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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 25, 2014

Policiais civis de SP são suspeitos de comandar tráfico na cracolândia

A chamada 'Cracolândia', na maior capital do Brasil,São Paulo.



A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo investiga se parte do tráfico na região da cracolândia é comandada por dois policiais civis, um deles do departamento criado unicamente para combater esse tipo de crime: o Denarc.
 
Ontem, em busca de informações sobre esses policiais, agentes em um carro da Corregedoria da Polícia Civil acompanharam à distância a operação na região.
A Folha apurou que a prisão desses policiais deve ser acelerada porque a presença desse veículo foi notada, o que pode provocar a fuga dos dois suspeitos.
A Polícia Civil confirmou que um carro da Corregedoria esteve no local. Disse, porém, que o órgão foi acionado pelos usuários da cracolândia, durante a ação policial, por causa de supostos excessos.
A operação na cracolândia visava prender traficantes, segundo o Denarc.
A reportagem apurou que, para a cúpula da polícia, a prisão desses suspeitos não tem ligação com os policiais corruptos e, por isso, foi apoiada pela diretoria do departamento e pela Secretaria da Segurança Pública.
A pasta divulgou nota atestando que a ação "legítima".
No texto, o governo também reforçou a versão da polícia de que não foram usadas balas de borracha contra os usuários de crack. Vítimas dizem que houve disparos desse tipo de munição.

Fonte: FOLHA

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