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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 19, 2013

Leblon comovem o Rio e o jornalismo, mas os mortos pela PM na Maré já foram esquecidos

O apogeu da covardia: lojas quebradas no Leblon comovem o Rio e o jornalismo, mas os mortos pela PM na Maré já foram esquecidos
Blog do Mário Magalhães
Protesto contra as mortes na Maré – Foto BOL/Marcio Luiz Rosa/Agência O Globo
O Rio se comoveu com o quebra-quebra ocorrido no Leblon na virada de 18 para 19 de julho de 2013. Balanço da baderna: depredação de orelhões, placas e 25 lojas.

O Rio não se comoveu com a morte de pelo menos dez pessoas na Maré na noite de 24 e na madrugada de 25 de junho, menos de um mês atrás.

O Rio em questão é o retratado pelo jornalismo mais influente. Danos ao patrimônio no bairro bacana, paraíso onde vivi por tantos anos, receberam muito mais atenção do Estado, dos meios de comunicação e de parcela expressiva da classe média do que a perda de vidas na favela Nova Holanda, no complexo da Maré.

É muita covardia. Contra quem? Contra os de sempre, os mais pobres.

Os crimes contra o patrimônio na zona sul foram obra de bandidos, de fascistoides, de ultra-esquerdistas, incluindo pseudo-anarquistas, de pequenos burgueses vagabundos e de alguns miseráveis desejosos de trajar roupas de grife (alguém viu um operário vandalizando?). Como queimam o filme dos protestos e beneficiam o governo estadual com o verniz de vítima, talvez haja infiltrados de origem nebulosa. Cometeram crimes, têm de ser punidos escrupulosamente, nos termos da lei.

Na Maré, o Bope invadiu a favela contra a vontade dos policiais que lá estavam. O efetivo era minúsculo, pois o grosso do batalhão estava cuidando de reprimir manifestações políticas. Resultado: uma bala provavelmente disparada por traficante de drogas matou um sargento da tropa de elite.

Em seguida, sobreveio a vendeta, com a invasão massiva. Nove moradores locais mortos e nenhum PM ferido gravemente. Confronto? Isso tem outro nome: chacina. No mínimo, dois jovens não tinham antecedentes criminais, um deles de 16 anos. A legislação penal brasileira não prevê pena de morte, para qualquer crime, ainda que seja o de assassinato.

Na Maré, o grosso do jornalismo não informou nem a identidade dos mortos, com exceção da do PM. No Leblon, os personagens tinham nome, sobrenome e lágrimas de quem perdeu alguns bens. Na favela, o pranto das mães que perderam seus rebentos quase não saiu no jornal.

A cúpula da segurança do Estado convocou uma reunião de emergência horas depois de os vândalos detonarem no Leblon. Alguém sabe de um encontro dessa natureza para tratar do morticínio na Maré?

Há mais diferenças além da essencial, entre crime contra a vida e crime contra o patrimônio. No bairro das adoráveis novelas do Manoel Carlos, aprontaram criminosos que devem responder judicialmente por si mesmos. Na Maré, atuaram agentes públicos. Se não se sabe ao certo qual foi o comportamento deles, a responsabilidade é do Estado, que deveria investigar para valer, e não encenar apurações.

As agências bancárias com vidros estilhaçados e as butiques dilapidadas costumam estar protegidas por seguros. Que seguro haveria de confortar os irmãos do pessoal morto na Maré?

Acadêmicos, jornalistas, autoridades e politiqueiros que não pronunciaram uma única sílaba sobre a Maré agora posam de valentões bradando contra a desordem no Leblon. Eles só saem em defesa dos mais ricos, os pobres que se danem. São covardes, não valentes.

Merece respeito o sofrimento de tantos antigos vizinhos meus que se assustaram com o pega pra capar. Mas a vida seguiu. Na Maré, para tantos pais, a vida seguiu sem seus filhos. Já cantou Chico Buarque, saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu _teria um quarto ou dormiria no colchão da sala o adolescente que mataram?

O farisaísmo não reconhece limites. Às vésperas do desembarque do papa, celebra-se a existência. Mas muitos corações, que nojo, abalam-se apenas com a perda de patrimônio, e não de vidas. O que diria Francisco?

O recado das últimas semanas é que, para muita gente, crime contra a vida não é nada diante de crime contra o patrimônio.

Isso não é só covardia. É barbárie.
*Mariadapenhaneles

quinta-feira, julho 18, 2013

Charge foto e frase do dia














































país tem chance histórica de superar política tucana de mobilidade


Precária situação do metrô de São Paulo, maior cidade da América do Sul, reflete política herdada da ditadura e do neoliberalismo dos anos 1990
por Eduardo Maretti, da RBA publicado 18/07/2013 14:28, última modificação 18/07/2013 17:14
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Jailton Garcia/Arquivo RBA
superlotação no metrô
Recorde mundial de superlotação do metrô em São Paulo resulta de anos de descaso com a mobilidade urbana
São Paulo – O professor-doutor do Instituto de Economia da Unicamp Eduardo Fagnani disse à RBA que as manifestações populares de junho recolocaram a questão do transporte público no centro da agenda nacional, avaliando que esta é uma oportunidade histórica que deve ser aproveitada pela esquerda. "Partidos, sindicatos e movimentos sociais têm de ampliar fóruns de debate para se pensar o transporte público na perspectiva do desenvolvimento.”
Segundo o economista, o pacto pela mobilidade, um dos cinco propostos pela presidenta Dilma Rousseff no contexto dos protestos, deve ser visto pela esquerda e pelos setores progressistas como uma possibilidade de ampliar os diálogos em torno da formulação de uma política nacional contra problemas estruturais que foram se acumulando nos últimos 60 anos.
A questão, para Fagnani, tem de ser pensada no contexto dessas manifestações. “O transporte público nunca foi prioridade no Brasil. Até a ditadura, não fazia parte nem da agenda federal. Depois, a partir dos anos 1990, com o neoliberalismo, outra vez deixou de fazer parte da agenda federal.”
O programa de Fernando Henrique Mãos à Obra, de 1994, não contemplava transporte público, diz o professor: “A estratégia adotada foi a de privatizações e concessões. O BNDES nos anos 1990 tinha linhas de financiamento para privatizar. Os governos estaduais, como o de São Paulo, acabaram entrando por essa via, e também não priorizaram o transporte público”.
O problema maior é que continuam as políticas decorrentes da ditadura (1964-1985) e a implementada pelo neoliberalismo nos anos 1990, que na ótica do acadêmico explicam a precária situação da malha metroviária atualmente na maior cidade da América do Sul. “O metrô de São Paulo, nos últimos 20 anos, caminha a passos muito lentos. Constrói-se em torno de um quilômetro e meio por ano, em média, enquanto outros países latino-americanos chegam a quatro quilômetros.”
Citando a extensão do metrô de São Paulo, com 74 quilômetros de linhas, Fagnani comparou a Santiago, no Chile, que tem 7 milhões de habitantes – pouco mais da metade da população da cidade de São Paulo – e o dobro de quilômetros de linhas, construindo 2,6 quilômetros por ano. "Esse é o quadro: em uma lista das 100 maiores metrópoles do mundo, o metrô de São Paulo e do Rio de Janeiro estão entre as dez piores situações no indicador quilômetro de linhas/habitante.” Em 2009, o indicador era 278 mil pessoas/km, enquanto na Cidade do México é de 94 mil e em Santiago, 55 mil.
Os números não mentem sobre a gravidade da superlotação do metrô paulistano: "Enquanto na capital paulista são 27 mil passageiros por quilômetro de linha, na Cidade do México, em Buenos Aires (Argentina) e em Santiago, os dados variam de 15 mil a 20 mil. O acadêmico lembra que os dados continuam válidos apesar de serem de 2009.

Política

Depois das manifestações de junho, a partir da reivindicação pela redução das tarifas do transporte público, governos municipais e estaduais em todo o país não apenas reduziram o preços das passagens como passaram a adotar medidas para acalmar os protestos.
Em decorrência das manifestações, em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciaram a redução das tarifas dia 19 de junho. Na semana passada, o governo Haddad começou a abrir e divulgar na internet as planilhas relativas à composição dos preços do sistema de transportes de São Paulo. No fim de junho, ele já havia anunciado a revogação da licitação para a renovação da concessão do sistema de ônibus e a criação de um conselho para discutir o tema e definir diretrizes.
Desde a redução Alckmin tem se esquivado dos temas transportes e transparência, e algumas questões continuam hoje (18) sem respostas, como estavam antes das manifestações. “Tentamos mais uma vez na elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014 (aprovada dia 3 na Assembleia Legislativa) fazer com que os investimentos do estado fossem feitos de forma regionalizada e descentralizada também por empresas, como o Metrô, para que tanto Orçamento quanto investimentos fossem detalhados para conhecimento público”, diz o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT) sobre a luta pela democratização do orçamento, que tem sido inglória no Legislativo paulista, dominado por ampla maioria tucano-governista há muitos anos.

Subsídios

Para Marcolino, com a falta de transparência da gestão dos transportes sob responsabilidade do estado (Metrô, CPTM e EMTU), algumas questões ficam sem respostas. Por exemplo: "Por que, ao contrário do que ocorre com o chamado transporte sobre rodas, o metrô não é subsidiado? A subvenção do sistema de ônibus em São Paulo será de aproximadamente R$ 1 bilhão este ano.
“O metrô já foi subsidiado no passado. No governo de Mário Covas (PSDB, 1995-2001), começou a gradativamente deixar de ser”, lembra o presidente da Federação Nacional dos Metroviários e secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Paulo Pasin.
Outra resposta que, segundo Marcolino, o governo paulista está devendo é por que a redução de energia elétrica, por iniciativa do governo federal, a desoneração de PIS e Cofins (em 3,5% do faturamento) e a alteração do cálculo  do INSS patronal (que passou de 20% da folha para entre 2% e 4% do faturamento) não foram acompanhadas pela redução das tarifas. Essa medida poderia, pelos mesmos motivos, segundo Pasin, ser adotada pelas empresas de ônibus municipais em São Paulo, exceto no caso da energia elétrica.
Para Marcolino, o governo do estado também poderia colaborar com medidas tributárias. “Se houvesse redução de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para insumos de transporte, como diesel, por exemplo, e outros itens que entram na composição da tarifa, a redução dos preços das passagens do metrô, da CPTM e da EMTU poderia ser até maior do que foi feito até agora.”
Segundo o deputado, se as planilhas se tornassem públicas essas dúvidas seriam esclarecidas. “Saberíamos como é a composição da tarifa. E saberíamos também por que, se a Linha 4-Amarela é terceirizada, ou seja, o trabalhador não é bancado pelo estado, e além disso não há o operador de trens, essa economia não é repassada à tarifa. Essas são perguntas para se fazer ao governador”, questiona.
A reportagem encaminhou questões sobre o tema transparência à Secretaria de Transportes Metropolitanos e ao Metrô, mas não obteve resposta.
“Quando se abrem esses dados de planilhas e custos, abre-se também um debate, para que possamos fazer comparações dos valores dos contratos de empresas com o estado, para saber se não há formação de cartel e pagamento de propina”, diz o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Jr. “Nunca houve explicação sobre as denúncias internacionais de pagamento de propina em relação à Alston, por exemplo. Esses contratos nos parecem muito nebulosos, não temos acesso às informações, quem são os beneficiados, quem não.”
Na semana passada, a multinacional alemã Siemens denunciou a autoridades antitruste brasileiras a formação de cartel em licitações referentes a linhas ferroviárias e metroviárias de São Paulo e Distrito Federal. O cartel envolveria multinacionais como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui, além da própria Siemens, que se comprometeu a colaborar com as investigações.
Sobre a questão da transparência e abertura de planilhas, o professor da Unicamp entende que, “a partir do momento em que você tem concessões privadas, a tendência é ter menor transparência mesmo. Não tem jeito.”
Porém, para Fagnani a chamada transparência deve ser relativizada. “O problema do transporte público não é planilha de tarifa. O problema é que nunca tivemos uma política nacional com gestão de transporte público compartilhada, entre os três níveis de governo nos últimos 60 anos. Essa questão precisa ser enfrentada”, afirma. “As manifestações recolocaram a pauta na agenda do país. Se a gente for discutir planilha de tarifa, vamos perder a oportunidade.”
*redebrasilatual

McDonald’s será a rede oficial do Papa Francisco no Brasil


Rede de fast food fecha acordo de exclusividade com a igreja para a Jornada Mundial da Juventude, que reunirá 2 milhões de pessoas no Rio


Vincenzo Pinto/AFP
Papa Francisco acena para a multidão no Vaticano em 24 de abril de 2013
Papa Francisco: ceia dos fieis contará com fritas e hambúrgeres do McDonadl's
São Paulo – O McDonald’s fechou um acordo com a Igreja Católica para ser o restaurante oficial da Jornada Mundial da Juventude, que espera reunir 2 milhões de pessoas no Rio, no próximo mês, para acompanhar a visita do Papa Francisco ao país.
A informação é da coluna Radar Online, de Veja. Segundo a coluna, os participantes do evento ganharão um cartão especial com o qual poderão comprar lanches no restaurante. A rede teria desenvolvido, até, um “combo do peregrino”, composto por sanduíche mais acompanhamentos.
A parceria de redes de fast food com grandes eventos é bastante comum. O próprio McDonald’s, no ano passado, chamou a atenção ao construir a maior loja da rede no mundo, para receber os turistas dos Jogos Olímpicos de Londres, capaz de receber 1.500 pessoas sentadas.
Para os críticos, o projeto era inadequado por associar lanches calóricos aos esportes. No caso da Jornada Mundial da Juventude, o jornalista Lauro Jardim, que assina a coluna de Veja, brinca dizendo que “no contrato assinado com a igreja, faltam apenas a absolvição do pecado da gula e a criação de uma McHóstia.” Resta saber se o Papa Francisco vai comungar com os fieis em uma mesa qualquer do restaurante.
*http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/mcdonalds-sera-a-rede-oficial-do-papa-francisco-no-brasil

Lula para Mandela

Lula
"Querido irmão Madiba,

É com enorme alegria e muita emoção que escrevo esta cartinha para cumprimentá-lo por seus 95 anos. Estou seguro de que não o faço apenas em meu nome, mas também dos milhões e milhões de brasileiros que tanto o admiram.

Desde que nos conhecemos em Cuba, mais de vinte anos atrás, cada reencontro com você foi uma nova lição de humildade e de comprometimento com a sorte dos famintos, dos desfavorecidos, dos perseguidos, dos silenciados.".

Leia a carta completa que Lula enviou a Nelson Mandela em comemoração aos 95 anos que ele completa hoje: http://bit.ly/15ONkPN

E você, o que deseja ao grande Nelson Mandela neste dia especial?

Os herdeiros da casa grande Bob Fernandes


Tensão à vista



Hildegard Angel, jornalista e blogueira, fez um alerta na manhã desta quarta-feira que se concretizou à noite. A mídia conseguiu insuflar um ódio tão grande na classe média que seus filhos agora decidiram quebrar tudo. Manifestações se converteram em catarses de ódio e destruição. Se o povo for contaminado por essa onda de violência, o país poderá viver um período de quase guerra civil. Acho que vale a pena ouvir a opinião de Angel, que é uma pessoa sensata e profundamente preocupada com o bem estar do povo brasileiro.

‘PRIMAVERA À BRASILEIRA’: RADICALISMO SEM CONTROLE E, ORGANIZADOS, APENAS O CRIME E OS PENTECOSTAIS

O que me impressionou não foi o índice alto de acessos à crônica publicada aqui sobre o casamento “Bastilha” no Copacabana Palace, mas a reação raivosa, odienta, sangue na boca, de tantos e tantos que se manifestaram e ainda se manifestam.

Isso só fez reforçar minha convicção de que o momento é extremamente grave, e precisamos disso ter consciência. O radicalismo toma conta do país. Digo mais: estamos às vésperas de entrar numa guerra civil.

Fomentado pela grande mídia, o ódio da classe média manifesta-se nas mídias sociais, nas ruas, nas cartas aos jornais, nos bares, nas conversas.

Num projeto golpista, temendo a continuidade do governo PT, uma mídia irresponsável, inconsequente, com sua curta visão, fez sua audiência acreditar que todos os males crônicos do Brasil advêm da era Lula.

Corrupção, crise hospitalar, deficiência do ensino, do saneamento, mazelas que somam pelo menos cinco décadas de omissões em gestões sucessivas, se é que podemos chamá-las de “gestões”, são debitadas aos governos petistas, justamente aqueles que apresentaram e apresentam os melhores resultados no desenvolvimento econômico, na política externa, na qualidade de vida, na justiça social, no reconhecimento internacional, na distribuição de renda e em inúmeros outros méritos.

Tanto fizeram, tanto insistiram, numa campanha de tal forma poderosa, insidiosa, obsessiva, continuada, que conseguiram chegar ao cenário que pretendiam: o país desmoralizado internacionalmente, a presidenta impopular, a economia em queda, manifestações nas ruas.

Cegos, imprevidentes, imprudentes, os donos desta mídia, os membros desta sigla, PIG – de Partido da Imprensa Golpista – acabam por dar o Golpe neles próprios, pois a primeira vítima é ela mesma, a mídia, que acendeu o fósforo, mas quem jogou a gasolina foi o Facebook, foi o Google. Só então a grande e forte mídia brasileira percebeu o quão é pequena e frágil, uma formiguinha, perto das redes sociais.

E deu no que deu: para cobrir as manifestações, só com os repórteres no alto dos prédios, dialogando com os cinegrafistas no alto dos helicópteros. Se chegassem às ruas, eram escorraçados, enxovalhados, linchados. Os microfones, pelados: não podiam exibir logomarca de emissora.

Daí que essa campanha que agora vemos em grandes jornais e redes de TV contra a espionagem americana não é por nacionalismo, é por interesses econômicos. Nossos big shots das comunicações abriram, enfim, os olhos e se deram conta de que o Google já fatura 50 bi contra 120 bi da mídia mundial. É uma fatia muito grande, não?

Porém, o leite derramado está: como frear esse ódio, essa sede incontrolável de vingança contra os ricos, e de modo indiscriminado, em que o joio é misturado ao trigo? Corruptos aos íntegros? Tudo junto e misturado: dinheiro ganho por debaixo dos panos sujos e dinheiro conquistado sob o lenço encharcado do suor do trabalho? Quem vai conseguir puxar esse freio?

Na hora da raiva generalizada, a riqueza dos outros é toda igual. Com o ódio vem o ressentimento das classes, das diferenças, da inveja, da ganância do bem do próximo. É o vale tudo de rua contra rua, bairro contra bairro, vizinho contra vizinho, parente contra parente, irmão contra irmão.

E quando essa ira da classe média se alastrar até os pobres, os muito pobres, os miseráveis, os iletrados, quem vai conduzi-los? Quem tem liderança, neste momento, em nosso país? Quem são nossas lideranças?

Os movimentos nas ruas já mostraram que não há quem os guie. As centrais sindicais convocaram greve geral e foi um fiasco. Não lideram mais. Os movimentos estudantis, igual. Acomodaram-se nestes 10 anos de ante sala do poder. O PT, nem se fala, bem como os partidos aliados do governo. Acostumados a ser oposição desde sua origem, desmobilizaram suas “massas” e não as entusiasmam mais com a mesma intensidade e velocidade de antes.

Os partidos de oposição, DEM, tucanos e correlatos, de elite, não têm liderança popular, nem sabem ter. Botam na rua, se muito, alguns gatos pingados. Agem na base da intriga dos punhos de renda, dos corredores, cochichando coisas nos ouvidos e nos IPhones dos editores de revistas e colunistas de jornais. Não são povo.

As únicas lideranças com poder de mobilização no país na atualidade são: 1) O Crime Organizado.; 2) As Seitas Pentecostais (Igrejas Evangélicas). Escolha seu líder…
O Crime Organizado já disse a que veio nas manifestações. São as milícias que vandalizam, a Polícia Federal já identificou. Há vídeo de policiais trocando as fardas por roupa de civis para em seguida se misturarem às passeatas. Na agitação com coquetel Molotov em frente do Maracanã, no dia do jogo da Copa das Confederações, o grupo era de milicianos, a Polícia apurou.

Com o povo nas ruas, as milícias no Rio de Janeiro retomaram sua força perdida, se reorganizaram. A ausência do secretário Beltrame neste processo de retomar o controle da situação está sendo vista, pelos observadores, como sua recusa de participar de qualquer tipo de “acordo” com essa turma para restabelecer a “ordem”.

Um retrocesso. É isso que a grande mídia do golpe conseguiu produzir para o país. O PIG. Manipulando a atração juvenil pelas ruas. Incensando, insuflando o ódio da classe média contra a classe operária, contra o analfabetismo dos “lulas”. Projetando uma imagem desfocada da realidade nacional, ao atribuir aos governos do PT as mazelas absolutas e a exclusividade da corrupção no país desde o seu Descobrimento.

O PIG atirou no próprio pé. Se a palavra, em inglês, não significasse Porco, eu o chamaria de Burro.

Por tudo, recomendo muita calma. Sugiro cautela. Bom senso, cabeça fria. O momento é tenso. Estamos às vésperas de o povo, o povão verdadeiro, embarcar nessa onda revoltosa, podendo se transformar numa Tsunami avassaladora, levando tudo e todos de roldão.

Para o Dia 7 de Setembro, está sendo convocada, com estardalhaço, grande manifestação nacional. Vão tentar uma “Primavera à Brasileira”. Depois disso, tudo poderá acontecer

* Blog Justiceira de Esquerda

Ateus são pessoas revoltadas?!?!


*CarlosMaia