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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 28, 2013

Vadias, eu te amo! Marcha faz protesto contra os preconceitos e os dogmas obscurantistas do Vaticano e convida peregrinos da Jornada Mundial para reflexão no Rio












Marcha das vadias causa indignação entre peregrinos no Rio de Janeiro TASSO MARCELO/AFP PHOTO

Marcha das vadias causa indignação entre peregrinos no Rio de Janeiro

Manifestantes pediram o fim do preconceito contra homossexuais e o da violência contra as mulheres, e defenderam a legalização do aborto

do Zero Hora


Centenas de manifestantes participam na tarde deste sábado da Marcha das Vadias, na orla de Copacabana, na zona sul do Rio, onde também ocorre a vigília dos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Entre as mensagens da marcha estão o fim do preconceito contra homossexuais e o da violência contra as mulheres, além da legalização do aborto. Vários manifestantes aproveitaram também para criticar a Igreja Católica. Representantes da organização não governamental (ONG) Católicas pelo Direito de Decidir distribuíram uma carta aberta ao papa Francisco pedindo mudanças na Igreja, como o fim da condenação ao aborto e a bênção à união de casais do mesmo sexo.

— Viemos fazer um contra-discurso e mostrar que o discurso do papa e do Vaticano não é o único. A gente quer passar essa mensagem para que as pessoas que participam da JMJ reflitam e se somem à gente — disse Kelly de Oliveira, representante da ONG.

A manifestação foi acompanhada de perto por alguns peregrinos da JMJ, que se mostraram indignados. É o caso de Conceição Vilar, que veio da Paraíba para participar do evento católico.

— É uma afronta. Eles estão aqui de penetras. Estão tirando a nossa paz e a nossa harmonia. Não há espaço para isso aqui — disse.

A marcha começou no Posto 5, em Copacabana, e seguiu em direção a Ipanema, para evitar confronto com os peregrinos, que estão concentrados no lado oposto da orla, próximo ao Leme.
*Opensadordaaldeia

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