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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 16, 2014

Fruto de um crime, foto de Veja será investigada





Fruto de um crime, foto de Veja será investigada


Governo do Distrito Federal, de Agnelo Queiroz, abre sindicância para apurar como José Dirceu foi fotografado dentro da Papuda, numa imagem que foi estampada pela revista Veja; lei preserva a intimidade dos presos e impede que detentos sejam fotografados; "Alguém cometeu um crime aí que precisa ser investigado", disse André Duda, secretário de Comunicação do DF; objetivo da reportagem de Veja é denunciar supostos privilégios para que Dirceu continue preso em regime fechado e, de preferência, num presídio federal, ainda que isso contrarie a decisão do Supremo Tribunal Federal.
247 - O governo do Distrito Federal, de Agnelo Queiroz, decidiu abrir uma sindicância para apurar como o ex-ministro José Dirceu foi fotografado dentro da Papuda. As imagens foram estampadas numa reportagem de Veja que visa constranger o Poder Judiciário e garantir que o ex-ministro da Casa Civil continue preso em regime fechado e, de preferência, num presídio federal, de segurança máxima – ainda que isso contrarie a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Ocorre que a lei brasileira protege a intimidade dos presos e impede que os mesmos sejam fotografados. "Alguém cometeu um crime aí que precisa ser investigado", disse o secretário de Comunicação do Distrito Federal, André Duda. "O governo investiga toda denúncia sobre o sistema penitenciário", afirmou.
A sindicância será aberta nesta segunda-feira e irá apurar como as imagens de Dirceu, que aparece bem mais magro nas fotos, chegaram à reportagem de Veja. Desconfia-se que algum servidor da Papuda tenha entrado com uma microcâmera no presídio, sem que isso tenha sido detectado pelos controles de segurança.
De todos os presos da Ação Penal 470, apenas Dirceu não teve seu pedido de trabalho externo avaliado pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal – pedido que conta com recomendação favorável do Ministério Público. O motivo para o adiamento foi uma nota de jornal sobre uso de celular no presídio, negada por sindicância interna. Agora, a reportagem de Veja apenas reforça a campanha para mantê-lo preso num regime distinto daquele ao qual foi condenado.
*Turquinho

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