Semana de Hip Hop de São Paulo terá 140 atrações entre os dias 15 e 22
Além de shows, serão debatidas
questões de gênero, racismo, genocídio e realidades em outras cidades do
mundo. Evento completa dez anos com orçamento de R$ 500 mil
Divulgação
Rapper Pirata: "O louco é isso, a periferia conseguiu se apropriar do orçamento a partir das discussões da periferia"
São Paulo – Os quatro elementos do
Hip Hop vão tomar São Paulo entre os próximos dias 15 e 22.
Aproximadamente 140 ações de discotecagem, grafite, break e rap estarão
espalhadas por 14 palcos em todas as regiões da cidade. Além de
apresentações e oficinas, o evento terá debates sobre questões de
gênero, autonomia no mercado do Hip Hop, racismo e o genocídio nas
periferias.
“O mais importante é que conseguimos que um movimento
da periferia mobilize cinco secretarias: Educação, Direitos Humanos,
Cultura e de Igualdade Racial e fazer o orçamento chegar a meio milhão
de reais. Só que não chega a ser como a Virada Cultural, que tem 6
milhões de reais e acontece em um único dia”, disse o rapper Pirata,
membro do Fórum de Hip Hop, uma das entidades que participaram da
organização do evento.
A semana está garantida em lei desde 2004. Mas,
apesar da obrigatoriedade legal , em 2010 o Fórum de Hip Hop, em
parceria com a Ação Educativa, precisou mover uma ação para que a semana
recebesse o apoio necessário da prefeitura. “A lei diz que que tem que
acontecer e que deve ser uma coisa feita pela sociedade civil, na
horizontalidade e não vinda de cima para baixo. Este ano mais de 140 pessoas participaram do debate para construir a semana”, enfatizou Pirata.
Também são esperadas pelo menos duas apresentações de
grupos internacionais e a participação deles em debates sobre a
realidade de suas cidades. “Nossa ideia não é focar no artista, mas na
essência do Hip Hop, que é a discussão sobre as periferias”, explica o
rapper. “O louco é isso, a periferia conseguiu se apropriar do orçamento
a partir das discussões da periferia”, disse Pirata, apontando o evento
como o maior da América Latina. “Nem o carnaval é uma semana. Com o
detalhe que é um evento de Hip Hop.”
Para Renato Almeida, assessor da Secretaria de
Cultura para Cidadania Cultural, o evento resgata uma dívida com a
expressão artística, cujo nascedouro no Brasil ocorreu justamente na
cidade. “Hoje é impossível se falar em cultura periférica, saraus e toda
essa efervescência que acontece nas periferias de São Paulo sem falar
de Hip Hop. Tudo isso deve muito ao legado dele, que vem desde os anos
90. O Hip Hop coloca a palavra periferia em outro patamar”, avaliou.
A programação completa do evento e locais dos palcos estará disponível amanhã (7) no site da Secretaria Municipal de Cultura.
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