Eu me sinto ofendido quando os evangélicos tentam associar a pedofilia à homossexualidade, porque isso é um desserviço à sociedade, na medida em que sabota a profilaxia necessária para evitar novos casos de abuso sexual. Se todo agressor sexual é um homossexual, por que uma mãe deveria desconfiar de um Joseph Frietzl, que era heterossexual?
Eu me sinto ofendido quando um espírita sugere que uma criança foi molestada nesta vida porque numa vida passada ela própria foi uma violadora. Para mim, isso não passa de uma tentativa refinada de transferir a culpa para a vítima, tática muito usada por estupradores. Qual a diferença entre dizer que uma mulher foi violentada porque usava uma saia curta e dizer que uma criança foi molestada porque em outra vida ela cometia crimes sexuais?
Eu também me sinto ofendido quando um mulçumano de setenta anos se casa com uma menina de nove para imitar o exemplo do profeta Maomé, e quando, num ritual judaico de circuncisão, um rabino enfia a boca no pênis mutilado de um recém-nascido para sugar-lhe o sangue.
Agora eu pergunto a todos esses que, sentindo-se ofendidos com galhofas ateístas, julgam-se no direito de prender, censurar, processar e decapitar: posso pagar a ofensa de que sou vítima empregando os mesmos métodos que vocês usam? Se sim, a quem devo prender? A quem devo processar? De quem devo tentar extorquir uns trocados? A cabeça de quem devo separar do tronco? Que corpos devo explodir?
*http://www.euracional.com.br/index.php/religiao/item/135-sentir-se-ofendido