Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, janeiro 16, 2014

O Rolé do Dr. Joaquim e o Repórter que o obedeceu



Presidente da Corte, que antecipou recesso deixando em aberto mandados de prisão da AP 470, 
receberá mais de R$ 14 mil por 11 diárias em razão de duas palestras que fará em Paris e em 
Londres; a primeira delas está prevista para durar 30 minutos; a outra deve ocorrer cinco dias 
depois.
O Dr. Joaquim Barbosa deve estar espumando, mas não pode reclamar.
Quem constrói a imagem de “campeão do moralismo” tem de aguentar as consequências.
Há cinco meses, Barbosa grosseiramente acusou Ricardo Lewandowski de fazer “chicana” por querer mais discussão sobre um dos tópicos da Ação Penal 470, o chamado “mensalão”.
Decretou – sem expedir as cartas de sentença – a prisão de Dirceu, Genoíno e outros num feriadão.
Aproveitou a semana vazia do início do ano para determinar a prisão do deputado João Paulo Cunha e ocupar os jornais.
Daí, saiu correndo para suas férias, sem assinar os papéis devidos.
Agora, interromperá suas férias para duas aparições em eventos na França e na Inglaterra.
Coisa rápida, apenas um “rolezinho” em Paris e em Londres.
Com R$ 14.142,60 de diárias.
O Dr. Barbosa não pode mesmo reclamar.
A matéria é de Felipe Recondo, o repórter do Estadão a quem ele mandou “ir chafurdar no lixo”.
Ele foi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário