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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 17, 2013

Nesta sexta (18): ativistas chamam “roda de fumo por outra política de drogas” em frente à local de conferência

 

SEXTA FEIRA, 18/10, 19H. Uninove Barra Funda.
Venha participar com o BEC – Bloco da Esquerda Canábica e a Mobilização da Sociedade civil na Conf. de drogas de SP da ‘Roda de Fumo por uma outra política de drogas para São Paulo’ em frente à V COMPAD (Conferência Municipal de Políticas de Atenção às Drogas) na Uninove – Barra funda.
Traga seu fumo e vamos escrachar a hipocrisia da atual política de drogas que criminaliza o usuário e ceifa milhares de vidas de jovens pobres das periferias na insana “guerra as drogas”.
Atenção! Tragam apenas drogas lícitas!!! 

*ColetivoDAR

Em apenas um mês, o Mais Médicos já dobrou o número de atendimentos médicos realizados em municípios pobres do interior da Bahia.



Em apenas um mês, o Mais Médicos já dobrou o número de atendimentos médicos realizados em municípios pobres do interior da Bahia. A informação foi dada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Esta semana, o relatório sobre o programa do governo federal foi aprovado na Câmara dos Deputados, permitindo que o Ministério da Saúde entregue o registro especial para os profissionais do exterior inscritos. Os médicos da segunda etapa do projeto já começaram o curso de formação e, logo mais, também estarão ampliando o número de atendimentos nas localidades que mais precisam.

Lula vai pra
cima da Globo

Quem é o “canal de televisão” Golpista ?


Saiu no Valor, o PiG (*) cheiroso:

Lula diz que jovens devem acreditar na política

Por César Felício | Valor

BUENOS AIRES  -  Em meio a um discurso pontuado por críticas à imprensa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo, nesta terça-feira, 15, na Argentina, para que manifestantes no Brasil não façam a negação da política.

Segundo Lula, que recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Buenos Aires em um congresso de ONGs na periferia de Buenos Aires, “a democracia não é um pacto de silêncio. É uma constante movimentação da sociedade à procura de novas conquistas”.

O ex-presidente afirmou que “alguns canais de televisão, alguns comentaristas tentam desacreditar a política, mas fora da política não há saída. Vira qualquer coisa, menos democracia”, disse.

(…)


O ex-presidente afirmou que, durante seu governo, “meus amigos donos de jornais ganharam muito dinheiro e nunca me deram um momento de trégua”.

Lula disse que, em 2005, durante a crise das denúncias do mensalão, ele “apanhava de manhã, de tarde e de noite, e enquanto eu estava dormindo também”.

O presidente afirmou que deixou de se informar por meio da imprensa nesta época “e não desaprendi nada. Ainda tive o prazer de deixar a presidência com 87% de bom e ótimo”.

Segundo Lula, “em alguns países da América Latina a imprensa muitas vezes age como se fosse um partido político, só não tem coragem de dizer que é”.




Clique aqui para ver “Lula pede cuidado com o(a)s blábláblás”

E aqui para ler “Lula: tiraram a CPMF e eu saí com 87% de apoio”

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
*PHA

Penso eu

Pensei que o Roberto Carlos tivesse o direito de preservar sua vida pessoal. Parece que não. Também me disseram que sua biografia é a sincera homenagem de um fã. Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou.

O texto de Mário Magalhães sobre o assunto das biografias me sensibilizou. Penso apenas que ele forçou a mão ao sugerir que a lei vigente protege torturadores, assassinos e bandidos em geral. Ele dá como exemplo o Cabo Anselmo, de quem no entanto já foi publicada uma biografia. A história de Consuelo, mulher e vítima do Cabo Anselmo, também está num livro escrito pelo próprio irmão. Por outro lado, graças à lei que a associação de editores quer modificar, Gloria Perez conseguiu recolher das livrarias rapidamente o livro do assassino de sua filha. Da excelente biografia de Carlos Marighella, por Mário Magalhães, ninguém pode dizer que é chapa-branca. Se fosse infamante ou mentirosa, ou mesmo se trouxesse na capa uma imagem degradante do Marighella, poderia ser igualmente embargada, como aliás acontece em qualquer lugar do mundo. Como Mário Magalhães, sou autor da Companhia das Letras e ainda me considero amigo do seu editor Luiz Schwarcz. Mas também estive perto do Garrincha, conheci algumas de suas filhas em Roma. Li que os herdeiros do Garrincha conseguiram uma alta indenização da Companhia das Letras. Não sei quanto foi, mas acho justo.

O biógrafo de Roberto Carlos escreveu anteriormente um livro chamado “Eu não sou cachorro não”. A fim de divulgar seu lançamento, um repórter do “Jornal do Brasil” me procurou para repercutir, como se diz, uma declaração a mim atribuída. Eu teria criticado Caetano e Gil, então no exílio, por denegrirem a imagem do país no exterior. Era impossível eu ter feito tal declaração. O repórter do “JB”, que era também prefaciador do livro, disse que a matéria fora colhida no jornal “Última Hora”, numa edição de 1971. Procurei saber, e a declaração tinha sido de fato publicada numa coluna chamada Escrache. As fontes do biógrafo e pesquisador eram a “Última Hora”, na época ligada aos porões da ditadura, e uma coluna cafajeste chamada Escrache. Que eu fizesse tal declaração, em pleno governo Médici, em entrevista exclusiva para tal coluna de tal jornal, talvez merecesse ser visto com alguma reserva pelo biógrafo e pesquisador. Talvez ele pudesse me consultar a respeito previamente e tirar suas conclusões. Mas só me procuraram quando o livro estava lançado. Se eu processasse o autor e mandasse recolher o livro, diriam que minha honra tem um preço e que virei censor.

Nos anos 70 a TV Globo me proibiu. Foi além da Censura, proibiu por conta própria imagens minhas e qualquer menção ao meu nome. Amanhã a TV Globo pode querer me homenagear. Buscará nos arquivos as minhas imagens mais bonitas. Escolherá as melhores cantoras para cantar minhas músicas. Vai precisar da minha autorização. Se eu não der, serei eu o censor.

Chico Buarque

*Militanciaviva

quarta-feira, outubro 16, 2013

Banqueiros babam com Marina


Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior:


Marina Silva sentou-se à direita da santíssima trindade dos mercados. Em amigável périplo pela mídia, a ex-senadora se declara uma convicta defensora do sacrossanto ‘tripé’. Que vem a ser uma espécie de enforcador à distância. Sendo o pescoço, a sociedade. E os mercados, a mão que controla a correia.

A coleira dentada permite que o dinheiro grosso submeta governos, partidos e demais instâncias sociais a um comando de desempenho monitorado por três variáveis.

A saber:

I) regime de metas de inflação, ancorado no chicote dos juros ‘teatrais’, se necessários, assevera Marina em flerte com o ‘choque’ monetarista;

II) câmbio livre, leia-se, nenhum aroma de controle de capitais; vivemos, afinal, em um período de pouca volatilidade e incerteza global... e

III) o superávit ‘cheio’ – o nome honesto disso, convenhamos, é arrocho fiscal: corte de investimentos públicos estratégicos para garantir o prato de lentilhas dos rentistas.

Marina descobriu que quando abre a boca encanta os banqueiros. Mas começa a ter dificuldade com o vocabulário.

Como exprimir o que se propõe a fazer no Brasil sem colidir com as boas intenções de seus apoiadores?

Ao jornal Valor Econômico, que lhe ofereceu uma página nesta 2ª feira, a parceira de Eduardo Campos defende uma ‘disruptura’. Que diabo ela quer dizer com isso?
Marina quer dizer a mesma coisa que o Globo disse sábado, em manchete garrafal: ‘PSDB melhorou serviços e PT reduziu desigualdade’. Ou seja, o passado passou. Cada um fez o que pode.

Agora é olhar para frente, juntar o que presta e descartar o resto. O nome da travessia, ensaia o Globo, é Campos/Marina. Ou ‘disruptura’, arrisca a sedutora ex-senadora.

Vamos abstrair do interior da palavra ‘serviços’ detalhes que agridem a apaziguadora manchete do Globo. Por exemplo, o ‘apagão’ de 2001. Ao custo de 2% do PIB, ele promoveria um corte de 20% do serviço de energia elétrica oferecido aos brasileiros. Que, todavia, pagaram pelo serviço não prestado.

Outra dissonância entre a história vivida pela população e o jornalismo Globo: a área sofrível do saneamento básico. No ano passado, o Brasil aplicou R$ 8,3 bi na expansão desse serviço . É pouco. A média necessária para universalizar o acesso em 20 anos seria da ordem de R$ 20 bi ao ano.

Ainda assim representa dez vezes mais o valor destinado há uma década, quando, segundo o Globo, tivemos um ciclo de fastígio nos serviços.

Marina passa ao largo dessas miudezas.

“ Como eu e Eduardo reconhecemos tanto as coisas boas do governo do PT e do PSDB, talvez sejamos a esperança de provocar uma "disruptura".

Ei-la, nesta 2ª feira, em bate bola afinado com a manchete do domingo. Nas palavras da ex-senadora, trata-se agora de buscar ‘uma agenda que não mude porque mudou o governo’. Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o poder efetivo sobre o seu destino , é tudo o que as plutocracias almejam, urbi et orbi.

Se alguém trata isso com leveza e sedução, como resistir?

‘Impressionante’ ; ‘cativante’, disseram clientes endinheirados do Credit Suisse , banco que patrocinou um encontro a portas-fechadas com a ex-ministra na 6ª feira.

Há notável coerência entre desdenhar dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica que se avoca autossuficiente e autorregulável. Marina passeia por um Brasil plano. Mas o mundo não é plano. E o relevo econômico do Brasil inclui-se entre as encostas mais acidentadas pela ação secular de predadores, ora cativados pela ex-ministra.

Os ouvidos para os quais as vozes de Marina, Campos e Aécio soam como música –assim como soava a de Palocci, em 2003 - sabem que drenar R$ 223 bilhões em juros de um organismo social marcado por carências latejantes de serviços e infraestrutura não é sustentável.

O valor refere-se ao total das despesas com juros da dívida pública (nas três esferas da federação) pagos em 12 meses até outubro. Representa uns 5% do PIB. Mais de dez vezes o custo do Bolsa Família, programa que beneficias 14 milhões de famílias, 55 milhões de pessoas.

Ou quatro vezes o que supostamente custaria a implantação da tarifa zero no transporte coletivo das grandes cidades brasileiras. Ou ainda dezoito vezes mais o que o programa ‘Mais Médicos’ deve investir até 2014, sendo: R$ 2,8 bilhões para construir 16 mil Unidades Básicas de Saúde e equipar 5 mil unidades; ademais de R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para outros 2,5 mil, além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.

Repita-se: daria para fazer isso 18 vezes com o valor destinado ao rentismo em um ano.

Não serve de consolo dizer que no final do governo FHC gastava-se quase 10% do PIB com juros. O investimento público direto da União em logística e infraestrutura social era um traço. Agora oscila em torno de 1% (descontado o Minha Casa).

Muito distante do desejável para uma sociedade que atingiu o ponto de saturação na convivência com serviços insuficientes e de baixa qualidade. O ponto é: como Marina que supostamente herdou os votos dessa insatisfação, pretende lidar com assimetrias descomunais, apoiada na defesa algo deslumbrada, tosca e jejuna, do ‘tripé’?

“Se o tripé ficou comprometido, é preciso restaurá-lo”, sentenciou quase blasé aos clientes embasbacados do Credit Suisse. Ao abraçar a utopia neoliberal Marina aspira ser uma pluma imune ao atrito que contrapõe os interesses populares aos da elite brasileira. Exerce na verdade o surrado papel da bigorna histórica, sobre a qual amplos interesses são submetidos aos golpes da marreta impiedosa do dinheiro.

Para isso está sendo cevada. Ao que parece, tomou gosto pela ração. E já ensaia comer sozinha.

As Redes, E O Que Arrastam


Ontem teve Marimba Seiva no Jô.

Não sei o que é assistir ao Jô há mais de 15 anos.

Jô e qualquer desses programas onde o entrevistador é mais importante que os entrevistados; aliás, qualquer programa de entrevista, a não ser quando o entrevistado é uma verdadeira sumidade, ou então muito engraçado.

Tudo isso elimina Jô e Marimba de minhas opções de lazer eletrotelevisivo. 

Só sei que ontem teve Marimba no Jô. 

Marimba é um instrumento de percussão, só faz barulho. 

Jô só tem tamanho, e safadeza.

Dentro de todo aquele corpanzil não rola um grama de humanidade, ou humildade, característica que é comum aos dois.

Por isso não assisto, mas sacaneio assim mesmo!
*AmoralNato

Mensagem da Dep. Luiza Erundina ao Dia dos Professores


                                   Luiza Erundina com o Professor e Educador Paulo Freire
 
Como representante dos paulistas na Câmara dos Deputados e na condição de ex-prefeita dos paulistanos, saúdo todas e todos os educadores brasileiros neste 15 de outubro, “Dia do Professor”.

Desejo expressar minha profunda gratidão pela imprescindível contribuição dos trabalhadores da educação na formação das novas gerações e, consequentemente, na construção da nação brasileira.

Reconheço e lamento o quanto os governos das três esferas de poder do Estado (municípios, estados e união) são devedores dessa categoria de profissionais; pelo descaso como tratam a educação em nosso país, seja quanto à definição da política pública de educação, seja pela insuficiência de recursos destinados a essa política.


Além das injustas condições salariais das nossas e nossos educadores, convém destacar ainda a extrema precariedade da rede pública de ensino, tanto em relação às instalações físicas dos prédios escolares, quanto aos equipamentos e instrumentos pedagógicos.

Professoras e professores são obrigados a dar aulas em salas superlotadas, com mais de quarenta alunos, sem contar os que têm deficiência e devem ser incluídos.

Por tudo isso, devemos celebrar esta importante data manifestando nossa gratidão aos educadores e reiterando nosso compromisso de luta em favor de uma educação pública de qualidade, o que supõe a valorização dos professores e professoras e tratá-los com respeito e dignidade.

Luiza Erundina de Sousa

domingo, outubro 13, 2013

PM carioca é pior que as gangues

Der Spiegel: PM carioca é pior que as gangues


Revista alemã afirma ainda que governo Cabral é ‘mais violento do que a ditadura’

“Pior do que gangues”. Esta é a forma com que a revista alemã Der Spiegel (Hamburgo) se refere à Polícia Militar do Rio de Janeiro na sua edição desta semana.

A reportagem especial é assinada pelo correspondente do veículo no Brasil, Jens Glüsing, com detalhes sobre a ocupação do Conjunto de Favelas do Lins, na zona norte, no domingo passado (6), para implantação da 35ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na cidade.

O título da matéria ainda complementa: “polícia do Rio é criticada nas favelas por medidas enérgicas”.

A revista comenta o envolvimento de PMs da UPP da Rocinha na morte do pedreiro Amarildo de Souza, que teve repercussão internacional, a violência militar durante a ocupação do Complexo do Alemão, há dois anos, a truculência praticada pelos PMs contra manifestantes nos atos pacíficos que estão acontecendo na cidade.

A publicação ainda destaca a declaração do historiador da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira da Silva, que afirma que o governo de Sérgio Cabral é “mais violento do que a ditadura militar”.

Segundo o Spiegel, a nova campanha de segurança do Estado visa contribuir com as autoridades na reconquista do controle das favelas às vésperas da Copa do Mundo.

As UPPs visam reprimir a ação de traficantes dessas comunidades, “mas muitas vezes acabam por substituí-los com a sua própria regra brutal”, destaca o veículo.

A reportagem de Jens relata a operação no Conjunto de Favelas do Lins, que aconteceu de forma pacífica, como a secretaria de Estado do Rio havia prometido.

O repórter detalhou a operação que durou 50 minutos e o momento em que os policiais hastearam a bandeira brasileira “como anúncio de tudo o que o Estado recuperou”.

Nas linhas seguintes, a matéria explica que o complexo já havia sido dominado por grupos de traficantes perigosos, como também acontece na maioria das mais de 300 favelas do Rio de Janeiro.

A Spiegel destaca que as UPPs “estão no centro da estratégia do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho”.

O texto relembra que a polícia criou, inicialmente, unidades permanentes nas favelas, que só eram ocupadas durante operações especiais que terminavam em fortes tiroteio e morte de inocentes.

A matéria conta que a única operação que resultou em violência pesada foi a ocupação do Complexo do Alemão, um dos maiores complexos de favelas no Rio de Janeiro, terminando em vários dias de tiroteios.

“Desde a introdução das UPPs, a taxa de homicídios caiu drasticamente. (…) Mas quanto tempo vai manter a paz? Entre os muitos moradores da favela, a força policial do Rio de Janeiro tem uma reputação pior do que as quadrilhas de traficantes criminosos. Eles são vistos como bandidos e assassinos – e muitas vezes com razão, como admite o secretário de Segurança Beltrame”, destaca a matéria.


A revista relembra o caso do pedreiro Amarildo de Souza, supostamente torturado e morto por policiais militares da UPP da Rocinha, na zona sul da cidade e das muitas denúncias de moradores da comunidade que afirmam serem vítimas dos PMs.

“Uma investigação feita por uma unidade especial chegou à conclusão de que ele [Amarildo de Souza] foi torturado com choques elétricos na presença do comandante da UPP do distrito e, eventualmente, assassinado. Seu corpo ainda está desaparecido. Ele provavelmente foi retirado da favela no porta-malas de um carro da polícia”, relata a matéria, que destaca em um dos trechos que ”o crime lança uma sombra sobre toda a estratégia de pacificação do governo”.

O crime na Rocinha é avaliado de forma mais abrangente pela revista.

“O delito é quase sem precedentes: tortura é rotina em muitas delegacias de polícia. Polícia, bombeiros e ex-militares formaram milícias que levam os traficantes para além de muitas favelas e que vão estabelecer seus próprios reinados de terror”, analisa o repórter da Spiegel.

Mais adiante, a Spiegel ressalta que “os grupos de traficantes já tentaram várias vezes retomar favelas pacificadas. Houve tiroteio, especialmente no Complexo do Alemão. E bandidos que fugiram dessas favelas se refugiaram em outras favelas na periferia da cidade, levando a um aumento da violência suburbana”.

O Raios X da segurança no Rio de Janeiro feito pela Spiegel não faltou as atuais manifestações que estão tomando as ruas do Rio de Janeiro e marcadas por fortes confrontos entre manifestantes e Polícia Militar.

“…a polícia está reprimindo mais brutalmente os manifestantes. Praticamente todas as semanas há uma batalha de rua no Rio de Janeiro entre manifestantes e policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e violência aparentemente excessiva, mesmo contra transeuntes”, relata.

Em seguida, a matéria destaca um comentário de Francisco Carlos Teixeira da Silva, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro: “A polícia foi menos violenta sob a ditadura militar do que no governador Cabral”.

No Viomundo | JB
*comtextolivre