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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 28, 2014

“Coragem – A advocacia criminal nos anos de chumbo”

OAB-SP e José Mentor lançam “Coragem: A advocacia criminal nos anos de chumbo”

Lançamento do livro será no Memorial da luta pela Justiça, em São Paulo, no próximo dia 28 de março. Obra, organizada pelo deputado, reúne imagens e depoimentos de dezenas de criminalistas que atuaram na defesa de presos políticos, entre os anos de 1964 e 1985

Ao completar 50 anos do golpe militar de 1964, o deputado federal José Mentor (PT-SP) e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de São Paulo (OAB-SP) lançarão em São Paulo, no dia 28 de março, o livro “Coragem: A advocacia criminal nos anos de chumbo”, em homenagem aos advogados(as) criminalistas que atuaram na defesa da democracia. Organizado pelo parlamentar petista, a iniciativa do projeto coube à OAB-SP, e conta com o apoio da Câmara dos Deputados e do Conselho Federal da OAB, e o patrocínio da Petrobras.

A obra, que traz um mosaico de fotos de criminalistas, lista 161 nomes de advogados(as) que atuaram em favor da democracia no Brasil, entre os anos de 1960 e 1980. Nas cerca de 200 páginas, uma sequência de relatos e imagens de 86 dos(as) homenageados(as), além das experiências profissionais, são relatados, por meio de crônicas autorais dos advogados que atuaram na defesa de militantes políticos opositores à ditadura militar (1964 e 1985), casos de destaque, situações pitorescas, dificuldades e análises da conjuntura política à época. Aldo Lins e Silva, Rosa Cardoso, Evandro Lins e Silva, Sepúlveda Pertence, Idibal Pivetta, Heleno Fragoso, José Carlos Dias, Luís Eduardo Greenhalgh. Há também na publicação pronunciamentos de alguns dos advogados(as), realizados em solenidades propostas pelo parlamentar José Mentor (então vereador, em 4/12/1998; e já deputado federal, em 4/12/2003).

Segundo o organizador da publicação, proponente das homenagens no Legislativo, as iniciativas têm também um aspecto pessoal: o agradecimento público aos advogados que o defenderam quando foi preso ainda estudante de Direito da PUC-SP.

Para o deputado, os homens e mulheres que lutavam pela democracia, durante a ditadura, procuraram profissionais competentes, hábeis, argutos e aguerridos, “profissionais de caráter, de fibra, firmes, destemidos, comprometidos e leais, apesar do medo que todos nós sentíamos”. E completa: “Naquela época difícil, brasileiros e brasileiras procuraram amigos e, às vezes, confidentes, e encontraram os senhores e as senhoras homenageados e homenageadas”.

“Coragem: A advocacia criminal nos anos de chumbo” já tem outros dois lançamentos definidos, na sede da OAB, em Brasília, no dia 31 de março, e no dia 2 de abril, na Câmara dos Deputados.

Serviço:

Lançamentos do livro “Coragem – A advocacia criminal nos anos de chumbo”

Dia 28/3 às 11h, em São Paulo – SP
Local: Sede do futuro Memorial da Luta pela Justiça
Avenida Brigadeiro Luís Antonio, 1.249 – Centro – São Paulo-SP

Dia 31/3, em Brasília
Local: Sede do Conselho Federal da OAB
SAUS Quadra 5 Lote 1 Bloco M – Brasília-DF

Dia 2/4, às 16h, em Brasília
Local: Salão Nobre da Câmara dos Deputados
Palácio do Congresso Nacional – Praça dos Três Poderes – Brasília-DF

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