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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 16, 2014

Charge foto e frase do dia



















































































































































LULA EXPLICA POR QUE O BRASIL VAI GANHAR E CRESCER MAIS.



Brasil: Pais das oportunidades!

Por Dr. Luiz Inácio Lula da Silva
Passados cinco anos do início da crise global, o mundo ainda enfrenta suas consequências, mas já se prepara para um novo ciclo de crescimento. As atenções estão voltadas para mercados emergentes como o Brasil. Nosso modelo de desenvolvimento com inclusão social atraiu e continua atraindo investidores de toda parte. É hora de mostrar as grandes oportunidades que o país oferece, num quadro de estabilidade que poucos podem apresentar.
Nos últimos 11 anos, o Brasil deu um grande salto econômico e social. O PIB em dólares cresceu 4,4 vezes e supera US$ 2,2 trilhões. O comércio externo passou de US$ 108 bilhões para US$ 480 bilhões ao ano. O país tornou-se um dos cinco maiores destinos de investimento externo direto. Hoje somos grandes produtores de automóveis, máquinas agrícolas, celulose, alumínio, aviões; líderes mundiais em carnes, soja, café, açúcar, laranja e etanol.
Reduzimos a inflação, de 12,5% em 2002 para 5,9%, e continuamos trabalhando para trazê-la ao centro da meta. Há dez anos consecutivos a inflação está controlada nas margens estabelecidas, num ambiente de crescimento da economia, do consumo e do emprego. Reduzimos a dívida pública líquida praticamente à metade; de 60,4% do PIB para 33,8%. As despesas com pessoal, juros da dívida e financiamento da previdência caíram em relação ao PIB.


Colocamos os mais pobres no centro das políticas econômicas, dinamizando o mercado e reduzindo a desigualdade. Criamos 21 milhões de empregos; 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza e 42 milhões alcançaram a classe média.
Quantos países conseguiram tanto, em tão pouco tempo, com democracia plena e instituições estáveis?
A novidade é que o Brasil deixou de ser um país vulnerável e tornou-se um competidor global. E isso incomoda; contraria interesses. Não é por outra razão que as contas do país e as ações do governo tornaram-se objeto de avaliações cada vez mais rigorosas e, em certos casos, claramente especulativas. Mas um país robusto não se intimida com as críticas; aprende com elas.
A dívida pública bruta, por exemplo, ganhou relevância nessas análises. Mas em quantos países a dívida bruta se mantém estável em relação ao PIB, com perfil adequado de vencimentos, como ocorre no Brasil? Desde 2008, o país fez superávit primário médio anual de 2,58%, o melhor desempenho entre as grandes economias. E o governo da presidenta Dilma Rousseff acaba de anunciar o esforço fiscal necessário para manter a trajetória de redução da dívida em 2014.
Acumulamos US$ 376 bilhões em reservas: dez vezes mais do que em 2002 e dez vezes maiores que a dívida de curto prazo. Que outro grande país, além da China, tem reservas superiores a 18 meses de importações? Diferentemente do passado, hoje o Brasil pode lidar com flutuações externas, ajustando o câmbio sem artifícios e sem turbulência. Esse ajuste, que é necessário, contribui para fortalecer nosso setor produtivo e vai melhorar o desempenho das contas externas.
O Brasil tem um sistema financeiro sólido e expandiu a oferta de crédito com medidas prudenciais para ampliar a segurança dos empréstimos e o universo de tomadores. Em 11 anos o crédito passou de R$ 380 bilhões para R$ 2,7 trilhões; ou seja, de 24% para 56,5% do PIB. Quantos países fizeram expansão dessa ordem reduzindo a inadimplência?



O investimento do setor público passou de 2,6% do PIB para 4,4%. A taxa de investimento no país cresceu em média 5,7% ao ano. Os depósitos em poupança crescem há 22 meses. É preciso fazer mais: simplificar e desburocratizar a estrutura fiscal, aumentar a competitividade da economia, continuar reduzindo aportes aos bancos públicos, aprofundar a inclusão social que está na base do crescimento. Mas não se pode duvidar de um país que fez tanto em apenas 11 anos.
Que país duplicou a safra e tornou-se uma das economias agrícolas mais modernas e dinâmicas do mundo? Que país duplicou sua produção de veículos? Que país reergueu do zero uma indústria naval que emprega 78 mil pessoas e já é a terceira maior do mundo?
Que país ampliou a capacidade instalada de eletricidade de 80 mil para 126 mil MW, e constrói três das maiores hidrelétricas do mundo? Levou eletricidade a 15 milhões de pessoas no campo? Contratou a construção de 3 milhões de moradias populares e já entregou a metade?
Qual o país no mundo, segundo a OCDE, que mais aumentou o investimento em educação? Que triplicou o orçamento federal do setor; ampliou e financiou o acesso ao ensino superior, com o Prouni, o FIES e as cotas, e duplicou para 7 milhões as matrículas nas universidades? Que levou 60 mil jovens a estudar nas melhores universidades do mundo? Abrimos mais escolas técnicas em 11 anos do que se fez em todo o Século XX. O Pronatec qualificou mais de 5 milhões de trabalhadores. Destinamos 75% dos royalties do petróleo para a educação.
E que país é apontado pela ONU e outros organismos internacionais como exemplo de combate à desigualdade?
O Brasil e outros países poderiam ter alcançado mais, não fossem os impactos da crise sobre o crédito, o câmbio e o comércio global, que se mantém estagnado. A recuperação dos Estados Unidos é uma excelente notícia, mas neste momento a economia mundial reflete a retirada dos estímulos do Fed. E, mesmo nessa conjuntura adversa, o Brasil está entre os oito países do G-20 que tiveram crescimento do PIB maior que 2% em 2013.
O mais notável é que, desde 2008, enquanto o mundo destruía 62 milhões de empregos, segundo a Organização Internacional do Trabalho, o Brasil criava 10,5 milhões de empregos. O desemprego é o menor da nossa história. Não vejo indicador mais robusto da saúde de uma economia.
Que país atravessou a pior crise de todos os tempos promovendo o pleno emprego e aumentando a renda da população?
Cometemos erros, naturalmente, mas a boa notícia é que os reconhecemos e trabalhamos para corrigi-los. O governo ouviu, por exemplo, as críticas ao modelo de concessões e o tornou mais equilibrado. Resultado: concedemos 4,2 mil quilômetros de rodovias com deságio muito acima do esperado. Houve sucesso nos leilões de petróleo, de seis aeroportos e de 2.100 quilômetros de linhas de transmissão de energia.
O Brasil tem um programa de logística de R$ 305 bilhões. A Petrobras investe US$ 236 bilhões para dobrar a produção até 2020, o que vai nos colocar entre os seis maiores produtores mundiais de petróleo. Quantos países oferecem oportunidades como estas?
A classe média brasileira, que consumiu R$ 1,17 trilhão em 2013, de acordo com a Serasa/Data Popular, continuará crescendo. Quantos países têm mercado consumidor em expansão tão vigorosa?
Recentemente estive com investidores globais no Conselho das Américas, em Nova Iorque, para mostrar como o Brasil se prepara para dar saltos ainda maiores na nova etapa da economia global. Voltei convencido de que eles têm uma visão objetiva do país e do nosso potencial, diferente de versões pessimistas. O povo brasileiro está construindo uma nova era – uma era de oportunidades. Quem continuar acreditando e investindo no Brasil vai ganhar ainda mais e vai crescer junto com o nosso país.


Luiz Inácio Lula da Silva o melhor ex-presidente da República e é  o presidente de honra do PT
Este artigo foi originalmente publicado no jornal Valor Econômico: http://www.valor.com.br/opiniao/3442426/por-que-o-brasil-e-o-pais-das-oportunidades
*

Deleite - The Beatles - Back In The U.S.S.R. (tradução)



De volta à URSS
Vim de Miami Beach BOAC
Nem fui pra cama ontem à noite
No caminho o saco de papel estava no meu joelho
Cara, foi um vôo horrivel
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS, yeah

Estou longe há tanto tempo que nem reconheci esse lugar
Como é bom estar de volta em casa
Deixo minha mala pra desfazer amanhã
Querida, tire o fone do gancho
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à US
De volta à US
De volta à URSS

As garotas Ucranianas realmente são de arrasar
Elas deixam o oeste pra trás
E as garotas de Moscou me fazem gritar e cantar
E as da Georgia estão sempre na minha mente
Vamos lá
Hu Hey Hu, hey, ah, yeah
Yeah, yeah, yeah
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS

As garotas Ucranianas realmente são de arrasar
Elas deixam o oeste pra trás
E as garotas de Moscou me fazem gritar e cantar
E as da Georgia estão sempre na minha mente

Me mostre seus altos de montanhas cobertos de neve, lá pro sul
Me leve pra fazenda do seu pai
Deixe-me ouvir seu balalaika tocar
Vem e mantenha seu camarada aquecido
Estou de volta à URSS
Você não sabe como é sortudo, menino
De volta à URSS
Oh, deixe eu te dizer, querida

Fruto de um crime, foto de Veja será investigada





Fruto de um crime, foto de Veja será investigada


Governo do Distrito Federal, de Agnelo Queiroz, abre sindicância para apurar como José Dirceu foi fotografado dentro da Papuda, numa imagem que foi estampada pela revista Veja; lei preserva a intimidade dos presos e impede que detentos sejam fotografados; "Alguém cometeu um crime aí que precisa ser investigado", disse André Duda, secretário de Comunicação do DF; objetivo da reportagem de Veja é denunciar supostos privilégios para que Dirceu continue preso em regime fechado e, de preferência, num presídio federal, ainda que isso contrarie a decisão do Supremo Tribunal Federal.
247 - O governo do Distrito Federal, de Agnelo Queiroz, decidiu abrir uma sindicância para apurar como o ex-ministro José Dirceu foi fotografado dentro da Papuda. As imagens foram estampadas numa reportagem de Veja que visa constranger o Poder Judiciário e garantir que o ex-ministro da Casa Civil continue preso em regime fechado e, de preferência, num presídio federal, de segurança máxima – ainda que isso contrarie a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Ocorre que a lei brasileira protege a intimidade dos presos e impede que os mesmos sejam fotografados. "Alguém cometeu um crime aí que precisa ser investigado", disse o secretário de Comunicação do Distrito Federal, André Duda. "O governo investiga toda denúncia sobre o sistema penitenciário", afirmou.
A sindicância será aberta nesta segunda-feira e irá apurar como as imagens de Dirceu, que aparece bem mais magro nas fotos, chegaram à reportagem de Veja. Desconfia-se que algum servidor da Papuda tenha entrado com uma microcâmera no presídio, sem que isso tenha sido detectado pelos controles de segurança.
De todos os presos da Ação Penal 470, apenas Dirceu não teve seu pedido de trabalho externo avaliado pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal – pedido que conta com recomendação favorável do Ministério Público. O motivo para o adiamento foi uma nota de jornal sobre uso de celular no presídio, negada por sindicância interna. Agora, a reportagem de Veja apenas reforça a campanha para mantê-lo preso num regime distinto daquele ao qual foi condenado.
*Turquinho

O SISTEMA DE JUSTIÇA DO URUGUAI


Como se desenvolve o sistema de Justiça do Uruguai

Por Vladimir Passos de Freitas

A República Oriental do Uruguai tem 176.214 km2 e 3,5 milhões de habitantes, dos quais 1,8 milhão encontram-se na sua capital, Montevidéu. Poucos sabem que aquele território pertenceu ao Brasil, de 1817 a 1825, sob o nome de Província Cisplatina. Todavia, de nossa cultura lá pouco ficou, talvez apenas a arquitetura da Colônia Sacramento, às margens do Rio da Prata.

Os brasileiros que visitam nosso vizinho ao sul ficam encantados com a tranquilidade do povo e com o elevado grau de cultura de sua gente, inclusive nas camadas mais populares. No Uruguai, à efervescência econômica do Brasil contrapõe-se uma melhor distribuição de renda, com resultados positivos na segurança pública. Há menos milionários e menos miseráveis.

O sistema judicial do Uruguai é coerente com a forma de viver uruguaia, ou seja, simples e de boa qualidade. Não há grandes teses  inovadoras. No entanto, as ações tramitam celeremente e o Poder Judicial é respeitado. Segundo um Juiz Federal de uma vara de crimes contra a ordem econômica em capital da região sul, uma rogatória expedida ao Uruguai, regra geral, é cumprida com mais rapidez do que precatórias nas grandes seções judiciárias do Brasil.

A carreira judicial não é muito procurada, porque os juízes recebem vencimentos baixos, em torno de 2 mil dólares iniciais. Registre-se, contudo, que os descontos são pequenos, giram em torno de 10%, enquanto no Brasil, na esfera federal, eles significam 27,5%  de imposto de renda, mais 12% de INSS. Além disto, os magistrados devem, obrigatoriamente,  passar alguns anos no interior, não raramente em cidades distantes e pequenas, o que nem sempre é atrativo.

Os que pretendem entrar na carreira judicial devem ser graduados em Direito, cursar a Escola da Magistratura e ter um mínimo de 25 anos de idade. Concluído o curso com êxito, poderão ser nomeados Juiz de Paz.

Nos locais mais distantes e pouco populosos o Juiz de Paz não precisa ser graduado em Direito, poderá ser um juiz leigo, escolhido entre as pessoas respeitadas do local. Em Montevidéu e cidades de maior movimento forense, ele deverá ser graduado em Direito e cursar a Escola. Ao Juiz de Paz cabe conciliar as desavenças, pois não se proporá ação de reparação de dano civil sem tentar previamente a conciliação perante um Juiz de Paz. Cumpre-lhe, também, decidir as pequenas questões que lhe sejam submetidas. O mandato é de quatro anos e não há qualquer garantia de estabilidade, podendo inclusive ser removido a qualquer tempo no interesse do serviço público.

Passados quatro anos sem problemas de conduta, poderá ser nomeado para o cargo de Juiz Letrado, com estabilidade assegurada por lei, e passará a ter exercício em cidades de porte médio. O Juiz Letrado, ou seja, bacharel em Direito, deve ter pelo menos 28 anos de idade e quatro de experiência.

Caso surja vaga em uma Vara (Juzgado), a Suprema Corte de Justiça escolhe qual juiz suprirá a vaga e decide o seu traslado, nome que se dá à remoção. Não existe direito à remoção voluntária, como no Brasil. A corte previamente faz uma consulta ao escolhido, porém a recusa não é vista com bons olhos, podendo significar a permanência onde se está até o dia da aposentadoria. O traslado pode ser, inclusive, para sede de Juízo de menor hierarquia ou remuneração, nesta hipótese sendo necessário o voto de quatro dos cinco membros da corte.

O passo seguinte da carreira é a nomeação para o cargo de ministro de um Tribunal de Apelação, podendo atuar no cível ou no crime. Os cargos são providos sempre por juízes de carreira ou membros do Ministério Público, que tenham pelo menos 35 anos de idade e oito de experiência profissional. Não existe sistema de nomeação por antiguidade nem algo semelhante ao nosso quinto constitucional. (Obs. deste blog: quinto constitucional: vagas que contemplam integrantes do Ministério Público e da Advocacia na composição dos lugares dos Tribunais Regionais Federais e dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal - art. 94 da Constituição Federal).

Após a segunda instância abrem-se duas oportunidades aos juízes de carreira: a Suprema Corte de Justiça e o Tribunal do Contencioso Administrativo (TCA). Para ser nomeado Ministro destes Tribunais é preciso alcançar dois terços dos votos do Parlamento, o que obriga a um esforço político.

Se o candidato indicado não alcançar o quórum mínimo e a Assembleia Geral convocada para tal fim não aprovar um nome em 90 dias, será nomeado o membro mais antigo dos Tribunais de Apelação ou do Ministério Público. Não há hierarquia entre estes dois Tribunais Superiores e os vencimentos são idênticos. Mas a Suprema Corte goza de um “status” maior, pois decide as ações em que se discute ofensa à Constituição, exerce a função correcional dos Tribunais, apresenta os projetos de orçamento ao Poder Executivo e é a responsável pela administração da Justiça, inclusive nomeando os magistrados de primeira e segunda instância e também os Defensores de Ofício.

O TCA foi criado em 1952 para ressalvar os direitos privados que possam ser lesionados pelas autoridades públicas e também para controlar eventuais ilegalidades da administração. Ao TCA cabe processar e decidir, em única instância e sem recurso para a Corte, as questões envolvendo a nulidade de atos administrativos  oriundos da Administração Pública no  exercício de suas funções, inclusive aqueles oriundos de disputas de órgãos do governos central com os regionais ou locais. Ao decidir uma ação o TCA pode declarar válido ou nulo o ato administrativo, nesta hipótese limitando-se a informar à administração sem que possa outro editar no seu lugar. Eventuais danos oriundos de um ato administrativo declarado nulo poderão ensejar reparação dos danos civis, porém nas Varas (Juzgados) e não no TCA.

Cada Tribunal Superior possui cinco Ministros, que recebem pouco menos do que 5 mil dólares e que podem indicar três secretários de sua confiança para assessorá-los. Os demais cargos de funcionários do Poder Judicial, em todas as instâncias, atualmente, são providos por concurso público. Estes Ministros têm um mandato de 10 anos, ou seja, seus cargos não são vitalícios. A Suprema Corte já teve representantes femininas, porém, atualmente, sua composição é apenas de homens. No TCA atua uma mulher: Mariela Sasson Balleto.

A Polícia no Uruguai trabalha diretamente com o juiz, que deve dirigir-se ao local do crime tão logo dele tenha notícia. Por isso mesmo o plantão é rigoroso, sendo proibida a ausência das comarcas nos fins de semana. Tal atividade passará ao Ministério Público tão logo seja aprovada a reforma processual em andamento. Porém, os Promotores de Justiça, que recebem vencimentos iguais aos dos juízes, têm suas atividades limitadas à esfera criminal, inexistindo atuação em ações civis, mesmo que coletivas.

Não existe no Uruguai um órgão assemelhado ao nosso Conselho Nacional de Justiça. Houve, ao tempo do regime militar, um Conselho da Magistratura, porém foi extinto com a volta à normalidade democrática.

Não há sessão pública ou sustentação oral nos tribunais uruguaios, os acórdãos são lavrados após discussão entre os membros da Turma em caráter privado. Os magistrados não usam toga e as relações protocolares desenvolvem-se com muita simplicidade.
                                                                          
Aos 70 anos de idade, tal qual no Brasil, os magistrados devem aposentar-se compulsoriamente. Ao fim da sua carreira judicial, eles recebem uma aposentadoria correspondente a 70% do que recebiam em atividade. Em caso de morte, a (o) pensionista tem direito a um benefício previdenciário no valor de 50% do valor recebido pelo finado quando em atividade.

E assim se desenvolve o sistema de Justiça uruguaio. (Fonte: aqui).

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Vladimir Passos de Freitas é desembargador federal do TRF 4ª Região.

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Uma vez que o sistema uruguaio não prevê, entre outros, o uso de toga e a vitaliciedade do cargo de magistrado (alcançando, claro, a suprema corte), é lícito concluir: lá, ao contrário do que se observa no Brasil, a fogueira das vaidades não tem chance de prosperar. 

Cadeira movida a energia solar permite que deficientes entrem no mar na Grécia

Uma equipe de cientistas criou uma cadeira especial na Grécia para que os deficientes físicos possam entrar e sair da praia sozinhos. O aparelho é tão interessante que virou tema de documentário.
Chamado de Seatrac, o dispositivo possui patente europeia e americana. É uma alternativa para a falta de infraestrutura do país em receber a população e até mesmo os turistas que também querem desfrutar das praias.
Já foi vendido para diversos municípios que instalaram o equipamento nas praias gregas. Entretanto, uma matéria na Reuters relata a falta de apoio das autoridades locais para apoiar a implantação do projeto nas cidades, uma vez que é preciso construir uma rampa do calçadão até água.
Além disso, há falta de respeito da própria população que bloqueia a passagem com veículos, utiliza as rampas como trampolim de mergulho ou rouba os painéis solares instalados. O engenheiro Ignatios Fotiou, um dos inventores do Seatrac, afirmou que a falta de apoio era semelhante à “construção de um apartamento de cobertura sem um edifício embaixo dele”.
Além de Fotiou, o aparelho foi desenvolvido por Nikos Logothetis e Gerasimos Fessian. A invenção do trio ganhou fama com a competição do Vimeo em que foram inscritos mini documentários sobre inovações que podem ajudar as pessoas a viverem com mais qualidade de vida.
Assista ao documentário:

*deficienteciente

A Inutilidade da Teologia

richard_dawkins_god_religion-aRichard Dawkins
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Um editorial infeliz e ingênuo do jornal britânico Independent recentemente pediu uma reconciliação entre ciência e “teologia”. Dizia que “As pessoas querem saber o tanto quanto possível sobre suas origens”. Com certeza, espero que elas queiram, mas o que diabo faz alguém pensar que a teologia tem algo de útil para dizer sobre esse assunto?
A ciência é responsável pelas seguintes informações sobre nossas origens. Nós sabemos aproximadamente quando o Universo surgiu e porque ele é, em sua maioria, de hidrogênio. Nós sabemos por que as estrelas se formam e o que acontece no interior delas para converter hidrogênio em outros elementos, dando origem à química em um mundo físico. Nós sabemos os princípios fundamentais de como um mundo químico pode se transformar em biologia através do aparecimento de moléculas autorreprodutoras. Nós sabemos como o princípio da autorreprodução deu origem, através da seleção darwiniana, a toda a vida, incluindo os humanos.
Foi a ciência e apenas a ciência que nos ofereceu esse conhecimento e, além disso, o ofereceu em detalhes fascinantes, preponderantes e que se confirmam mutuamente. Em cada um desses aspectos, a teologia tem mantido uma visão que se mostrou definitivamente errônea. A ciência erradicou a varíola, pode imunizar contra a maioria dos vírus e matar a maioria das bactérias que anteriormente eram mortais. A teologia não tem feito nada a não ser falar das doenças como punições para nossos pecados. A ciência pode prever quando um cometa em particular irá reaparecer e, de quebra, quando o próximo eclipse irá ocorrer. A ciência colocou o homem na Lua e lançou foguetes de reconhecimento ao redor de Saturno e Júpiter. A ciência pode lhe dizer qual a idade de um fóssil específico e que o Santo Sudário de Turim é um embuste medieval. A ciência sabe as instruções precisas no DNA de vários vírus e irá, durante a vida de muitos leitores presentes, fazer o mesmo com o genoma humano.
O que a teologia já disse que teve qualquer valor para alguém? Quando a teologia disse algo que foi demonstrado como verdadeiro e que não seja óbvio? Tenho ouvido os teólogos, lido o que escrevem, debatido com eles. Nunca ouvi algum deles dizer algo que tivesse alguma utilidade, qualquer coisa que não fosse trivialmente óbvio ou categoricamente errado. Se todas as realizações dos cientistas forem apagadas do mapa no futuro, não haverá médicos, e sim xamãs; não haverá meio de transporte mais rápido que o cavalo; não haverá computadores, nem livros impressos e, muito menos, agricultura além das culturas de subsistência. Se todas as realizações dos teólogos forem apagadas do mapa no futuro, alguém perceberia a mínima diferença? Até mesmo as realizações negativas dos cientistas, como as bombas e navios baleeiros guiados por sonar funcionam! As realizações dos teólogos não fazem nada, não afetam nada, não significam nada. Afinal, o que faz alguém pensar que “teologia” é um campo do conhecimento?
*mundosemreligiao

sábado, março 15, 2014

Sérgio Mamberti: uma mensagem do comandante para Zé Dirceu


A impunidade no Brasil tem origem no regime militar

Raízes da impunidade no Brasil
Juremir Machado da Silva

Torturadores impunes

Muito se fala de impunidade no Brasil. Tenho convicção de que a origem dessa impunidade está na ditadura imposta em 1964. Os ditadores nunca foram punidos. Muito menos os torturadores que fizeram o mais sujo dos serviço para o regime comandado por generais que jamais tiveram a chancela do voto direto. O Brasil é um dos poucos países com ditadura recente a poupar os seus ditadores e os seus torturadores de qualquer punição. Isso se deu pela Lei da Anistia, de 1979, lei de auto-anistia pela qual a ditadura aceitou a volta dos exilados em troca da auto-absolvição dos crimes dela mesma.

O problema é que os resistentes à ditadura foram punidos com exílio, prisão, tortura, cassações de mandato, mortes e, vale destacar, com processos julgados pelo Superior Tribunal Militar. Um lado foi julgado e condenado.

O outro, o dos ditadores e torturados, não.

O jornalista Luiz Cláudio Cunha resumiu: “A conta da ditadura de 21 anos prova que ela atuou sem o povo, apesar do povo, contra o povo. Foram 500 mil cidadãos investigados pelos órgãos de segurança; 200 mil detidos por suspeita de subversão; 50 mil presos só entre março e agosto de 1964; 11 mil acusados nos inquéritos das Auditorias Militares, cinco mil deles condenados, 1.792 dos quais por “crimes políticos” catalogados na Lei de Segurança Nacional; dez mil torturados nos porões do DOI-CODI; seis mil apelações ao Superior Tribunal Militar (STM), que manteve as condenações em dois mil casos; dez mil brasileiros exilados; 4.862 mandatos cassados, com suspensão dos direitos políticos, de presidentes a governadores, de senadores a deputados federais e estaduais, de prefeitos a vereadores; 1.148 funcionários públicos aposentados ou demitidos; 1.312 militares reformados; 1.202 sindicatos sob intervenção; 245 estudantes expulsos das universidades pelo Decreto 477 que proibia associação e manifestação; 128 brasileiros e dois estrangeiros banidos; quatro condenados à morte (sentenças depois comutadas para prisão perpétua); 707 processos políticos instaurados na Justiça Militar; 49 juízes expurgados; três ministros do Supremo afastados; o Congresso Nacional fechado por três vezes; sete assembleias estaduais postas em recesso; censura prévia à imprensa, à cultura e às artes; 400 mortos pela repressão; 144 deles desaparecidos até hoje”. Basta?

Como não houve punição aos criminosos do lado da ditadura, os saudosos dos anos sujos vão festejar os 50 anos do golpe de 1964. Esse o resultado da impunidade no Brasil. O homem comum se diz: se é permitido dar golpe de Estado, derrubar presidente, torturar, matar, armar atentados como o do Rio-Centro, sem qualquer punição, então a bandidagem está liberada. Basta arranjar um pretexto como salvar o país do comunismo. O Brasil é mesmo original: aqui, torturador não se envergonha, não é punido, vive tranquilamente e ainda comemora. Mais do que isso, ainda encontra defensor na mídia com aquele discurso fraudulento: se é para punir, tem de punir os dois lados. Um lado já foi punido. Só falta o outro.

A impunidade no Brasil tem origem no regime militar.
*esquerdopata.