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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, janeiro 09, 2014

GOVERNABILIDADE SEM MESTRE



 do  Gilberto Maringoni
GOVERNABILIDADE SEM MESTRE (padrão surrealpolitik):
Não se governa sem Sarney,
Não se governa sem Maluf,
Não se governa sem Jader,
Não se governa sem Cabral,
Não se governa sem Katia Abreu,
Não se governa sem Kassab,
Não se governa sem agronegócio,
Não se governa sem evangélicos fundamentalistas,
Não se governa sem indicar a direita para o STF,
Não se governa sem deixar a Lei de Anistia como está,
Não se governa sem largar alguns companheiros pelo caminho,
Não se governa sem manter a institucionalidade tucana,
Não se governa sem privatizar,
Não se governa sem superávit primário,
Não se governa sem desonerar o capital,
Não se governa sem os juros mais altos do mundo,
Não se governa sem câmbio sobrevalorizado,
Não se governa sem encher a grande mídia de publicidade,
Pode-se governar assim por um tempo.
Pode-se ficar popular assim por um tempo.
Mas um dia, o tempo acaba.
E vai ser preciso governar sem tudo aquilo.
Sem os que acreditam que o cinismo
Seja boa argamassa para se construir um país

*GilsonSampaio

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