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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, janeiro 05, 2014
Uma mulher verdadeiramente mulher na luta pela justiça
Querida aluna Lázara Polyane
Solidarizo-me profundamente contigo, minha querida amiga, em face de teu
sofrimento. Certamente não fraquejarás e continuarás teu sonho de ser
mãe, estudante, trabalhadora e mulher de fibra.
Compartilho contigo abaixo a entrevista da Deputada Manuela D’Ávila. Vale a pena conferir.
Tenho a honra de conhecer pessoalmente a Manuela e tê-la como minha amiga no Facebook e no Twitter.
Testemunho-te que se trata de uma mulher maravilhosa em todos os
sentidos. É uma jovem política extremamente apaixonada pelo povo e pela
luta pelos direitos das mulheres. Tudo o que ela diz na entrevista
abaixo é pura verdade. Sem nenhuma demagogia.
Como deputada mais votada no Rio Grande do Sul e como candidata a
prefeita em segundo lugar nas últimas eleições de Porto Alegre a Manuela
é pessoa extremamente simples e humilde.
Conversei com ela algumas vezes, na última vez que nos vimos foi em 2009
na Câmara de Vereadores em Caxias do Sul quando compareci para
prestigiar o congresso municipal de seu partido. Fiz parte da mesa dos
trabalhos e estive ao seu lado. Contou-me que estava extremamente
cansada e sem dormir há várias noites. Iria para o hotel onde se
hospedava para tirar uma soneca, disse rindo. Estava extenuada por sua
dedicação ao povo, aos jovens e às mulheres.
Sei, Lázara, que o campo partidário e parlamentar é lugar onde muitos
canalhas atuam. Porém, não é justo fazermos confusão: há muita gente
digna e apaixonada pelo povo. A Manuela é uma dessas parlamentares e
militantes.
Ela voltará para o RS e lá disputará uma vaga para a Assembleia
Legislativa. Certamente rebentará eleitoralmente. Torço por isso. O povo
precisa de pessoas como a deputada Manuela, digna e comprometida em
qualquer cargo que exercer.
Torço também para que a jovem e bela mulher Manuela nunca se canse de
ser militante justa e aguerrida. Não se canse da ingratidão e da
ignorância do senso comum que não reconhece a vida e o serviço
consagrado de quem se dedica à missão pública.
A indignação da deputada contra o machismo e achincalhamento das
mulheres é convidativa à reflexão de tod@s, de homens e mulheres.
Peço-te que leias a entrevista e a compartilhes juntamente com o link
deste blog, que é parte de uma luta que fazemos por relações justas
entre as pessoas. Sei que essa entrevista te confortará e esclarecerá.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
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“Não quero ser um novo homem. Não foi pra isso que lutei”, diz Manuela
ÚNICA MULHER A LIDERAR A BANCADA DE UM PARTIDO EM BRASÍLIA, ELA FOI A
VEREADORA MAIS JOVEM DA HISTÓRIA DE PORTO ALEGRE E A DEPUTADA FEDERAL
MAIS VOTADA DO RIO GRANDE DO SUL. ÀS VÉSPERAS DE COMPLETAR UMA DÉCADA DE
VIDA PÚBLICA E DE SE DESPEDIR DO CONGRESSO, MANUELA D'ÁVILA AINDA SOFRE
COM O PRECONCEITO.
No mês passado, um deles a acusou de não pensar com a cabeça, mas com o
coração, numa tentativa de constrangê-la pelo antigo namoro com o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Aqui, ela fala porque não
aceita esse tipo de machismo, da paixão pelo novo marido e da decisão de
deixar a capital federal
Em entrevista num café de Porto Alegre, ela relembrou a infância meio
nômade, quando a mãe, juíza, tinha que se mudar com frequência. Falou da
força que tirou dessa casa matriarcal, com três irmãs e um irmão, e
relembrou o embate na Câmara de que se despede agora.
Marie Claire: Por que a reação tão inflamada ao comentário do deputado Duarte Nogueira?
Manuela D`Ávila: Aquilo acionou meu dispositivo da defesa mais profundo,
que tem a ver com minha trajetória [de luta contra o machismo]. Não
posso deixar que coloquem em xeque meus nove anos de vida pública ou
meus quinze de militância política. Fiquei indignada de ouvir aquilo,
como se eu tivesse que provar alguma coisa para alguém. Os homens não
têm que provar o que eles são. Já nós, mulheres, temos que fazer isso o
tempo todo, mesmo quando não estamos a fim. É cansativo. Dá vontade de
ir embora. Mas estou na política porque quero mudar o mundo. Tem
mulheres que apanham por causa desse tipo de pensamento. O filho escuta e
acha que as mulheres não valem nada. Temos uma sociedade doente, que
ainda extermina mulheres. O que meu colega fez comigo não foi bater numa
mulher, é evidente. Mas também não foi só uma piadinha infeliz. Foi o
máximo de machismo que alguém pode cometer com uma igual num ambiente de
trabalho.
MC: O machismo em Brasília diminuiu desde que você chegou ao Congresso?
MD: A gente tem uma presidenta da república e várias ministras mulheres.
Na prática e na marra, as coisas melhoraram. Mas eu ainda sou a única
líder mulher de um partido. Brasília é um espaço de homem.
MC: Isso dificultou sua vida?
MD: Semana passada [a do debate com o deputado Duarte Nogueira] foi
muito difícil. Ouvi de algumas pessoas: “Ah, mas o vídeo tem mais de 100
mil views”. Preferia que ele não existisse! Aquilo não é uma novela.
Sou eu quem estava lá! Não estou em Brasília para ser vítima de
machismo. Deletaria todos aqueles views para não sentir aquilo de novo.
Já me emocionei por coisas boas como a devolução dos mandatos comunistas
que foram cassados pela ditadura de 1948. Mas não me lembro de ter
ficado tão emocionada por uma coisa ruim como essa.
MC: O episódio do Duarte Nogueira foi o pior insulto que já recebeu no trabalho?
MD: Não sei... Já fizeram muitas matérias me chamando de musa da Câmara.
Era uma forma de me menosprezar. Essa é a mais recente, apenas.
MC: Por que o namoro com o Zé Eduardo sempre volta à tona?
MD: Porque ele era o protagonista do episódio [Cardozo foi à Câmara
falar sobre sua conduta na investigação do cartel da Siemens. Ele é
acusado de iniciar uma investigação tendenciosa e vazar informações à
imprensa para prejudicar o PSDB]. Todo o tempo em que eu estava
discutindo política, ele [o deputado Duarte Nogueira (PSDB/SP)] pensava:
“Ah, ela está discutindo política aqui porque namorou o ministro”. Na
cabeça dele, só posso fazer política porque namorei um ministro.
MC: Algumas feministas confundem gentileza com machismo, proibindo, por exemplo, que lhe abram a porta do carro. Você é assim?
MD: Não gosto de dogmas, eles são burros. Deixo que abram a porta, sim.
Eu também abro a porta pra uma galera. Mas sou meio militante da divisão
de despesas. Isso é típico da mulher independente da minha geração:
divido 100% das despesas, faço tudo na ponta do lápis. Divido tudo no
casamento, com amigos, irmãos...
MC: Acha que o aplicativo Lulu, no qual as mulheres dão notas aos homens, é revanchismo?
MD: Não revanchismo, mas sinal de uma liberação que gera um igual no que
há de pior. Eu não lutei pra sentar na mesa do bar e me orgulhar de que
eu tenho outros quatro homens. Sempre achei horroroso ver um cara se
gabar porque coleciona ou engana mulheres.
MC: Estamos perto de ter um deputado homem que coloque o aborto na pauta?
MD: O Jean [Wyllys] põe. Os homens da nossa bancada colocam.Mas não, não estamos perto.
MC: Então ainda é um papel das mulheres. Na sua opinião, por que o aborto tem que deixar de ser crime?
MD: Porque a ilegalidade do aborto mata milhares de mulheres no Brasil e
as coloca na ilegalidade. Coloca as mulheres como criminosas.
MC: Por que não quer mais ficar em Brasília?
MD: Passei por uma reflexão pessoal: quero voltar a viver na minha
cidade, que é Porto Alegre. Quero estar mais próxima dos movimentos
sociais. Alguns dizem ‘Ah, boba, tu é a mais votada’. Mas não quero
acumular poder, poder, poder. Posso morar na minha cidade? Posso ser
mais feliz com meu marido? Há 10 anos eu viajo um monte e agora não
quero mais. É crime eu querer ser mais feliz e também fazer política?
Acho que dá pra conciliar.
MC: Qual foi o momento mais difícil da sua vida pública?
MD: É difícil fazer campanha doente, estar na rua sem dormir, triste,
sem vontade. Mas o dia mais difícil da minha vida pública foi quando um
cara disse que não votaria em mim porque eu estava em Porto Alegre num
dia de semana. Eu tinha viajado para enterrar a minha avó, que tinha
acabado de morrer. Isso me quebrou por dentro. Foi quando vi que as
pessoas não estão nem aí pra ti na vida pública.
Fonte: Marie Claire
* Blog Justiceira de Esquerda
ERUNDINA: "FALTA COERÊNCIA POLÍTICA AO PSB"
Aposta de Marina Silva para disputar o governo de São Paulo e, assim,
afastar o PSB de Eduardo Campos do tucano Geraldo Alckmin, deputada
federal evita entrar na polêmica mas não descarta candidatura: “Não
podemos colocar as coisas nesses termos, para não quebrar a unidade
PSB-Rede”; sem citar diretamente a responsabilidade de Campos na falta
de sentido político nos acordos regionais, ela culpa a “lógica eleitoral
que se superpõe a tudo”
5 DE JANEIRO DE 2014
247 – Cogitada por Marina Silva para disputar o governo de São Paulo e
assim afastar o PSB de Eduardo Campos do tucano Geraldo Alckmin, a
deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) se diz contra a estratégia
desenhada pelo partido: "A certeza que tenho é que não há coerência
política a ponto de se conseguir dar unidade a alianças que podem ser
reproduzidas no resto do país".
Em entrevista à Folha de S. Paulo,
Erundina evita criticar Campos e diz que a culpa é da “lógica eleitoral
que se superpõe a tudo”. Segundo ela, Marina Silva pode dar outro rumo à
sigla: “A junção entre PSB e Rede é salutar, é a construção coletiva de
um processo novo e vamos acumular para, se não for nessa eleição,
introduzir algo novo num futuro que espero ser próximo”.
Sobre o quadro em São Paulo, ela defende candidatura própria junto com a
Rede para construir uma nova força política e quebrar a polarização
PT-PSDB. “Essa história de palanque duplo, palanque triplo, é um
absurdo, é contribuir para esse quadro político caótico”. Questionada
sobre sua intenção de se candidatar, ela diz que se trata de um processo
complexo. “Não podemos colocar as coisas nesses termos, para não
quebrar a unidade PSB-Rede”.
* Blog Justiceira de Esquerda
1º de abril tem tudo para se transformar numa grande mobilização nacional pela punição dos torturadores
* Jornal A Nova Democracia.
No
próxima dia 1º de abril de 2014 completam-se 50 anos do golpe fascista
que instaurou o odioso regime militar no Brasil, patrocinado pelo USA.
Assim como nos anteriores, diversas
organizações populares irão realizar manifestações em todo o país contra
a comemoração do golpe.
Porém, este ano (ano da Copa da Fifa e da farsa eleitoral) grandes
manifestações se avizinham e o 1º de abril tem tudo para se transformar
numa grande mobilização nacional pela punição dos torturadores do regime
militar e de denúncia da farsa de "democracia" que até os dias atuais
ainda prevalece no Brasil: a "democracia" da grande burguesia, do
latifúndio, da repressão policial, das chacinas, da miséria e da
exploração contra o povo.
Lembremos também dos heróis que tombaram na luta contra o regime
militar: Homens e mulheres, muitos deles no florescer de sua juventude,
que, generosamente, e de armas nas mãos, entregaram suas vidas pela
libertação de nosso país.
*FláviaLeitão
sábado, janeiro 04, 2014
Amar o jornalismo, criticar a imprensa
A imprensa brasileira funciona como um partido de oposição, mais
eficiente, estruturado, coeso e determinado do que as agremiações
políticas oficiais. Mas não se trata de um partido de oposição à aliança
que governa o Brasil desde 2003: é uma organização política que em
muitos aspectos se assemelha ao Tea Party americano, ou seja, um sistema
estruturante do pensamento mais conservador que frequenta o espaço
público.
Se o governo federal estivesse nas mãos do PSDB, e este atuasse como um
partido socialdemocrata nos moldes europeus, a imprensa teria uma
atitude semelhante, de oposição.
As evidências do comportamento enviesado da mídia tradicional, aquela
que domina a agenda institucional e serve à indústria cultural, são
muitas e foram consolidadas paralelamente a um processo de
empobrecimento da atividade jornalística nas últimas décadas. O processo
é longo, foi marcado por disputas cruentas no interior das redações no
período imediatamente posterior à redemocratização, e afinal vencido
pelo conservadorismo no início deste século.
O fato de o Partido dos Trabalhadores ter alcançado o poder federal na
mesma época é daquelas ironias da história observadas pelo historiador
Isaac Deutscher ao analisar o comunismo dos anos 1960.
A controvérsia em torno desse comportamento da imprensa se sustenta
precariamente no fato de que a maioria dos analistas se prende à relação
entre os principais veículos de informação e o núcleo de poder ligado
ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Um operário na Presidência
significou, para as famílias que ainda controlam as empresas de
comunicação, uma ofensa tão grande quanto tem sido, para a elite
conservadora dos Estados Unidos, a ascensão de um negro ao cargo mais
alto daquela nação.
Essa relação de ódio e negação se estende por tudo que estiver ligado a
esse evento histórico: o fato de a democracia brasileira ter evoluído
ao ponto de eleger presidente um operário com pouca educação formal. Não
é o PT que a imprensa odeia e despreza: é o processo democrático, que
permitiu essa “aberração”.
Não por acaso, os leitores típicos dos jornais e de publicações como Veja e Época
manifestam costumeiramente sua baixa apreciação pelo “povo” e sua
capacidade de discernimento, como se pode observar nas seções de cartas e
comentários.
Jornalismo em crise
Criticar a imprensa, denunciando o jornalismo partidário, é na verdade
uma demonstração de respeito ao jornalismo e à imprensa, como ela
deveria ser.
Defender a imprensa como ela é e conformar-se com o jornalismo de
quinta categoria que tem sido imposto aos brasileiros, de forma geral, é
sintoma de alienação, ou, pior, recurso de malabarismo intelectual
para preservar a reputação sem cair no index do sistema da mídia.
Louve-se: é preciso muito jogo de cintura para salvar a ficção da
objetividade sem ter as portas fechadas pelas redações. No entanto,
chegamos ao ponto em que não há subterfúgios, pois a escolha da imprensa
hegemônica está destruindo o jornalismo de qualidade no Brasil.
Concretamente, o jornalismo brasileiro é pior, hoje, do que há vinte
anos? A resposta é: sim, piorou não apenas a qualidade do jornalismo no
Brasil, mas também a qualificação dos jornalistas, de modo geral, e a
própria noção do valor social da atividade jornalística.
Uma pesquisa coordenada pela professora Roseli Fígaro na USP constatou essa realidade (ver resenha do livro aqui): o jornalismo brasileiro está imerso em profunda crise. Um artigo publicado na quinta-feira (2/1) pela Agência Fapesp (ver aqui)
atualiza alguns aspectos desse estudo. O texto afirma explicitamente
que “os produtos jornalísticos impressos, televisivos ou radiofônicos
são feitos de maneira completamente diferente do que há cerca de vinte
anos”.
A mudança foi para pior, segundo a pesquisa, provocada principalmente
por uma reestruturação produtiva nas redações, com o aumento do número
de jornalistas sem registro profissional e o afastamento dos
profissionais mais experientes.
A desconstrução do jornalismo foi feita pedra por pedra, e não é apenas
fenômeno causado pelas novas tecnologias de comunicação, mas por uma
escolha estratégica das empresas. Trata-se de um processo que corre
paralelo ao projeto conservador de poder, que, não podendo eventualmente
ser realizado pelas vias partidárias, porque o eleitorado parece
rejeitar suas propostas, passa a atuar pelo sistema da mídia.
Simples assim.
Luciano Martins Costa
*comtextolivre
Mujica se desprende cada vez mais do atraso latino-americano
A chocante perseguição da Globo à Genoíno
Enviado por Miguel do Rosário
on 04/01/2014 – 1:30 pm
17 comentários
Tantos fatos políticos acontecendo no Brasil, e o jornal O Globo
continua obcecado em perseguir um homem doente e já condenado pela
Justiça. O jornal publica hoje matéria de quase uma página inteira apenas para informar que Genoíno “mudou de endereço” em Brasília.
Genoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
0240
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/01/04/a-chocante-perseguicao-da-globo-a-genoino/#sthash.GWyu8i6S.dpufGenoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
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Mujica se desprende cada vez mais do atraso latino-americano
A ousadia de Mujica
Por Cynara Menezes, em CartaCapital
Em um episódio de 1995 do desenho animado Os Simpsons, Homer, o
patriarca da família e símbolo da classe média americana, localiza, em
um globo terrestre, o pequeno Uruguai, ao sul da América do Sul, e erra a
pronúncia do país: “You Are Gay”.
Quase duas décadas mais tarde e após
três anos de um governo de esquerda, o ex-guerrilheiro tupamaro José
“Pepe” Mujica deu a nosso vizinho de 3,4 milhões de habitantes tanto
destaque no mapa que até Homer, sinônimo no Brasil do telespectador
médio do Jornal Nacional da Rede Globo, seria hoje capaz de
reconhecê-lo.
Mujica é, segundo definições mundo afora, “o político mais incrível”, “o líder que faz sonhar”, “o presidente mais pobre do planeta”, que abriu mão de 90% do salário e preferiu morar em sua chácara em vez de na residência oficial. A revista americana Foreign Policy o listou entre os cem pensadores mais importantes de 2013, por redefinir o papel da esquerda no mundo.
Mujica é, segundo definições mundo afora, “o político mais incrível”, “o líder que faz sonhar”, “o presidente mais pobre do planeta”, que abriu mão de 90% do salário e preferiu morar em sua chácara em vez de na residência oficial. A revista americana Foreign Policy o listou entre os cem pensadores mais importantes de 2013, por redefinir o papel da esquerda no mundo.
“Quando o presidente venezuelano Hugo Chávez morreu, em março, muitos
acharam que o crescente movimento de esquerda latino-americana morreria
com esse populismo de camisas vermelhas. Poucos meses depois,
entretanto, o movimento encontrou um novo e pouco provável guia em José
Mujica, presidente do Uruguai”, anota a publicação. “A controversa
agenda de Mujica, que o fez ganhar tanto amigos quanto detratores, gerou
um novo debate sobre o futuro da esquerda latino-americana. Ao
estabelecer uma ruptura entre o claro antiamericanismo de Chávez e
também com o profundo conservadorismo social da América Latina, Mujica
aponta para um possível caminho futuro para seus camaradas.”
Pepe despertou uma verdadeira Mujicamania até mesmo entre quem tenta
esquecer seu passado de guerrilheiro que sequestrou e assaltou bancos
durante a ditadura uruguaia e que passou 10 de seus 14 anos de prisão na
solitária, edulcoração semelhante à produzida pela mídia mundial em
relação a Nelson Mandela.
Mujica não dá, porém, sinais de pretender interromper os seus projetos “revolucionários”, em nome da conciliação ou da governabilidade. Na campanha presidencial, nunca amenizou o discurso para conquistar ou acalmar o eleitorado conservador. “Se chego a segurar o manche, vou expor minhas ideias. Vou propô-las e, se não aceitarem, que me apresentem outro projeto”, disse, em longa entrevista ao veterano jornalista uruguaio Samuel Blixen no livro El Sueño de Pepe. “Nós, os esquerdistas, vivemos tempo demais prisioneiros de um marxismo mecanicista, que não é culpa do velho Marx, mas do que veio depois.”
Postas em prática, as ideias surpreendem o mundo pelo viés progressista. Enquanto, no Brasil, religiosos chantageiam e encurralam o governo, na terra de Mujica, só neste ano, foram legalizados o aborto até o terceiro mês e o casamento gay.
Mujica não dá, porém, sinais de pretender interromper os seus projetos “revolucionários”, em nome da conciliação ou da governabilidade. Na campanha presidencial, nunca amenizou o discurso para conquistar ou acalmar o eleitorado conservador. “Se chego a segurar o manche, vou expor minhas ideias. Vou propô-las e, se não aceitarem, que me apresentem outro projeto”, disse, em longa entrevista ao veterano jornalista uruguaio Samuel Blixen no livro El Sueño de Pepe. “Nós, os esquerdistas, vivemos tempo demais prisioneiros de um marxismo mecanicista, que não é culpa do velho Marx, mas do que veio depois.”
Postas em prática, as ideias surpreendem o mundo pelo viés progressista. Enquanto, no Brasil, religiosos chantageiam e encurralam o governo, na terra de Mujica, só neste ano, foram legalizados o aborto até o terceiro mês e o casamento gay.
Para culminar, a legalização da maconha, aprovada pelo Senado por 16
votos a favor e 13 contra na terça-feira 10 e que agora vai à sanção do
presidente, é uma experiência única. O Estado controlará a produção e a
comercialização em farmácias a 1 dólar o grama. Os usuários poderão
cultivar até três pés da planta em suas próprias casas e organizar
cooperativas de consumo.
O objetivo é acabar com o tráfico da erva no Uruguai e reduzir a criminalidade. Segundo o presidente, a maconha não será legalizada, mas regulada, em substituição a um mercado à margem das regras. A oposição criticou a transformação do país em um “laboratório” e ameaçava recorrer a um referendo para derrubar o projeto. Rival de Mujica em 2009, o ex-presidente Luis Alberto Lacalle ironizou e sugeriu a criação de uma “Petrobras da erva”.
A Junta Internacional de Fiscalização de Estupefacientes, órgão das Nações Unidas responsável por supervisionar o cumprimento de convenções sobre drogas, condenou a decisão e afirmou que a lei viola os tratados internacionais assinados pelo Uruguai.
O objetivo é acabar com o tráfico da erva no Uruguai e reduzir a criminalidade. Segundo o presidente, a maconha não será legalizada, mas regulada, em substituição a um mercado à margem das regras. A oposição criticou a transformação do país em um “laboratório” e ameaçava recorrer a um referendo para derrubar o projeto. Rival de Mujica em 2009, o ex-presidente Luis Alberto Lacalle ironizou e sugeriu a criação de uma “Petrobras da erva”.
A Junta Internacional de Fiscalização de Estupefacientes, órgão das Nações Unidas responsável por supervisionar o cumprimento de convenções sobre drogas, condenou a decisão e afirmou que a lei viola os tratados internacionais assinados pelo Uruguai.
Em nota, Raymond Yans, presidente da entidade, declarou “surpresa” com a
aprovação e se reportou a uma convenção de 52 anos atrás. “O objetivo
principal da Convenção Única de 1961 é proteger a saúde e o bem-estar da
humanidade. A Cannabis está submetida a controle por esta convenção,
que exige dos Estados signatários limitar seu uso a fins médicos e
científicos, devido a seu potencial para causar dependência.”
Um documento interno da ONU, divulgado pelo jornal britânico The Guardian no começo de dezembro, revela, porém, uma insatisfação crescente dos países que assinaram a convenção. A Noruega e o México criticam os maus resultados da guerra às drogas e da proibição. Para a Suíça, a repressão tende a afastar os consumidores dos serviços de saúde pública que previnem as doenças transmissíveis pelo sangue. O Equador solicitou “esforços especiais” no sentido de reduzir a demanda.
Diante das críticas, Mujica ressaltou o caráter inovador da legislação e manteve-se firme. “Vamos ter dificuldades? Certamente, mas a quantidade de mortos por ajustes de contas por causas vinculadas ao narcotráfico representa uma dificuldade muito maior”, disse, em entrevista ao uruguaio La República. “Iniciamos um caminho para combater o vício por meio da educação e identificando os que consomem e tendem a se desviar do caminho.
Einstein dizia que não há maior absurdo que pretender mudar os resultados repetindo sempre a mesma fórmula. Por isso queremos experimentar outros métodos.”
Um documento interno da ONU, divulgado pelo jornal britânico The Guardian no começo de dezembro, revela, porém, uma insatisfação crescente dos países que assinaram a convenção. A Noruega e o México criticam os maus resultados da guerra às drogas e da proibição. Para a Suíça, a repressão tende a afastar os consumidores dos serviços de saúde pública que previnem as doenças transmissíveis pelo sangue. O Equador solicitou “esforços especiais” no sentido de reduzir a demanda.
Diante das críticas, Mujica ressaltou o caráter inovador da legislação e manteve-se firme. “Vamos ter dificuldades? Certamente, mas a quantidade de mortos por ajustes de contas por causas vinculadas ao narcotráfico representa uma dificuldade muito maior”, disse, em entrevista ao uruguaio La República. “Iniciamos um caminho para combater o vício por meio da educação e identificando os que consomem e tendem a se desviar do caminho.
Einstein dizia que não há maior absurdo que pretender mudar os resultados repetindo sempre a mesma fórmula. Por isso queremos experimentar outros métodos.”
Tanto o líder uruguaio quanto sua mulher, a também ex-tupamara e
senadora pela Frente Ampla Lucía Topolansky, confessaram ter pouco ou
zero conhecimento sobre a maconha até assumirem o projeto pela
legalização. “Nós dois, como temos certa idade (ela, 69, ele, 78),
éramos perfeitos ignorantes no assunto. Éramos. Agora não”, disse
Topolansky, cotada para o posto de vice na chapa do provável candidato à
sucessão de Mujica, o ex-presidente Tabaré Vázquez.
Quando a notícia sobre a legalização apareceu nas agências internacionais, surgiram as primeiras reações contrárias na vizinhança. No Peru, especialistas temiam que a liberação aumentasse a produção de drogas no país de Ollanta Humala. Segundo levantamentos de especialistas, a maconha a ser produzida pelo sistema estatal uruguaio não daria para cobrir nem a metade da demanda de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Quando a notícia sobre a legalização apareceu nas agências internacionais, surgiram as primeiras reações contrárias na vizinhança. No Peru, especialistas temiam que a liberação aumentasse a produção de drogas no país de Ollanta Humala. Segundo levantamentos de especialistas, a maconha a ser produzida pelo sistema estatal uruguaio não daria para cobrir nem a metade da demanda de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
“O Uruguai, minúsculo em população, pode funcionar como um
‘país-laboratório’ perfeito. O potencial impacto negativo para os países
vizinhos, se vier a acontecer, deverá ter proporções muito pequenas”,
opina o psiquiatra Luís Fernando Tófoli, professor da Unicamp. “Ao se
colocar em perspectiva o tamanho do passo dado na direção de poupar as
vidas perdidas na guerra contra o tráfico, é um risco que vale a pena
ser corrido.”
Houve quem recebesse a brisa vinda do Sul com franco entusiasmo. O
ministro das Relações Exteriores, Luis Almagro, contou que as embaixadas
uruguaias têm recebido consultas de estrangeiros interessados em fixar
residência no país onde a maconha é livre, mas esclareceu: não será
permitido o “turismo da Cannabis” nos moldes da Holanda. E o potencial
econômico da produção e comercialização começa a atrair as atenções de
centenas de produtores agrícolas e investidores estrangeiros, segundo o
jornal uruguaio El Observador.
Para o ex-presidente mexicano Vicente Fox (foto acima), hoje um ativista e futuro
investidor da maconha liberada, a legalização foi um “dia de festa”.
“Parece-me que o Uruguai vai ganhar uma grande reputação. A medida é
correta, vai evitar ser um território com violência e narcotráfico como
no México. É uma decisão muito vanguardista.” Em maio, o ex-presidente
se associou ao ex-executivo da Microsoft Jamen Shively, que registrou a
primeira marca de maconha, a Diego Pellicer, em homenagem a um
antepassado de Shively.
Até o momento, a dupla conseguiu reunir os 10 milhões de dólares
necessários para investir em uma casa de distribuição de Cannabis no
estado de Washington, um dos dois estados americanos onde é permitida a
venda de maconha para uso recreativo. O outro é o Colorado. Em 18
estados, o uso medicinal é permitido. Presume-se que apenas nos EUA o
negócio da maconha poderá movimentar 20 bilhões de dólares anuais.
Obviamente, a ideia do socialista Mujica, ao chamar para o Estado a
produção e comercialização da maconha, não é transformar o vício em
negócio. Ao contrário. O presidente do Uruguai conquistou fãs ao redor
do mundo por sua posição anticonsumo, como ficou explícito no célebre
discurso na Assembleia das Nações Unidas, em setembro. “A política,
eterna mãe do acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado”,
criticou. Não seria com a maconha, uma planta, que Mujica iria agir
diferente, em busca de divisas para sua nação.
A principal dúvida recai sobre o modelo estatal de produção e
comercialização. “Acho excessivamente regulamentado, diante de uma
planta tão ‘anárquica’. Pode incentivar a desobediência civil a alguns
pontos, como a necessidade de cadastro ou o limite de cultivo. Mas ainda
é cedo para julgar”, pondera Tófoli. “O plano está posto. Vamos vê-lo
em funcionamento na sociedade uruguaia para podermos criticar, sugerir
melhoras e, principalmente, pensar como proceder no Brasil.”
Em um subcontinente dividido entre a névoa do socialismo do século XXI e
uma esquerda desenvolvimentista à moda dos anos 60 do século passado,
Mujica mostra-se uma liderança sintonizada às demandas da modernidade.
Logo ele, mais parecido a um personagem saído de algum romance
latino-americano do século XIX.
Free ilustration by: militanciaviva!
A chocante perseguição da Globo à Genoíno
Enviado por Miguel do Rosário
on 04/01/2014 – 1:30 pm
17 comentários
Tantos fatos políticos acontecendo no Brasil, e o jornal O Globo
continua obcecado em perseguir um homem doente e já condenado pela
Justiça. O jornal publica hoje matéria de quase uma página inteira apenas para informar que Genoíno “mudou de endereço” em Brasília.
Genoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
0240
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/01/04/a-chocante-perseguicao-da-globo-a-genoino/#sthash.GWyu8i6S.dpufGenoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
0240
A chocante perseguição da Globo à Genoíno
Enviado por Miguel do Rosário
on 04/01/2014 – 1:30 pm
17 comentários
Tantos fatos políticos acontecendo no Brasil, e o jornal O Globo
continua obcecado em perseguir um homem doente e já condenado pela
Justiça. O jornal publica hoje matéria de quase uma página inteira apenas para informar que Genoíno “mudou de endereço” em Brasília.
Genoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
0240
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/01/04/a-chocante-perseguicao-da-globo-a-genoino/#sthash.GWyu8i6S.dpufGenoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
0240
A chocante perseguição da Globo à Genoíno
Enviado por Miguel do Rosário
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Tantos fatos políticos acontecendo no Brasil, e o jornal O Globo
continua obcecado em perseguir um homem doente e já condenado pela
Justiça. O jornal publica hoje matéria de quase uma página inteira apenas para informar que Genoíno “mudou de endereço” em Brasília.
Genoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
0240
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E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica – tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?
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