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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 30, 2013

Veredicto contra Manning é alvo de críticas geral

O veredicto contra o soldado norte-americano Bradley Manning é um ato de "extremismo" do governo dos Estados Unidos, denunciou nesta terça-feira o site dedicado ao vazamento de informações secretas WikiLeaks.
Trata-se de um "perigoso extremismo de segurança nacional do governo" de Barack Obama, dizia uma mensagem publicada na conta do WikiLeaks no microblog Twitter pouco depois da divulgação do veredicto.

A União Pelas Liberdades Civis Americanas (ACLU, na sigla em inglês), por sua vez, acusou o governo de, com a condenação, "tentar intimidar qualquer um que eventualmente possa pensar em revelar informações valiosas no futuro".

A Anistia Internacional (AI) criticou o que vê como uma distorção das prioridades de Washington. "As prioridades do governo estão de cabeça para baixo. O governo dos EUA recusou-se a investigar denúncias críveis de tortura e outros crimes apesar da existência de evidências sólidas. Ao mesmo tempo, decidiu processar Manning, que aparentemente tentava fazer a coisa certa: revelar evidências dignas de crédito de comportamento ilegal por parte do governo."

Por sua vez, o jornalista Glenn Greenwald, que publicou recentemente os segredos divulgados pelo ex-agente norte-americano Edward Snowden, considerou o fato de Manning ter sido absolvido da acusação de "ajuda ao inimigo" como "uma pequena dose de justiça".

Já os deputados Mike Rogers e Dutch Ruppersberger emitiram nota conjunta na qual afirmam que "hoje a justiça foi feita". Segundo eles, "Manning prejudicou a segurança nacional, violou a confiança do público e agora é culpado de múltiplos e sérios crimes".

Hoje, a justiça militar dos EUA considerou Bradley Manning culpado de uma série de crimes a ele atribuídos no âmbito do vazamento de segredos do país à plataforma digital WikiLeaks, mas o absolveu da denúncia de "ajuda ao inimigo", a mais grave das 21 acusações que pesavam contra ele.

Se fosse considerado culpado de "ajuda ao inimigo", Manning poderia ser condenado a pena máxima de prisão perpétua sem direito a liberdade condicional.

Apesar de ter sido absolvido dessa acusação, Manning foi declarado culpado de acusações de "roubo", "espionagem", fraude informática e outras infrações enquadradas no código militar. Somadas, essas condenações podem resultar em pena de até 128 anos de reclusão. A expectativa é de que sentença de Manning comece a ser divulgada amanhã.
 


 Fonte: Associated Press.
*militânciaviva

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