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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 06, 2014

São Paulo terá delegacia especializada para pessoas com deficiência


São Paulo terá delegacia especializada para pessoas com deficiênciaUnidade no centro da capital contará com equipe especializada com psicólogos, assistentes sociais e intérprete de Libras
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou nesta sexta-feira, 3, o decreto que cria a primeira delegacia especializada para pessoas com deficiência. A unidade será instalada no Palácio da Polícia Civil, na região da Luz, centro da capital paulista, e começará a funcionar em 45 dias.
Segundo o governo do Estado, a unidade terá como diferencial uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, assistentes sociais, intérprete de Libras (língua de sinais), entre outros profissionais que vão auxiliar as pessoas com deficiência vítimas de algum crime.
Para Linamara Rizzo Battistella, secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a equipe multidisciplinar da nova delegacia será importante porque permitirá que a vítima denuncie um crime sem precisar do auxílio de parentes, muitas vezes os autores da violência. “Temos um estudo que mostra que, na maioria dos casos, o agressor é um familiar. Como podemos saber se aquele parente que está acompanhando a vítima não é o autor da violência? Queremos que, ao chegar à delegacia, ele sinta-se confortável e seguro para falar exatamente a verdade.”
Segundo dados do governo do Estado, os deficientes estão mais sujeitos a ocorrências como desaparecimento, maus-tratos e abuso sexual.
De acordo com o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, a ideia é centralizar o atendimento a pessoas com deficiência nessa delegacia. No entanto, os demais distritos policiais continuarão registrando esse tipo de ocorrência. “O que nós queremos é ter um local em que ele seja atendido de maneira completa, com toda assistência, com acolhimento. Se ele não quiser ir até lá, o que nós queremos é que alguém da delegacia faça um contato. Ele pode ser atendido em Itaquera, em São Mateus, e o policial de lá vai ter a diretriz. Se tiver alguma dúvida, qualquer dificuldade, o policial entra em contato com a delegacia especializada para saber como agir”, disse.
*Deficienteciente

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