Após discurso duro de Putin, Rússia formaliza anexação da Crimeia
Presidente critica pressões ocidentais e diz que península ucraniana sempre foi parte da Rússia
Sergei Ilnitski/ Reuters
Putin e Sergei Aksyonov, o premiê da Crimeia, assinam tratado de anexação
(Atualizada às 10h29) MOSCOU
- A Rússia e a Crimeia assinaram nesta terça-feira, 18, um tratado de
anexação da península ucraniana à Federação Russa. Em discurso no
Parlamento, o presidente Vladimir Putin afirmou que a região sempre foi
e sempre será parte de seu país. Ele disse não temer as sanções
ocidentais a Moscou e prometeu defender os interesses da Rússia na
região, além de criticar o novo governo ucraniano, que destituiu o líder
pró-russo Viktor Yanukovich no mês passado.
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"Hoje se decide uma questão de vital importância para a Rússia", afirmou
o presidente. Putin disse ainda que o Ocidente "cruzou uma linha
vermelha" ao interferir na Ucrânia, um país de interesse estratégico
russo. "A Crimeia sempre foi e é parte da Rússia."
No discurso, Putin afirmou que o referendo de domingo estava de acordo
com as leis internacionais e respalda o direito de autodeterminação do
povo da Crimeia e lembrou do caso do Kosovo, cuja separação da Sérvia
foi apoiada por países ocidentais. Segundo o presidente russo, uma vez
anexada à Rússia, a Crimeia respeitará os direitos das três etnias que
vivem na região: tártaros, ucranianos e russos.
O presidente também negou as acusações da União Europeia e dos Estados
Unidos de que teria invadido a Crimeia. Segundo ele, há um tratado entre
´Rússia e Ucrânia que permite a presença de até 25 mil homens na base
russa de Sebastopol.
"Na Crimeia estão tumbas de soldados russos. A cidade de Sebastopol é a
pátria da nossa frota do Mar Negro", disse em meio a aplausos. "Falam
de intervenção, mas não me lembro ao longo da história de um só caso de
intervenção sem um único disparo e sem vítimas."
O presidente americano, Barack Obama, chamou os líderes do G7 para uma reunião em Haia para discutir a situação e possíveis novas sanções à Rússia. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, chamou as ações da Rússia na Crimeia de "roubo de terras" e
também advertiu que os EUA e a Europa vão impor novas sanções contra
Moscou pela mobilização do país para anexar o território ucraniano.
O líder russo acusou os Estados Unidos e outros países ocidentais de não
se guiar pelo direito internacional, mas pela "força das armas". "Eles
acreditam em seu excepcionalismo e na teoria de que são os escolhidos.
Eles acham que podem decidir os destinos do mundo e só eles podem estar
certos. Devemos decidir se estamos dispostos a defender nossos
interesses nacionais."
Putin ainda criticou a derrubada do presidente ucraniano Viktor
Yanukovich, que considerou um golpe de Estado "Aqueles por trás dos
eventos recentes na Ucrânia estavam preparando um golpe de Estado.
Queriam o poder. Nacionalistas, neonazista, russofóbicos e antissemitas
queriam espalhar o terror e assassinatos", disse Putin. "As chamadas
autoridades ucranianas introduziram uma lei escandalosa que prejudica o
direito de minorias nacionais de usar sua própria língua. / EFE, REUTERS e NYT
*blogCarlosMaia
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