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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 27, 2013

Por que a Globo capturou o Papa A Globo é a elite. E a Igreja está dentro dela(s)

Por que a Globo
capturou o Papa

A Globo é a elite. E a Igreja está dentro dela(s)
O Bonner vai espargir essência de rosas no cenário, logo antes do jornal nacional.

Os homossexuais serão banidos da novela das oito.

O Boninho vai exigir recolocação do hímen das participantes do BBB, se necessário.

No refeitório está proibido servir cabelo de anjo.

O Na Moral do Bial vai substituir o tema da legalização da maconha por “as virtudes da monogamia” – com o mesmo entrevistado, o FHC.

As assistentes de palco do Faustão passarão a trajar o vestido da Cassia Kiss num dos Passos da Paixão.

As “meninas do Jô” terão que se confessar a ele, de público.

E um dos filhos do Roberto Marinho – talvez o primogênito – se recolherá, para sempre, a um convento em Capri.

Todas essas considerações se devem ao fenômeno da cobertura da Globo à visita do Papa.

Nem a TV do Vaticano seria capaz de tal proeza.

A Globo chegou ao extremo de dedicar ao Papa o mesmo tratamento que dedicou à doença infantil do transportismo, de forma a transformar o movimento numa tentativa de Golpe de Estado .

Por que a Globo chegou a essa devoção avassaladora ?

Horas e horas de cobertura, sem encaixe comercial.

Dedicação exclusiva dos telejornais (sic).

O que deu na Globo ?

Converteu-se à Virtude ?

Botou Fé no Papa ?

E logo agora que é cercada pela Receita Federal e pelo ECAD ?

Aqui vão algumas explicações que não se comparam às dos “analistas do Papa” que a Globo exibiu nessa Olimpíada Papalina.

Não eram tantos quanto os “analistas de tabela” que a Globo usa para confirmar o placar dos jogos que exibe, com exclusividade.

A Globo, primeiro, precisa se aproximar do “jovem”.

Afinal, trata-se de uma Jornada da Juventude.

E, como se sabe, os jovens até 24 anos não assistem mais ao principal produto da Globo – a novela.

(Muito menos o que vem entre duas, o jn…)

Portanto, a simples passagem do tempo desmontará o “business plan” da Globo.

A Globo precisa demonstrar agilidade, capacidade de sair às ruas, se aproximar do espectador.

É o que está implícito na nova estratégia: detonar dinheiro para fazer coberturas ao vivo e mostrar que a Patricia Poeta é capaz de vestir uma capa Burberry na praia de Copacabana …

Sim, perto do povo, mas nem tanto …

A Globo precisa exibir seus microfones com logotipo, nas ruas.

E entre cristãos não precisaria encapuzá-los.

A Globo precisa se associar a uma ideia vencedora: a vinda do Papa.

E espinafrar os administradores públicos, com a anuência do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que, como o Governador, governa para a colona (*) do Ancelmo.

(O Prefeito fez o serviço da Globo, ao dar “nota zero” à administração da Jornada: era o que a Globo queria ouvir.

O Papa é uma gracinha, mas o Brasil, uma m…)

A Globo precisa mostrar que é um dos pilares do Establishment, que é da elite, da Big House que governa.

E a Igreja é o Establishment no Brasil, por mais que o Papa seja um renovador, como diz o Mino .

A Globo é papalina.

E assim pretende se distinguir, se apartar dos evangélicos, os emergentes, os que ameaçam a já combalida hegemonia da Globo, quer dizer, da Igreja.

Há muito tempo a Igreja brasileira se desligou dos pobres.

Mesmo que Francisco queira ler o livro do Boff e não queimá-lo, os pontificados de João Paulo II e Bento XVI fizeram um estrago irremediável na Igreja progressista latino-americana.

Com o apoio irrestrito da Globo e seus cardeais.

Agora, a Globo pretende se associar ao progressismo – ainda por afirmar-se – de Francisco.

Mas, de uma forma que ela própria possa conduzir e interpretar.

Como fez com os ingênuos e espertos, esses que o professor Wanderley chama de niilistas.

Quando a Ilze Scamparini voltar a Roma – e o Papa a seguir -, a Globo vai dizer aos otários o que o Papa disse.

Por exemplo, vai dizer que quando ele fala em corrupção significa “Dirceu”.

Porque o propinoduto, a Privataria e a fraude na Receita não são propriamente “corrupção”, mas uma interpretação peculiar da Lei.

O progressismo do Papa ainda está provar-se.

O farisaísmo da Globo, não.

Prova-se a cada dia.

Com odor de rosas.
Em tempo: esse Bessinha …Vai ser excomungado !

Em tempo2: a audiência do Papa no horário nobre fez a alegria dos concorrentes da Globo …
Paulo Henrique Amorim

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