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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 27, 2013

Enquanto isso, no continente "civilizado": Integrantes de partido de extrema-direita jogaram bananas em ministra




Italian Minister for Integration Cecile Kyenge
Ministra da Integração italiana é vítima de novo ato de racismo
Ópera Mundi
Integrantes de partido de extrema-direita jogaram bananas em Cécile Kyenge durante discurso
A ministra da Integração da Itália, Cécile Kyenge, de origem congolesa, foi vítima na última sexta-feira (26/07) de novo ato de racismo ao ser atingida por duas bananas lançadas por militantes do movimento Força Nova, de extrema-direita, enquanto discursava para aliados políticos.

A agressão ocorreu em uma festa do PD (Partido Democrata, centro-esquerda), o mesmo do primeiro-ministro Enrico Letta, na cidade de Cervia, no nordeste do país, informou neste sábado a imprensa italiana.

Um dos militantes extremistas lançou duas bananas em direção ao palco em que a ministra discursava, embora sem atingi-la fisicamente.

Sem dar importância ao gesto, Cécile usou o Twitter para comentar o ato. "Com tantas pessoas morrendo de fome por causa da crise é triste desperdiçar comida assim", afirmou a ministra na mensagem divulgada por sua equipe assistente, a qual confirmou o ocorrido.

"Havia um grupinho de opositores, mas ninguém viu. Saíram logo em seguida. A ministra não comentou o episódio de modo particular porque é uma pessoa educada", afirmou os jornalistas Paola de Micheli, do PD, que estava presente no momento do ato.

Um dia antes, na quinta-feira, no mesmo local da festa do PD, militantes da Força Nova também colocaram três bonecos sujos com tinta, que simulava ser sangue, ao lado de panfletos contra o plano do governo italiano de conceder nacionalidade aos filhos de imigrantes nascidos na Itália. Segundo os militantes da extrema direita, "a imigração mata".

O lançamento de bananas se soma aos últimos episódios ofensivos dos quais a ministra italiana já foi vítima. Anteriormente, no último dia 13, ela já havia sido comparada a um orangotango pelo vice-presidente do Senado, Roberto Calderoli, da separatista Liga Norte. Dias depois, a ex-conselheira da Liga Norte, Dolores Valandro, sugeriu que ela deveria ser estuprada – o qual valeu a expulsão do partido além de uma condenação de 13 meses de prisão e três anos de inabilitação por instigar atos de violência sexual por motivos raciais.

*Mariadapenheneles

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