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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, janeiro 05, 2014

1º de abril tem tudo para se transformar numa grande mobilização nacional pela punição dos torturadores

* Jornal A Nova Democracia.
No próxima dia 1º de abril de 2014 completam-se 50 anos do golpe fascista que instaurou o odioso regime militar no Brasil, patrocinado pelo USA. Assim como nos anteriores, diversas organizações populares irão realizar manifestações em todo o país contra a comemoração do golpe. Porém, este ano (ano da Copa da Fifa e da farsa eleitoral) grandes manifestações se avizinham e o 1º de abril tem tudo para se transformar numa grande mobilização nacional pela punição dos torturadores do regime militar e de denúncia da farsa de "democracia" que até os dias atuais ainda prevalece no Brasil: a "democracia" da grande burguesia, do latifúndio, da repressão policial, das chacinas, da miséria e da exploração contra o povo. Lembremos também dos heróis que tombaram na luta contra o regime militar: Homens e mulheres, muitos deles no florescer de sua juventude, que, generosamente, e de armas nas mãos, entregaram suas vidas pela libertação de nosso país.
*FláviaLeitão

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