Programas oficiais como
Bolsa-família, Enem e Mais Médicos, o regime de pleno emprego e o
controle da inflação já foram, um a um, dinamitados, antecipadamente,
pela mídia tradicional; ao que se pode ler nos últimos meses em
revistas como Veja, Exame e Época, fracasso de todas as principais
iniciativas do governo Dilma, sem exceção, era líquido e certo; na vida
real, porém, quadro é outro: inflação de junho foi de 0,07%, Mais
Médicos bateu metas, Enem superou recordes, Bolsa-família é copiado
mundialmente e estádios que Veja previu para 2038 já foram entregues e
estão em uso; até aposta em que se cantaria o Hino Nacional de costas,
na Copa das Confederações, deu errado, assim como a do apagão de
energia; mídia vai se emendar?
Um a um, todos os principais programas
lançados pela presidente Dilma Rousseff foram dinamitados, desde logo e
sem piedade, pela imprensa tradicional. A vida real, no entanto,
mostrou, com o tempo, que todas, repita-se, to-das as sinistras
previsões multiplicadas pela mídia não pagaram as apostas. Em outras
palavras, o escrito não valeu. Acompanhe:
INFLAÇÃO DISPARADA
O terrorismo midiático com forte viés
ideológico previu, no início do ano, uma disparada sem freios da
inflação, com uma capa da revista Veja, em janeiro, mostrando Dilma, em
montagem grosseira, pisando no tomate. Na Rede Globo, Ana Maria Braga,
quem não se lembra?, exibiu um colar em que os legumes vermelhos
faziam as vezes de pérolas. Em junho, no entanto, a variação do Índice
de Preços aos Consumidor (IPC) foi de ínfimos 0,07% e, para julho,
todas as previsões convergem para uma deflação. Até o presidenciável
José Serra, em teleconferência esta semana, admitiu que o índice
inflacionário fechará o ano dentro da meta prevista pelo BC. O assunto,
assim, saiu da pauta.
APAGÃO ENERGÉTICO
Antes da aposta na alta dos preços, não
houve noticiário de jornal ou colunista que não tivesse cravado, na
virada do ano, um iminente apagão de energia elétrica no País. Nesse
campo, a ênfase mais especial partiu no jornal Folha de S. Paulo e sua
articulista Eliane Cantanhêde. As defesas feitas pela presidente em
pessoa e o ministro Edson Lobão, das Minas e Energia, foram ironizadas e
desprezadas.
LUZ MAIS CARA
O propalado colapso no sistema de
energia, porém, não se deu, e o Brasil continuou com suas luzes acesas,
apesar do obscurantismo da mídia tradicional. Mais ainda, o igualmente
combatido plano federal de barateamento das contas de luz para todos
os consumidores do País, indiscriminadamente, por meio de subsídios
oficiais, deu certo – e, hoje, o que se paga pela energia é mais de 10%
menos do que o custo no início do ano.
FRACASSO DO ENEM
A aposta pelo caos energético foi
sucedida, este ano, pela cravada geral na imprensa de que o Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) seria um retumbante fracasso. Desta
feita, foi o jornal O Estado de S. Paulo quem mais aplicadamente bateu o
bumbo da derrota governamental. O que se viu quando foram contadas
oficialmente as inscrições do Enem de 2013, entretanto, foi um recorde
espetacular, com mais de 7,8 milhões de adesões espontâneas da classe
estudantil. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, outro que não
encontrava repercussão para suas previsões de sucesso, acertara em
cheio.
BOLSA-FAMÍLIA INÚTIL
Hoje um sucesso mundial, exportado para
diferentes países, o Bolsa-Família, dinamizado no atual governo, que o
levou para mais de 10 milhões de lares no País, foi ironizado,
escrachado e combatido de todas as formas. O fato, gostem os barões da
mídia ou não, é que ele sobreviveu, proliferou e modernizou-se com o
passar dos anos, tornando-se o ponto de alavancagem para que 40 milhões
de brasileiros, nos últimos anos, superassem sua situação de pobreza
extrema.
MAIS MÉDICOS DERROTADO
Nesta sexta-feira 26, quando o programa
Mais Médicos, que visa situar profissionais de Medicina nos rincões do
Brasil, com salários de até R$ 10 mil para os que aceitarem o desafio,
encerrou suas inscrições, mais do mesmo. Atacado por todos os flancos, o
Mais Médicos obteve 18,4 mil inscrições de interessados em participar,
além da adesão de mais de 3,5 mil municípios, ou 63% do total das
cidades brasileiras. Um sucesso que a mídia tradicional, outra vez, não
apenas não soube adiantar ao público, como o colocou no rumo errado de
que, assim como os já citados anteriormente aqui, não haveria chance
de dar certo. O problema, sobre esse noticiário, é que a primeira etapa
do programa superou, sim, até as previsões mais otimistas – e o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pode respirar aliviado.
DESEMPREGO GALOPANTE
Para usar a expressão repetida pelo papa
Francisco, a mídia tradicional, agora, "bota fé" na escalada de
desemprego, depois que os dados de junho mostraram, pela primeira vez
desde 2009, uma interrupção no crescimento do mercado de trabalho. O
ministro Guido Mantega, da Fazenda, que, de resto, já foi retirado de
seu cargo diversas vezes no noticiário recente, não apenas está lá,
como garantindo que o derrotismo espalhado pelos jornais não irá
triunfar. Ele assegurou que todos os indicadores do governo apontam
para a manutenção da taxa de desemprego em torno do nível atual de 6%
até o final do ano – e, como das vezes anteriores, suas palavras são
questionadas fortemente, como se, ao mesmo desta vez, e num ponto
estratégico para o governo, a mídia queria receber o prêmio de sua
aposta.
ESTÁDIOS PARA 2038
Num cúmulo de erro matemático, só
explicado pela distorção ideológica produtora de parcialidade, a
revista Veja, carro-chefe da Editora Abril, chegou a assegurar em uma
de suas capas de 2012 que os novos estádios de futebol planejados para a
Copa do Mundo só ficariam prontos, isso mesmo, em 2038! Hoje, à parte a
discussão sobre custos e fiscalização no emprego de recursos, o que se
sabe, a olhos vistos, é que todos os estádios prometidos, sem exceção,
ou já estão prontos, e em pleno funcionamento, ou em vias de serem
entregues. Um dos antecessores do papa Francisco já admitiu que nem
mais os papas são infalíveis, mas Veja, apesar de todos os seus erros
mal intencionados, continua vendendo a sua infalibilidade. Mas quem
acredita ainda nisso?
HINO NACIONAL DE COSTAS
O jogo de 'quanto pior, melhor'
praticado pela imprensa, que no passado tinha a imparcialidade como um
de seus dogmas, levou a mídia a vender ao público a certeza de que o
público que lotou a Arena Fonte Nova, na Bahia, para ver a estréia do
Brasil contra o Japão, na Copa das Confederações, em junho, iria cantar
o Hino Nacional de costas para o campo. O que houve na real, no
entanto, foram mais de 40 mil pessoas emocionando os jogadores em campo
com suas vozes a plenos pulmões, mão no peito, respeitando o símbolo
nacional em todos os seus versos. De frente e com a cabeça erguida. De
quebra, a desacreditada, pela mesma mídia, Seleção Brasileira de
Futebol, venceu de forma invicta e espetacular o torneio – levando
dezenas de jornalistas-torcedores a rasgarem suas inúteis apostas na
derrota.
ACREDITE SE QUISER
Jogando em previsões sinistras e, ao
não vê-las se realizarem, perdendo verticalmente em credibilidade, a
mídia tradicional, nos dois últimos anos, está muito mais confundindo
os leitores do que informando-os sobre o que, de fato, está
acontecendo. Fosse de outra forma, os casos registrados acima não
poderia ser narrados. Mas podem, porque verdadeiros.
Uma previsão séria, diante desse quadro
passado, é a de que, sem a menor dúvida, a mídia que insistir na
leitura da realidade pelo caleidoscópio da ideologia irá continuar, cada
vez mais, confundindo e desinformando. Acredita quem quiser no que lá
está escrito.
No 247
*comtextolivre
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