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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 18, 2013

Tensão à vista



Hildegard Angel, jornalista e blogueira, fez um alerta na manhã desta quarta-feira que se concretizou à noite. A mídia conseguiu insuflar um ódio tão grande na classe média que seus filhos agora decidiram quebrar tudo. Manifestações se converteram em catarses de ódio e destruição. Se o povo for contaminado por essa onda de violência, o país poderá viver um período de quase guerra civil. Acho que vale a pena ouvir a opinião de Angel, que é uma pessoa sensata e profundamente preocupada com o bem estar do povo brasileiro.

‘PRIMAVERA À BRASILEIRA’: RADICALISMO SEM CONTROLE E, ORGANIZADOS, APENAS O CRIME E OS PENTECOSTAIS

O que me impressionou não foi o índice alto de acessos à crônica publicada aqui sobre o casamento “Bastilha” no Copacabana Palace, mas a reação raivosa, odienta, sangue na boca, de tantos e tantos que se manifestaram e ainda se manifestam.

Isso só fez reforçar minha convicção de que o momento é extremamente grave, e precisamos disso ter consciência. O radicalismo toma conta do país. Digo mais: estamos às vésperas de entrar numa guerra civil.

Fomentado pela grande mídia, o ódio da classe média manifesta-se nas mídias sociais, nas ruas, nas cartas aos jornais, nos bares, nas conversas.

Num projeto golpista, temendo a continuidade do governo PT, uma mídia irresponsável, inconsequente, com sua curta visão, fez sua audiência acreditar que todos os males crônicos do Brasil advêm da era Lula.

Corrupção, crise hospitalar, deficiência do ensino, do saneamento, mazelas que somam pelo menos cinco décadas de omissões em gestões sucessivas, se é que podemos chamá-las de “gestões”, são debitadas aos governos petistas, justamente aqueles que apresentaram e apresentam os melhores resultados no desenvolvimento econômico, na política externa, na qualidade de vida, na justiça social, no reconhecimento internacional, na distribuição de renda e em inúmeros outros méritos.

Tanto fizeram, tanto insistiram, numa campanha de tal forma poderosa, insidiosa, obsessiva, continuada, que conseguiram chegar ao cenário que pretendiam: o país desmoralizado internacionalmente, a presidenta impopular, a economia em queda, manifestações nas ruas.

Cegos, imprevidentes, imprudentes, os donos desta mídia, os membros desta sigla, PIG – de Partido da Imprensa Golpista – acabam por dar o Golpe neles próprios, pois a primeira vítima é ela mesma, a mídia, que acendeu o fósforo, mas quem jogou a gasolina foi o Facebook, foi o Google. Só então a grande e forte mídia brasileira percebeu o quão é pequena e frágil, uma formiguinha, perto das redes sociais.

E deu no que deu: para cobrir as manifestações, só com os repórteres no alto dos prédios, dialogando com os cinegrafistas no alto dos helicópteros. Se chegassem às ruas, eram escorraçados, enxovalhados, linchados. Os microfones, pelados: não podiam exibir logomarca de emissora.

Daí que essa campanha que agora vemos em grandes jornais e redes de TV contra a espionagem americana não é por nacionalismo, é por interesses econômicos. Nossos big shots das comunicações abriram, enfim, os olhos e se deram conta de que o Google já fatura 50 bi contra 120 bi da mídia mundial. É uma fatia muito grande, não?

Porém, o leite derramado está: como frear esse ódio, essa sede incontrolável de vingança contra os ricos, e de modo indiscriminado, em que o joio é misturado ao trigo? Corruptos aos íntegros? Tudo junto e misturado: dinheiro ganho por debaixo dos panos sujos e dinheiro conquistado sob o lenço encharcado do suor do trabalho? Quem vai conseguir puxar esse freio?

Na hora da raiva generalizada, a riqueza dos outros é toda igual. Com o ódio vem o ressentimento das classes, das diferenças, da inveja, da ganância do bem do próximo. É o vale tudo de rua contra rua, bairro contra bairro, vizinho contra vizinho, parente contra parente, irmão contra irmão.

E quando essa ira da classe média se alastrar até os pobres, os muito pobres, os miseráveis, os iletrados, quem vai conduzi-los? Quem tem liderança, neste momento, em nosso país? Quem são nossas lideranças?

Os movimentos nas ruas já mostraram que não há quem os guie. As centrais sindicais convocaram greve geral e foi um fiasco. Não lideram mais. Os movimentos estudantis, igual. Acomodaram-se nestes 10 anos de ante sala do poder. O PT, nem se fala, bem como os partidos aliados do governo. Acostumados a ser oposição desde sua origem, desmobilizaram suas “massas” e não as entusiasmam mais com a mesma intensidade e velocidade de antes.

Os partidos de oposição, DEM, tucanos e correlatos, de elite, não têm liderança popular, nem sabem ter. Botam na rua, se muito, alguns gatos pingados. Agem na base da intriga dos punhos de renda, dos corredores, cochichando coisas nos ouvidos e nos IPhones dos editores de revistas e colunistas de jornais. Não são povo.

As únicas lideranças com poder de mobilização no país na atualidade são: 1) O Crime Organizado.; 2) As Seitas Pentecostais (Igrejas Evangélicas). Escolha seu líder…
O Crime Organizado já disse a que veio nas manifestações. São as milícias que vandalizam, a Polícia Federal já identificou. Há vídeo de policiais trocando as fardas por roupa de civis para em seguida se misturarem às passeatas. Na agitação com coquetel Molotov em frente do Maracanã, no dia do jogo da Copa das Confederações, o grupo era de milicianos, a Polícia apurou.

Com o povo nas ruas, as milícias no Rio de Janeiro retomaram sua força perdida, se reorganizaram. A ausência do secretário Beltrame neste processo de retomar o controle da situação está sendo vista, pelos observadores, como sua recusa de participar de qualquer tipo de “acordo” com essa turma para restabelecer a “ordem”.

Um retrocesso. É isso que a grande mídia do golpe conseguiu produzir para o país. O PIG. Manipulando a atração juvenil pelas ruas. Incensando, insuflando o ódio da classe média contra a classe operária, contra o analfabetismo dos “lulas”. Projetando uma imagem desfocada da realidade nacional, ao atribuir aos governos do PT as mazelas absolutas e a exclusividade da corrupção no país desde o seu Descobrimento.

O PIG atirou no próprio pé. Se a palavra, em inglês, não significasse Porco, eu o chamaria de Burro.

Por tudo, recomendo muita calma. Sugiro cautela. Bom senso, cabeça fria. O momento é tenso. Estamos às vésperas de o povo, o povão verdadeiro, embarcar nessa onda revoltosa, podendo se transformar numa Tsunami avassaladora, levando tudo e todos de roldão.

Para o Dia 7 de Setembro, está sendo convocada, com estardalhaço, grande manifestação nacional. Vão tentar uma “Primavera à Brasileira”. Depois disso, tudo poderá acontecer

* Blog Justiceira de Esquerda

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