Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 22, 2013

Afinal, com tantas denúncias, a isenção, o desinteresse e a imparcialidade de Joaquim Barbosa no julgamento da Ação Penal 470 ficaram seriamente comprometidos

*O Pensador da Aldeia :

Escândalos envolvendo Joaquim Barbosa colocam em xeque a moralidade e até a legitimidade do julgamento do "Mensalão" 







por Paulo Jonas de Lima Piva



Não param de pipocar denúncias contra o juiz do STF Joaquim Barbosa, o principal personagem do julgamento da Ação Penal 470, vulgo "Mensalão", que condenou à prisão, entre outros, os líderes petistas José Dirceu e José Genoíno. Com tantas notícias negativas nas redes sociais e na blogosfera, a imagem de herói de Joaquim Barbosa, alimentada indisfarçavelmente pela revista Veja, agoniza.



Em contrapartida, o questionamento da lisura do resultado implacável do julgamento do "Mensalão" ganha força. Tal avalanche de denúncias contra Barbosa somada às circunstâncias em que o julgamento se deu - isto é, em plena campanha eleitoral de 2012 e com uma cobertura sensacionalista e inquisitorial da grande mídia ptofóbica -  atingem em cheio a moralidade e, em última instância, até a legitimidade, das sentenças dadas contra Dirceu e Genoíno, fazendo valer a tese de que o julgamento do "Mensalão" foi sim um julgamento político, com o objetivo maior de destruir o PT, o principal partido da esquerda brasileira, por meio da desmoralização e do aniquilamento político de duas das suas lideranças mais emblemáticas. À luz de tantas denúncias contra Joaquim Barbosa, com todo o apoio midiático que ele teve durante o julgamento, o "Mensalão" como uma farsa jurídica e midiática, como um golpe político da pior direita, é uma tese que precisa voltar aos debates para se evitar uma grande injustiça. Afinal, com tantas denúncias, a isenção, o desinteresse e a imparcialidade de Joaquim Barbosa no julgamento da Ação Penal 470 ficaram seriamente comprometidos.

 

Sócio de offshore, Barbosa viola Estatuto do Servidor

Nenhum comentário:

Postar um comentário