Lama cancela dois eventos e muda roteiro do papa no Rio
Após chuva em Guaratiba, Jornada retira vigília e peregrinação da agenda
Falha de organização transfere missa final para Copacabana e expõe autoridades a novo constrangimento
DO RIO
A organização da Jornada Mundial da Juventude cancelou ontem dois dos
eventos previstos para o final de semana em razão da impossibilidade de
uso do Campus Fidei, estrutura montada em Guaratiba, na zona oeste do
Rio.
Falha de organização transfere missa final para Copacabana e expõe autoridades a novo constrangimento
O terreno, preparado para receber cerca de 1,5 milhão de fiéis, foi tomado por lama após as chuvas que atingiram a região desde quarta-feira, o que passou a ameaçar a segurança dos peregrinos, de acordo com a prefeitura.
A vigília de orações, prevista para ocorrer entre a noite de sábado e a manhã de domingo, e a peregrinação de 13 quilômetros, foram eliminadas da programação.
O encontro de amanhã e a missa de encerramento no domingo, ambos com participação do papa Francisco, foram transferidos para a praia de Copacabana.
"Foi uma decisão difícil, mas responsável, pensando sempre na segurança do nosso peregrino. Copacabana sempre foi o nosso plano B, que agora teremos que colocar em prática", disse dom Paulo Cezar Costa, vice-presidente do comitê organizador.
Apesar de ter passado por terraplenagem e obras de infraestrutura para receber os peregrinos, o Campus Fidei não suportou as chuvas.
Especialistas ouvidos pela Folha apontam erro de planejamento, já que o local é "naturalmente alagável".
O prefeito Eduardo Paes (PMDB) resistiu ao cancelamento. A Folha apurou que desde a semana passada havia o temor de que o local não tivesse condição de receber os peregrinos.
O receio era de pane de infraestrutura e de problemas de acesso. As chuvas pioraram a situação.
Ontem um caminhão de refrigerantes que abasteceria um dos 32 pontos de apoio aos peregrinos ficou atolado no terreno. Funcionários da prefeitura que vistoriaram a área ontem pela manhã chegaram a afundar a perna na lama até a altura do joelho.
Paes só foi convencido depois que técnicos disseram que havia sério risco para os jovens, não só de saúde, mas também de acidentes.
O prefeito disse que a Jornada não recebeu "um tostão de dinheiro público". Segundo ele, o gasto de R$ 26 milhões informado na semana passada se referia a serviços públicos comuns aos grandes eventos, como limpeza pública, segurança e saúde.
Ele afirmou que a dragagem de um rio e três canais que passam pela área custou R$ 6 milhões. O palco, que não poderá ser utilizado, consumiu R$ 5 milhões, valor que teria sido obtido com doações.
De acordo a prefeitura, houve gastos com urbanização de diversas ruas e instalação de sinalização.
A chuva que provocou o lamaçal não foi extraordinária, mas concentrada entre quarta e ontem. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, choveu 51,6 mm no período na estação mais próxima de Guaratiba. O acumulado em julho foi de 72,2 mm --longe dos mais chuvosos em 2004 (177,6 mm) e 2010 (171,4).
*Nádia S.
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