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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sexta-feira, setembro 20, 2013
Propinão do PSDB: Trem do Metrô foi reformado a um custo de 81% do que custaria um trem novo
Cada trem do Metrô foi reformado a um custo de 81% do que custaria um trem novo, segundo denúncia no Cade
Uma reforma de 98 trens das linhas 1 e 3 do Metrô de São Paulo foi
estimada em R$ 1,75 bilhão, em 2009. Em julho de 2011, o valor já
chegava a R$ 2 bilhões, por causa de reajustes contratuais. Os contratos
foram fixados em dólar, com taxa de câmbio em alta. Cada trem foi
reformado a um custo de 81% do que custaria um trem novo, segundo
denúncia do deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT), hoje
secretário de Serviços da prefeitura paulistana. De acordo com o Cade
(Conselho Administrativo de Defesa econômica), empresas acusadas de
participar de um cartel para a venda de trens em São Paulo já sabiam em
2007, dois anos antes, do projeto do governo para modernização de trens.
A reforma é antieconômica e lesa os cofres públicos, dizem
especialistas.
O Ministério Público de São Paulo investiga o caso e já ouviu 15
representantes do Metrô paulista e de empresas que participaram da
licitação para a reforma. Os contratos vigoram até o final do próximo
ano. Entre as companhias contratadas estão várias acusadas de participar
do suposto cartel.
A concorrência para modernização dos trens (alguns com mais de 30 anos
de uso) foi dividida em quatro lotes. Um dos contratos, no valor de R$
466 milhões, foi firmado em junho de 2009 com o consórcio Modertrem,
formado pelas empresas Alstom, francesa, e Siemens, alemã. As duas foram
apontadas como as líderes do esquema investigado em São Paulo. A
Siemens fez um acordo de leniência com o Cade e seus executivos
colaboram com as autoridades brasileiras na investigação sobre o
funcionamento do cartel. A partir de documentos obtidos pelo Cade, novas
revelações devem surgir. As informações são do jornal Brasil Econômico
Por onde anda Michelle Obama?
Michelle Obama e o ator Dustin Hoffman
Palavras
de Obama:
“(...)no que diz respeito aos membros de minha família e,
concretamente, a Michelle, eles são bastante cautelosos em relação a quaisquer
ações na Síria”(...) "Se perguntarem a Michelle se ela quer que iniciemos
mais uma guerra, ela responderá “não”.
Mais claro do que isso, impossível.
A vegetariana Michelle Obama, sempre que solicitada
manifesta-se contra a agressão à Síria.
Aliàs ela é contra a invasão a qualquer nação e
entende que os Estados Unidos têm outras prioridades.
Prioridades estas que não interessam à indústria bélica.
E menos ainda à indústria do narcotráfico, já que uma e outra são irmãs siamesas.
E se ambas forem arruinadas, Wall street desaparece.
Posto isso, a senhora Michelle Obama que se cuide.
* Georges Bourdoukan
FILME DE TERROR? NÃO, SÃO AS GLOBAIS DE LUTO
Atrizes Carol Castro, Rosamaria Murtinho, Nathália Timberg, Suzana
Vieira e Barbara Paz, da novela Amor à Vida, posaram consternadas, e de
preto, em protesto contra a decisão do ministro Celso de Mello, que
assegurou a alguns réus da Ação Penal 470 a primeira oportunidade de
apelação; pelo jeito, as atrizes não têm apreço pelas liberdades e
garantias individuais; já houve um tempo em representantes das artes,
como Tônia Carrero e Norma Bengell, lutavam contra a ditadura; hoje,
elas parecem querer o arbítrio judicial
20 DE SETEMBRO DE 2013
247 - Quase sem maquiagem, e vestidas de preto, elas encaram a câmera.
De Carol Castro, campeã da "Dança dos Famosos", parte um olhar
indignado. De Rosamaria Murtinho, vem um ar sério, que parece mirar o
abismo. Nathália Timberg lança uma lâmina afiada para quem a encara. De
Suzana Vieira, o ar consternado, como de uma Pilar que acaba de ser
traída pelo médico garanhão. E Bárbara Paz, com lápis preto sob os
olhos, faz sua tradicional pose dark.
As atrizes globais, que fazem parte do elenco de Amor à Vida, de Walcyr
Carrasco, não posaram juntas para promover um filme de terror ou a
versão brasileira de "A família Adams". Elas estão em luto porque o
ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, garantiu a alguns
réus da Ação Penal 470 a primeira oportunidade de apelação no, segundo a
Globo, "julgamento do século".
Já houve um tempo em que atrizes, como Tônia Carrero e Norma Bengell, se
uniam em defesa da liberdade e lutavam contra uma ditadura, como na
imagem abaixo, da Passeata dos Cem Mil:
Hoje, as globais se unem em defesa do arbítrio e do atropelo ao direito
de defesa. A sorte é que a opinião delas não tem a menor importância. A
foto de 1968 entrou para a história. A de agora ficará restrita ao
Instagram de Barbara Paz (leia ainda o texto de Kiko Nogueira
sobre a "canastrice infringente" das atrizes globais no Diário do
Centro do Mundo. Segundo Kiko, as globais acabaram pagando um mico
tremendo)
propinoduto está chegando a 1 bilhão da área pública
Propinoduto pode superar R$ 1.000.000.000,00 - ALDO:Enquanto o tal mensalão do PT chegou a 76 milhões da área privada, este propinoduto está chegando a 1 bilhão da área pública, que beleza !!!!!!!!!!.
O mensalão tucano de Minas, o Propinoduto tucano de São Paulo, a reeleição de FHC nada de serem apurados.
O PIG, a Direita e seus seguidores estão mudos completamente.
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS DO STF Aldo
http://esquerdopata.blogspot.
http://jornalggn.com.br/
http://www.cartacapital.com.
* Blog Justiceira de Esquerda
Obama amplia bloqueio ilegal contra Cuba / Assange diz que Brasil está sendo invadido pelos EUA
Obama amplia bloqueio ilegal contra Cuba
Desde que assumiu a presidência dos EUA, Obama vem estendendo o prazo do embargo criminoso a cada ano, apesar das expectativas iniciais sobre a mudança das relações entre o seu país e Cuba
Obama amplia por mais um ano o bloqueio ilegal contra Cuba (AP Photo/Chris Carlson)
O presidente norte-americano, Barack Obama, prorrogou por outro ano as sanções impostas contra Cuba, com um embargo ilegal e imperialista vigente contra o país desde 1960. Desde que assumiu o cargo de presidente dos Estados Unidos, Obama vem estendendo o prazo do embargo a cada ano, apesar das expectativas iniciais sobre a mudança das relações entre o seu país e Cuba.
O país mantém o criminoso bloqueio unilateral contra Cuba desde o ano 1960, dois anos após a Revolução Cubana que derrubou o ditador Fulgêncio Batista. A medida, primeiro denominada “Ato da Democracia Cubana”, foi endurecida posteriormente e codificada como uma lei em 1993, com a aprovação das leis Torricelli e Helms Burton.O memorando dirigido ao secretário de Estado e ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos foi difundido pela Casa Branca, ordenando manter o embargo comercial, econômico e financeiro contra a chamada “maior das Antilhas”. Conforme a legislação norte-americana vigente, o presidente norte-americano decidiu prorrogar as sanções contra Cuba, com a Lei de Comércio com o Inimigo, alegando que responde aos interesses nacionais dos Estados Unidos.
Apesar de alegar dirigir-se ao governo cubano e aos lideres políticos “em apoio ao povo” de Cuba, que apoia a revolução socialista conduzida por Fidel Castro, o embargo tem consequências diretas para a população, e foi imposto após o governo revolucionário ter nacionalizado empresas estadunidenses que se mantinham intocáveis na exploração do país devido à ditadura de Batista.
Em votações na Assembleia Geral, a Organização das Nações Unidas já condenou a política norte-americana (e, especificamente, o bloqueio contra Cuba) quase 20 vezes, com uma esmagadora maioria, acima dos 180 votos.
Assange diz que Brasil está sendo invadido pelos EUA
Em videoconferência em São Paulo, fundador do Wikileaks explica que norte-americanos agem no Brasil. Para Assange, cenário revela que há um colapso do estado de direito no Ocidente
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, disse na noite desta quarta-feira (18), durante videoconferência em São Paulo, que as denúncias de espionagem americana em território brasileiro revelam que os Estados Unidos estão invadindo o Brasil.
Brasil está sendo invadido pelos Estados Unidos, diz Assange (Reprodução)
“O que significa quando uma lei sai de seu território [para agir em outro]? Vocês estão sendo invadidos por uma jurisdição, que está fazendo valer sua lei no estrangeiro”, declarou Assange durante o seminário Liberdade, Privacidade e o Futuro da Internet, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Boitempo Editorial.
Assange fez as declarações por meio de uma videoconferência direto da Embaixada do Equador em Londres, onde está asilado desde junho de 2012.
A chamada lei do terrorismo permitiu que os americanos realizassem escutas telefônicas e quebrassem sigilos para investigar possíveis atos de terrorismo. Técnicas violentas de interrogatório também foram empregadas no Oriente Médio. Para Assange, o aparato de espionagem global montado pelos EUA são consequência disso.A lei citada por Assange se trata do Ato Patriótico, aprovada pelo Congresso americano logo após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Segundo o australiano, esse cenário revela que há um colapso do estado de direito no Ocidente.
— É um colapso dos direitos humanos.
Segundo o fundador do Wikileaks, site que revelou boa parte das violações aos direitos humanos que os americanos cometeram na chamada guerra ao terror, os EUA montaram um aparato de vigilância massiva no mundo inteiro.
— Quase todas as comunicações da América Latina (98%) passam pelos EUA. Toda a estrutura [tecnológica] da comunidade do Brasil foi roubada pelos Estados Unidos. Cada pessoa que se comunica aqui está embutida nessa estrutura.
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Ao mesmo tempo, diz Assange, essa infraestrutura de telecomunicações “torna possível esse tipo de comunicação, entre mim, aqui na Embaixada do Equador em Londres, e vocês, no Brasil”.
Julian Assange, de 42 anos, está refugiado na Embaixada do Equador em Londres, na Grã-Bretanha, desde 19 de junho para evitar a extradição à Suécia, onde querem interrogá-lo sobre denúncias de crimes sexuais.
O ex-pirata da informática, que enfureceu Washington em 2010 quando seu site WikiLeaks publicou milhares de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos, disse que teme ser enviado a esse país, onde acredita que sua vida correria risco.
Até o momento, nem os Estados Unidos nem as autoridades suecas fizeram acusações formais contra Assange. Promotores suecos querem interrogá-lo sobre acusações de violação e agressão sexual feitas por duas participantes do WikiLeaks em 2010.
Assange disse que teve relações sexuais consentidas com as mulheres que o denunciaram.
*Praghmatismopolitico
*Nina
quinta-feira, setembro 19, 2013
Assange elogia Dilma, pede asilo a militante e condena EUA
WikiLeaks
“Dilma tinha mesmo que
cancelar reunião com Obama”, diz criador do WikiLeaks, que participou de
videoconferência direto da embaixada do Equador em Londres
por Lino Bocchini
—
Julian Assange fala à platéia no centro Cultural São Paulo na noite desta quinta. (Foto: Juliana Knobel / Frame)
Após 15 meses enclausurado na embaixada do
Equador em Londres, Assange segue o mesmo --pelo menos externamente.
Mantém o bom-humor, a crítica contundente aos Estados Unidos, o apelo
por ajuda aos parceiros na luta contra governos e grandes corporações e a
defesa intransigente da transparência radical para governos e grandes
empresas e da privacidade radical para o cidadão. Em outras palavras, o
criador do WikiLeaks segue fiel aos mesmos princípios desde que foi
preso em 1991 pela polícia de Melborune após invadir uma série de
sistemas e era apenas um hacker australiano cabeludo recém-saído da
adolescência.
Ontem em São Paulo não foi diferente. Elogiou o cancelamento da visita de Estado que Dilma faria aos EUA, condenou repetidas vezes o esquema mundial de espionagem americano, descartou as redes sociais como motor de mudança social e pediu asilo para Sara Harrisson, jornalista inglesa e ativista do WikiLeaks que ajudou na viagem de Edward Snowden (ex-agente que revelouo esquema de espionagem americano) de Hong Kong para Moscou. A videoconferência foi promovida pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e pela editora Boitempo, que no Brasil lançou Cyperpunks: Liberdade e o futuro da internet, obra de Julian de 2012. Abaixo, algumas das frases (o vídeo ainda não está disponível):
“Dilma tinha mesmo que cancelar a reunião com Obama. Certos atos simbólicos são muito importantes, e ela representa o povo brasileiro... se não tomasse essa ação, seria visto como fraca. Ela tinha que tomar essa decisão, foi um importante ato simbólico, é obrigação dela defender o povo brasileiro.”
“O que é a soberania brasileira? Será que ela vale alguma coisa quando toda comunicação passa pelos Estados Unidos? Isso é soberania?”
“As forças contrárias têm sido maiores do que nunca contra nós. Glenn Greenwald [jornalista que revelou o esquema de espionagem dos EUA a partir das revelações de Edward Snowden] felizmente está no Brasil. Sara Harrisson está em auto-exílio em Moscou, e a presidente Dilma poderia oferecer asilo político a ela. É uma oportunidade para o Brasil pegar a bandeira dos direitos humanos que os EUA deixaram cair.” [Em outro momento da noite, Assange repetiu o pedido, sublinhando que Sara “já morou no brasil e gosta do país”.]
“Olhe meu caso: sou alvo dos EUA por coisas que fiz fora dos EUA, que também agem no Brasil. Esse tipo de coisa pode levar vocês do Brasil a se perguntar: o que significa um governo que atua fora de sua jurisdição, que faz sua jurisdição valer no estrangeiro?”
Respondendo sobre a proposta do governo brasileiro de exigir que bancos de dados do Google e outras empresas sejam mantidos no Brasil: “Isso não resolveria o problema. É interessante o país querer se proteger, mas essa solução é perigosa. Vocês poderiam passar a ser espionados pelo governo brasileiro, o que poderia ser ainda pior, já que ele está mais perto”. Perguntado sobre qual seria a solução então, Assange respondeu: “A única solução é não coletar dados [dos cidadãos]”.
“98% das comunicações eletrônicas da América Latina, do Brasil inclusive, passam pelos Estados Unidos. Cada um de vocês que se comunica aí no Brasil está inserido nesta estrutura, e isso é muito grave.”
“Por outro lado [a internet e a rede que ela forma] traz possibilidades. Sou um editor australiano, estou exilado em Londres, na embaixada do Equador. E estou neste exato momento falando a uma plateia no Brasil sobre abusos cometidos pelos Estados Unidos. Isso tudo vai produzindo uma espécie de corpo político internacional.”
“Os Estados Unidos espionam de 2 a 8 bilhões de comunicações [telefonemas e-mails etc] por dia. E a cada 18 meses o custo para se fazer esse mesmo monitoramento cai pela metade. Ou seja, com o mesmo orçamento, a cada ano e meio eles dobram a capacidade de vigiar as comunicações no mundo. Mas isso deve ter um fim, se eles continuarem com esse tipo de atitude, acabarão isolados”.
“E tudo isso [a espionagem americana] é feito de uma forma invisível. É um tanto assustador, parece um deus que tudo vê... e você tem que convencer as pessoas de que é o diabo.”
“Barack Obama perseguiu mais jornalistas do que todos os demais presidentes combinados desde a década de 1970. E isso se aplica também aos informantes, às pessoas que vazam informações. E aí não estamos falando só de Manning ou Snowden.”
“O Tor [programa que permite usar a internet de forma anônima] ajuda. Mas se o seu computador for da Apple, não muito, já que ele envia informações suas à empresa a todo instante e, como foi revelado, a Apple faz parte do esquema de espionagem dos Estados Unidos.”
"Não é fácil ficar 500 dias numa embaixada, mas é um luxo, ao contrário de vocês que estão aí eu não posso ser preso. É o lugar mais seguro do mundo para Julian Assange.”
Resposta a uma questão sobre o uso das redes sociais na Primavera Árabe e nos protestos de junho no Brasil: “Como foi revelado, o governo americano acessa os dados do Facebook, mas o Twitter tem ido bem no sentido de defender os direitos dos seus usuários. Mas isso uma hora vai fazer água, afinal eles estão baseados nos EUA... ou seja, você não pode depositar nas redes sociais todos os seus anseios revolucionários ou de avanços sociais.”
Ontem em São Paulo não foi diferente. Elogiou o cancelamento da visita de Estado que Dilma faria aos EUA, condenou repetidas vezes o esquema mundial de espionagem americano, descartou as redes sociais como motor de mudança social e pediu asilo para Sara Harrisson, jornalista inglesa e ativista do WikiLeaks que ajudou na viagem de Edward Snowden (ex-agente que revelouo esquema de espionagem americano) de Hong Kong para Moscou. A videoconferência foi promovida pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e pela editora Boitempo, que no Brasil lançou Cyperpunks: Liberdade e o futuro da internet, obra de Julian de 2012. Abaixo, algumas das frases (o vídeo ainda não está disponível):
“Dilma tinha mesmo que cancelar a reunião com Obama. Certos atos simbólicos são muito importantes, e ela representa o povo brasileiro... se não tomasse essa ação, seria visto como fraca. Ela tinha que tomar essa decisão, foi um importante ato simbólico, é obrigação dela defender o povo brasileiro.”
“O que é a soberania brasileira? Será que ela vale alguma coisa quando toda comunicação passa pelos Estados Unidos? Isso é soberania?”
“As forças contrárias têm sido maiores do que nunca contra nós. Glenn Greenwald [jornalista que revelou o esquema de espionagem dos EUA a partir das revelações de Edward Snowden] felizmente está no Brasil. Sara Harrisson está em auto-exílio em Moscou, e a presidente Dilma poderia oferecer asilo político a ela. É uma oportunidade para o Brasil pegar a bandeira dos direitos humanos que os EUA deixaram cair.” [Em outro momento da noite, Assange repetiu o pedido, sublinhando que Sara “já morou no brasil e gosta do país”.]
“Olhe meu caso: sou alvo dos EUA por coisas que fiz fora dos EUA, que também agem no Brasil. Esse tipo de coisa pode levar vocês do Brasil a se perguntar: o que significa um governo que atua fora de sua jurisdição, que faz sua jurisdição valer no estrangeiro?”
Respondendo sobre a proposta do governo brasileiro de exigir que bancos de dados do Google e outras empresas sejam mantidos no Brasil: “Isso não resolveria o problema. É interessante o país querer se proteger, mas essa solução é perigosa. Vocês poderiam passar a ser espionados pelo governo brasileiro, o que poderia ser ainda pior, já que ele está mais perto”. Perguntado sobre qual seria a solução então, Assange respondeu: “A única solução é não coletar dados [dos cidadãos]”.
“98% das comunicações eletrônicas da América Latina, do Brasil inclusive, passam pelos Estados Unidos. Cada um de vocês que se comunica aí no Brasil está inserido nesta estrutura, e isso é muito grave.”
“Por outro lado [a internet e a rede que ela forma] traz possibilidades. Sou um editor australiano, estou exilado em Londres, na embaixada do Equador. E estou neste exato momento falando a uma plateia no Brasil sobre abusos cometidos pelos Estados Unidos. Isso tudo vai produzindo uma espécie de corpo político internacional.”
“Os Estados Unidos espionam de 2 a 8 bilhões de comunicações [telefonemas e-mails etc] por dia. E a cada 18 meses o custo para se fazer esse mesmo monitoramento cai pela metade. Ou seja, com o mesmo orçamento, a cada ano e meio eles dobram a capacidade de vigiar as comunicações no mundo. Mas isso deve ter um fim, se eles continuarem com esse tipo de atitude, acabarão isolados”.
“E tudo isso [a espionagem americana] é feito de uma forma invisível. É um tanto assustador, parece um deus que tudo vê... e você tem que convencer as pessoas de que é o diabo.”
“Barack Obama perseguiu mais jornalistas do que todos os demais presidentes combinados desde a década de 1970. E isso se aplica também aos informantes, às pessoas que vazam informações. E aí não estamos falando só de Manning ou Snowden.”
“O Tor [programa que permite usar a internet de forma anônima] ajuda. Mas se o seu computador for da Apple, não muito, já que ele envia informações suas à empresa a todo instante e, como foi revelado, a Apple faz parte do esquema de espionagem dos Estados Unidos.”
"Não é fácil ficar 500 dias numa embaixada, mas é um luxo, ao contrário de vocês que estão aí eu não posso ser preso. É o lugar mais seguro do mundo para Julian Assange.”
Resposta a uma questão sobre o uso das redes sociais na Primavera Árabe e nos protestos de junho no Brasil: “Como foi revelado, o governo americano acessa os dados do Facebook, mas o Twitter tem ido bem no sentido de defender os direitos dos seus usuários. Mas isso uma hora vai fazer água, afinal eles estão baseados nos EUA... ou seja, você não pode depositar nas redes sociais todos os seus anseios revolucionários ou de avanços sociais.”
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PS do autor: Conheci Sara Harrison em
2011, quando passei 3 dias na casa de campo inglesa em que Assange
cumpria prisão domiciliar, e fiz uma reportagem
para a revista Trip. Sara é extremamente séria, obstinada e fiel aos
princípios do WikiLeaks. Além disso é ótima pessoa e, de fato, adora
nosso país. Em um pequeno lobby particular, endosso Julian: Dilma, dê
asilo a Sara.
*FlaviaLeitão
*http://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-lino/201cem-sp201d-assange-elogia-dilma-pede-asilo-a-militante-e-bate-forte-nos-eua-8979.html
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