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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 18, 2014

O levantamento de Putin


Grandes manobras nesta Guerra Fria 2.0.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, antecipa as iminentes sanções dos Estados Unidos: Bloomberg revela que, ao longo da semana, a Federal Reserve tem sofrido um levantamento sem precedentes em toda a sua história: exactamente 104 biliões de Dólares.
Uma quantia simpática, sem dúvida.

O recorde anterior era de 32 biliões, no ano passado.

A Federal Reserva é o lugar onde todos os bancos centrais ocidentais preservam os Títulos de Estado emitidos pelo Ministério das Finanças dos Estados Unidos. É, em essência, a dívida externa de Washington que permanece sob custódia dos Estados Unidos.

Alguém agora decidiu quebrar a regra. Quem é o suspeito? Todos os especialistas concordam: a Rússia. E para onde foi esse dinheiro todo? Em alguns off-shore ou no Banco Central da Rússia? Ou, quem sabe, na China?

Em qualquer caso, se verdadeiramente for a Rússia (como parece), isso quer dizer que Vladimir Putin continua inabalável e toma medidas económicas neste choque entre potências que mais parece um deja-vu.

Mais: ao que parece, muitos oligarcas donos de bancos estão a percorrer a mesma estrada, mudando as contas bancárias, levantando dinheiro e Títulos e depositando-los longe dos bancos europeus e americanos.

Pode isso tornar-se um problema sério para o Ocidente? Sim, pode. Porque falamos duma "migração" de capitais que pode chegar a números avassaladores: algo como 1.5 triliões (1.500.000.000.000).

Uma parte deste dinheiro não voltará para a Rússia, mas como afirmado desaparecerá em alguns paraísos fiscais. Uma parte importante, todavia, voltará para Moscovo, sobretudo os assets legais que podem tornar-se alvo das sanções.


Ipse dixit.

Fonte: Bloomberg
*bloginformaçaoincorrecta 

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