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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 06, 2014

O absurdo: Mercado Livre vende negros a R$ 1,00

por  Blogueiras Negras

Domingo 21:03 enquanto observo a brincadeira do meu filho com sua caixa de brinquedos dou de cara com a imagem de  2 crianças negras na minha time line no facebook. Me chama a atenção o fato da imagem aparecer no famoso site de compra e venda estilo faça você mesmo chamado Mercado Livre, seria uma foto, uma imagem um serviço? Meu choque me paralisa diante do produto disponível para lances de R$1,00. São negros a venda! Homens, mulheres ou crianças. Segundo o anuncio por apenas R$1,00 você adquire um negro, e eles possuem diversas funções com destaque para: carpinteiros, pedreiros, cozinheiros, seguranças de boate, vassoureiros, garis e faxineiros.
A naturalidade com que o racismo é tratado pela grande massa é tamanha que não houve até o momento por parte do Mercado Livre nenhum tipo de controle que pudesse barrar o ser humano como mercadoria, mesmo se tratando de uma piada de muito mal gosto o anuncio foi criado, aprovado, disponibilizado e a compra pode ocorrer normalmente.
mercadolivre
Este é o reflexo do que a sociedade entende como a piada possível, essa é a relação Negro  x  Mercadoria da qual falamos incansavelmente nos nossos escritos e somos rebatidas com o argumento de que se trata de exagero da nossa parte.
O negro não só é tratado como mercadoria, como ainda precisamos lidar com quem não enxerga os motivos pelos quais uma luta é necessária.
Ao contrario do que você pode estar pensando agora, este não é um item pontual, isto é a personificação do dia a dia da população negra.
Aguardamos um posicionamento do Mercado Livre sobre este absurdo uma vez que em seus termos e condições de uso encontramos o item abaixo:
5. Não é permitido anunciar produtos expressamente proibidos pela legislação vigente ou pelos Termos e condições de uso do site, que não possuam a devida autorização específica de órgãos reguladores competentes, ou que violem direitos de terceiros;
Aparentemente o comercio de escravos ainda é permitido segundo a lógica do Mercado Livre que acoberta desta maneira a face de um racista atrás do anonimato.

Esta é mais uma noite de muita tristeza e decepção, que me faz perder um pouquinho da fé na humanidade.
*Mariadapenhaneles

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