Hildegard Angel, jornalista e blogueira, fez um alerta na manhã desta
quarta-feira que se concretizou à noite. A mídia conseguiu insuflar um
ódio tão grande na classe média que seus filhos agora decidiram quebrar
tudo. Manifestações se converteram em catarses de ódio e destruição. Se o
povo for contaminado por essa onda de violência, o país poderá viver um
período de quase guerra civil. Acho que vale a pena ouvir a opinião de
Angel, que é uma pessoa sensata e profundamente preocupada com o bem
estar do povo brasileiro.
‘PRIMAVERA À BRASILEIRA’: RADICALISMO SEM CONTROLE E, ORGANIZADOS, APENAS O CRIME E OS PENTECOSTAIS
O que me impressionou não foi o índice alto de acessos à crônica
publicada aqui sobre o casamento “Bastilha” no Copacabana Palace, mas a
reação raivosa, odienta, sangue na boca, de tantos e tantos que se
manifestaram e ainda se manifestam.
Isso só fez reforçar minha convicção de que o momento é extremamente
grave, e precisamos disso ter consciência. O radicalismo toma conta do
país. Digo mais: estamos às vésperas de entrar numa guerra civil.
Fomentado pela grande mídia, o ódio da classe média manifesta-se nas
mídias sociais, nas ruas, nas cartas aos jornais, nos bares, nas
conversas.
Num projeto golpista, temendo a continuidade do governo PT, uma mídia
irresponsável, inconsequente, com sua curta visão, fez sua audiência
acreditar que todos os males crônicos do Brasil advêm da era Lula.
Corrupção, crise hospitalar, deficiência do ensino, do saneamento,
mazelas que somam pelo menos cinco décadas de omissões em gestões
sucessivas, se é que podemos chamá-las de “gestões”, são debitadas aos
governos petistas, justamente aqueles que apresentaram e apresentam os
melhores resultados no desenvolvimento econômico, na política externa,
na qualidade de vida, na justiça social, no reconhecimento
internacional, na distribuição de renda e em inúmeros outros méritos.
Tanto fizeram, tanto insistiram, numa campanha de tal forma poderosa,
insidiosa, obsessiva, continuada, que conseguiram chegar ao cenário que
pretendiam: o país desmoralizado internacionalmente, a presidenta
impopular, a economia em queda, manifestações nas ruas.
Cegos, imprevidentes, imprudentes, os donos desta mídia, os membros
desta sigla, PIG – de Partido da Imprensa Golpista – acabam por dar o
Golpe neles próprios, pois a primeira vítima é ela mesma, a mídia, que
acendeu o fósforo, mas quem jogou a gasolina foi o Facebook, foi o
Google. Só então a grande e forte mídia brasileira percebeu o quão é
pequena e frágil, uma formiguinha, perto das redes sociais.
E deu no que deu: para cobrir as manifestações, só com os repórteres no
alto dos prédios, dialogando com os cinegrafistas no alto dos
helicópteros. Se chegassem às ruas, eram escorraçados, enxovalhados,
linchados. Os microfones, pelados: não podiam exibir logomarca de
emissora.
Daí que essa campanha que agora vemos em grandes jornais e redes de TV
contra a espionagem americana não é por nacionalismo, é por interesses
econômicos. Nossos big shots das comunicações abriram, enfim, os olhos e
se deram conta de que o Google já fatura 50 bi contra 120 bi da mídia
mundial. É uma fatia muito grande, não?
Porém, o leite derramado está: como frear esse ódio, essa sede
incontrolável de vingança contra os ricos, e de modo indiscriminado, em
que o joio é misturado ao trigo? Corruptos aos íntegros? Tudo junto e
misturado: dinheiro ganho por debaixo dos panos sujos e dinheiro
conquistado sob o lenço encharcado do suor do trabalho? Quem vai
conseguir puxar esse freio?
Na hora da raiva generalizada, a riqueza dos outros é toda igual. Com o
ódio vem o ressentimento das classes, das diferenças, da inveja, da
ganância do bem do próximo. É o vale tudo de rua contra rua, bairro
contra bairro, vizinho contra vizinho, parente contra parente, irmão
contra irmão.
E quando essa ira da classe média se alastrar até os pobres, os muito
pobres, os miseráveis, os iletrados, quem vai conduzi-los? Quem tem
liderança, neste momento, em nosso país? Quem são nossas lideranças?
Os movimentos nas ruas já mostraram que não há quem os guie. As centrais
sindicais convocaram greve geral e foi um fiasco. Não lideram mais. Os
movimentos estudantis, igual. Acomodaram-se nestes 10 anos de ante sala
do poder. O PT, nem se fala, bem como os partidos aliados do governo.
Acostumados a ser oposição desde sua origem, desmobilizaram suas
“massas” e não as entusiasmam mais com a mesma intensidade e velocidade
de antes.
Os partidos de oposição, DEM, tucanos e correlatos, de elite, não têm
liderança popular, nem sabem ter. Botam na rua, se muito, alguns gatos
pingados. Agem na base da intriga dos punhos de renda, dos corredores,
cochichando coisas nos ouvidos e nos IPhones dos editores de revistas e
colunistas de jornais. Não são povo.
As únicas lideranças com poder de mobilização no país na atualidade são:
1) O Crime Organizado.; 2) As Seitas Pentecostais (Igrejas
Evangélicas). Escolha seu líder…
O Crime Organizado já disse a que veio nas manifestações. São as
milícias que vandalizam, a Polícia Federal já identificou. Há vídeo de
policiais trocando as fardas por roupa de civis para em seguida se
misturarem às passeatas. Na agitação com coquetel Molotov em frente do
Maracanã, no dia do jogo da Copa das Confederações, o grupo era de
milicianos, a Polícia apurou.
Com o povo nas ruas, as milícias no Rio de Janeiro retomaram sua força
perdida, se reorganizaram. A ausência do secretário Beltrame neste
processo de retomar o controle da situação está sendo vista, pelos
observadores, como sua recusa de participar de qualquer tipo de “acordo”
com essa turma para restabelecer a “ordem”.
Um retrocesso. É isso que a grande mídia do golpe conseguiu produzir
para o país. O PIG. Manipulando a atração juvenil pelas ruas.
Incensando, insuflando o ódio da classe média contra a classe operária,
contra o analfabetismo dos “lulas”. Projetando uma imagem desfocada da
realidade nacional, ao atribuir aos governos do PT as mazelas absolutas e
a exclusividade da corrupção no país desde o seu Descobrimento.
O PIG atirou no próprio pé. Se a palavra, em inglês, não significasse Porco, eu o chamaria de Burro.
Por tudo, recomendo muita calma. Sugiro cautela. Bom senso, cabeça fria.
O momento é tenso. Estamos às vésperas de o povo, o povão verdadeiro,
embarcar nessa onda revoltosa, podendo se transformar numa Tsunami
avassaladora, levando tudo e todos de roldão.
Para o Dia 7 de Setembro, está sendo convocada, com estardalhaço, grande
manifestação nacional. Vão tentar uma “Primavera à Brasileira”. Depois
disso, tudo poderá acontecer
* Blog Justiceira de Esquerda
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