Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 19, 2014

Após discurso duro de Putin, Rússia formaliza anexação da Crimeia



Presidente critica pressões ocidentais e diz que península ucraniana sempre foi parte da Rússia



Putin e Sergei Aksyonov, o premiê da Crimeia, assinam tratado de anexação - Sergei Ilnitski/ Reuters
Sergei Ilnitski/ Reuters
Putin e Sergei Aksyonov, o premiê da Crimeia, assinam tratado de anexação
(Atualizada às 10h29) MOSCOU -  A Rússia e a Crimeia assinaram nesta terça-feira, 18, um tratado de anexação da península ucraniana à Federação Russa. Em discurso no Parlamento, o presidente  Vladimir Putin afirmou que a região sempre foi e sempre será parte de seu país. Ele disse não temer as sanções ocidentais a Moscou e prometeu defender os interesses da Rússia na região, além de criticar o novo governo ucraniano, que destituiu o líder pró-russo Viktor Yanukovich no mês passado.
"Hoje se decide uma questão de vital importância para a Rússia", afirmou o presidente. Putin disse ainda que o Ocidente "cruzou uma linha vermelha" ao interferir na Ucrânia, um país de interesse estratégico russo.  "A Crimeia sempre foi e é parte da Rússia."
No discurso, Putin afirmou que o referendo de domingo estava de acordo com as leis internacionais e respalda o direito de autodeterminação do povo da Crimeia e lembrou do caso do Kosovo, cuja separação da Sérvia foi apoiada por países ocidentais. Segundo o presidente russo, uma vez anexada à Rússia, a Crimeia respeitará os direitos das três etnias que vivem na região: tártaros, ucranianos e russos.
O presidente também negou as acusações da União Europeia e dos Estados Unidos de que teria invadido a Crimeia. Segundo ele, há um tratado entre ´Rússia e Ucrânia que permite a presença de até 25 mil homens na base russa de Sebastopol.
"Na Crimeia estão tumbas de soldados russos. A cidade de Sebastopol é a  pátria da nossa frota do Mar Negro", disse em meio a aplausos. "Falam de intervenção, mas não me lembro ao longo da história de um só caso de intervenção sem um único disparo e sem vítimas."
O presidente americano, Barack Obama, chamou os líderes do G7 para uma reunião em Haia para discutir a situação e possíveis novas sanções à Rússia. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, chamou as ações da Rússia na Crimeia de "roubo de terras" e também advertiu que os EUA e a Europa vão impor novas sanções contra Moscou pela mobilização do país para anexar o território ucraniano.
O líder russo acusou os Estados Unidos e outros países ocidentais de não se guiar pelo direito internacional, mas pela "força das armas". "Eles acreditam em seu excepcionalismo e na teoria de que são os escolhidos. Eles acham que podem decidir os destinos do mundo e só eles podem estar certos. Devemos decidir se estamos dispostos a defender nossos interesses nacionais."
Putin ainda criticou a derrubada do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, que considerou um golpe de Estado "Aqueles por trás dos eventos recentes na Ucrânia estavam preparando um golpe de Estado. Queriam o poder. Nacionalistas, neonazista, russofóbicos e antissemitas queriam espalhar o terror e assassinatos", disse Putin. "As chamadas autoridades ucranianas introduziram uma lei escandalosa que prejudica o direito de minorias nacionais de usar sua própria língua. / EFE, REUTERS e NYT
*blogCarlosMaia

Nenhum comentário:

Postar um comentário