1996. Estas são as verdadeiras muralhas a serem derrubadas para a humanização do parto.
Felizmente a luta pela mudança da realidade obstétrica brasileira foi incorporada por ações políticas e governamentais sérias, com o objetivo nada modesto de modificar a lógica de assistência aos partos no Sistema Único de Saúde, pautado em uma assistência de qualidade, privacidade, respeito à mulher e a sua família e acesso aos recursos que garantam segurança e uma efetiva redução da morbi-mortalidade materna e neonatal.
cegonharomerobritto
A difícil missão de derrubar as muralhas encontrou o suporte tão esperado quando a atual presidenta que tem em seu plano prioritário de governo a melhora da qualidade da assistência ao parto no Brasil. E hoje a Rede Cegonha traz investimentos em estrutura física e qualificação profissional das maternidades, muito trabalho para apoiar gestores e trabalhadores do SUS nas mudanças de práticas, valorização do SUS que dá certo, enfrentamento má administração dos recursos e a consciência na contratualização com os serviços.
O caminho já está meio andado. Há muitas críticas, é bem verdade, e elas sempre existirão, pois ainda não conseguimos ver o horizonte por cima do muro. Quando nos deparamos com a lógica das políticas públicas em nosso país, as infinitas amarras em todos os níveis de gestão, outra muralha se apresenta. Mas não vamos desistir! Temos uma base sólida e a certeza de que estamos fazendo história com a mudança do paradigma perinatal brasileiro.
E é assim que começa meu trabalho neste blog. Estarei por aqui todas as terças-feiras, esperando por vocês com os bons olhos atentos e com a cordialidade e respeito não apenas na assistência à saúde, mas também na comunicação virtual.
Angela Rios que também escreve para o http://www.saudedamulher.net/

domingo, maio 26, 2013

Charge foto e frase do dia










































MARCHA CONTRA MONSANTO fotos videos

MARCHA CONTRA MONSANTO ,  FOTOS DAS MARCHAS DE HOJE PELO MUNDO NESTE LINK >>> Marcha pelas abelhas - Contra Transgênicos



Marcha pelas abelhas - Contra Transgênicos
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*sarauparatodos

Videocassetadas no STF (Supremo Tribunal Federal)

Videocassetadas no STF (Supremo Tribunal Federal) deveria ser apenas um ministro cochilando, um café derramado, um assessor deixando cair uma pilha de pastas, alguma gafe, enfim coisas prosaicas do cotidiano, sem maiores consequências.

Mas, infelizmente, surgem videocassetadas no STF justamente onde não poderia haver: erros rudimentares na sentença dos juízes (que se declaram possuidores de notória sabedoria).

O vídeo acima é uma dessas videocassetadas, e está longe de ser a única. Quem já tomou conhecimento dos recursos dos réus do julgamento do "mensalão" identificou dezenas de outras.

É por isso que desde o começo pedimos um julgamento com o devido rigor não só com os réus, mas também com os fatos, com as provas, com a individualização de condutas, e com a sobriedade que exigia distanciamento da campanha eleitoral, distanciamento de versões fantasiosas plantadas insistentemente no noticiário, e sobretudo distanciamento de fazer um julgamento político e não criminal.

Aliás, notório saber seria não se deixar pautar por pressões da mídia, e sim pautar a mídia com a verdade dos acontecimentos, de acordo com as provas e com as situações realistas em que os acontecimentos ocorreram. Nem mais, nem menos.

Pelo jeito, quem fará esse serviço de revelar notório saber jurídico, e o trabalho de esclarecer a verdade dos fatos, serão os advogados de defesa ao reapresentarem as provas ignoradas que contradizem as sentenças.

Deve ser por isso que a velha mídia e os juízes do STF perderam a pressa em julgar os recursos. Será um festival de supremas videocassetadas. 


*osamigosdopresidentelula

Conheça como é a formação de médicos em Cuba

 
A polêmica gerada pela disposição do governo brasileiro de contratar cerca de 6 mil médicos de Cuba para trabalhar na atenção primária à saúde nas regiões mais carentes do país é estimulada, entre outras razões, pela dúvida sobre a formação profissional deles. Mas o governo cubano rebate as dúvidas com números. Em Cuba, há 25 faculdades de medicina, todas públicas, e uma Escola Latino-Americana de Medicina, na qual estudam estrangeiros de 113 países, inclusive do Brasil.
A duração do curso de medicina em Cuba, a exemplo do Brasil, é seis anos em período integral, depois há mais três a quatro anos para especialização. Pelas regras do Ministério da Educação de Cuba, apenas os alunos que obtêm notas consideradas altas em uma espécie de vestibular e ao longo do ensino secundário são aceitos nas faculdades de medicina.
Médicos cubanos que atuam no Brasil contam que, em Cuba, o estudante tem duas chances para ser aprovado em uma disciplina na faculdade: se ele for reprovado, é automaticamente desligado do curso. Na primeira etapa do curso, há aulas de biomédicas, ciências sociais, morfofisiologia e interdisciplinaridade.
Nas etapas seguintes do curso, os estudantes de medicina em Cuba têm aulas de anatomia patológica, genética médica, microbiologia, parasitologia, semiologia, informática e outras disciplinas. Segundo os médicos cubanos, não há diferença salarial entre os profissionais exceto pela formação – os que têm mestrado e doutorado podem ganhar mais.
De acordo com os profissionais cubanos, todos os estudantes de medicina passam o sexto ano do curso em período de internato, conhecendo as principais áreas de um hospital geral. A formação dos profissionais em Cuba é voltada para a chamada saúde da família: os médicos são clínicos gerais, mas com conhecimento em pediatria, pequenas cirurgias e até ginecologia e obstetrícia.
Porém, a possibilidade de contratar médicos cubanos gera críticas e ressalvas de profissionais brasileiros. Mas o governo brasileiro considera que a necessidade de profissionais e de garantia de saúde para toda a população brasileira deve prevalecer em relação às eventuais restrições aos estrangeiros.
No começo do ano, os prefeitos que assumiram os mandatos apresentaram ao governo federal uma série de demandas na área de saúde. Na relação dos pedidos apresentados pelos prefeitos estavam a dificuldade de atrair médicos para as áreas mais carentes, para as periferias das cidades e para o interior do país.

Deleite - Danielle Licari - Concerto Pour Une Voix