A casa grande não brinca em serviço
As imagens falam mais que mil palavras.
A velha máxima nunca foi tão verdadeira quanto na quinta-feira, 23 de janeiro de 2014.
As fotos estão aí na internet para todos verem.
Para quem preferir o movimento, existem os vídeos.
E há o discurso da delegada, desmentindo as evidências.
Como se fosse possível criar uma outra realidade, diversa dos fatos.
Nas fotos e nos vídeos, toda a brutalidade de uma ação desumana e insana.
Na verborragia oficial, todo o cinismo dos que se julgam acima das leis - justo eles que se dizem combatentes do crime.
Essa dicotomia marca a sociedade brasileira hoje.
De um lado está quem deseja mudar verdadeiramente o país.
De outro, quem resiste a qualquer mudança.
De
um lado, aqueles que enxergam no ser humano a capacidade de transformar
não só o ambiente, mas a si próprios, superando suas fraquezas, seus
vícios e toda a fragilidade da existência.
Do
outro, os que veem no homem apenas um instrumento a ser explorado em
busca da acumulação do capital, dos prazeres fugazes e dos meios fáceis
de materializar seus desejos de poder.
Anos
atrás, quando o Brasil vivia nas trevas da ditadura, um daqueles
ignóbeis generais que se revezavam no comando da tropa dos "90 milhões
em ação", proclamou, do alto de sua proverbial ignorância, que a luta de
classes estava abolida nestas tórridas terras.
Infelizmente, seu decreto não se cumpriu.
A
casa grande e a senzala ainda estão entre nós e só não vê isso quem tem
os olhos como os daquele esquecido general-ditador, sempre escondidos
atrás de grossas e escuras lentes de um óculos grande e desengonçado.
Este será um ano difícil.
Nem
começou e já os moradores da casa grande mostram aos da senzala que a
ignorância e a violência não são fortuitas, mas sim fazem parte de um
rigoroso planejamento e de uma apurada estratégia.
A casa grande não brinca em serviço.
Ela
sabe que o general-ditador estava completamente errado quando quis
contradizer as lições daquele velho e barbudo mestre alemão.
*GilsonSampaio
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