247 – Depois
de recusar todos os convites que lhe foram feitos para participar do
Forum Econômico Mundial – o chamado encontro dos ricos, em Davos, nos
alpes suíços --, a presidente Dilma Rousseff finalmente decidiu subir a
montanha.
Com uma extensa comitiva formada por seu primeiro escalão econômico, ela
terá plateia completa para sua exposição na sexta-feira 24, no Business
Interaction Group on Brazil. Para o auditório com capacidade para 70
cadeiras já se foram feitas 90 inscrições.
A presidente chegará a Davos com o moral alto sobre o capital
internacional. Vista, inicialmente, como adversária do grande
empresariado, Dilma conseguiu uma virada de jogo com seu programa de
concessões em infraestrutura. Dos setores de petróleo ao de aeroportos,
as concessões atrairam ao País alguns dos mais poderosos grupos
internacionais de cada setor, garantindo investimentos bilionários nos
próximos anos.
A presidente, é claro, ainda terá muitas resistências a enfrentar. Sua
prática de governo à esquerda dos países ricos deixa dúvidas entre
investidores, mas esse panorama pode estar mudando rapidamente. Dilma
levará para Davos a preocupação de se comprometer com o combate à
inflação e a responsabilidade fiscal. Uma parte importante de seu
pronunciamento, que será seguido de perguntas da plateia, vai bater na
tecla do potencial de crescimento da economia brasileira.
PESSIMISMO MIDIÁTICO - A
revista The Economist afirmou, em sua edição desta semana, que o ano de
2014 não começou bem para Dilma. A publicação se refere à alta de
preços verificada em dezembro, o que projeta uma taxa de inflação de 6%
para estourar no período da eleição.
A torcida contra, porém, parece precipitada. Vale considerar, nas
perspectivas deste ano, que Dilma já obteve uma importante vitória no
plano internacional. Ao cancelar sua visita aos Estados Unidos, no ano
passado, após a descoberta da espionagem americana sobre cidadãos e o
governo brasileiro, inclusive a própria presidente, Dilma agiu como uma
verdadeira estadista. Não se dobrou ao poderio americano.
Depois dela, diante de nova revelação, a chanceler alemã Angela Merkel
tomou atitude semelhante de oposição aos métodos americanos. O resultado
é que, nesta sexta-feira 17, o presidente Barack Obama estará
anunciando ao mundo uma profunda mudança nos métodos de ação da Agência
Nacional de Segurança. Sem dúvida, um ponto importante para Dilma que
não deixará de ser considerado na recepção que ela terá em Davos. Chega
com o respeito pessoal em alta.
A delegação brasileira terá os presidentes do BC Alexandre Tombini, e do
BNDES, Luciano Coutinho, além dos ministros Guido Mantega, da Fazenda,
Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, e o chanceler Luiz Alberto
Figueiredo Machado.
Presidente do Fórum, Klaus Schwab elogiou a estreia em grande estilo da
presidente em Davos. "A presença da presidente é um grande sinal da
confiança que ela tem na comunidade empresarial. O Brasil tem todos os
ingredientes para superar essa crise de meia-idade".
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