Internet: balanço do Marco Civil é positivo - colunista diz que modelo brasileiro ira influenciar o mundo
O jornalista Ronaldo Lemos, da Folha, escreveu um artigo esclarecendo os principais pontos do Marcos Civil:
A Câmara finalmente aprovou o Marco Civil. Trata-se da lei que cria um rol de direitos e deveres com relação à rede e por isso foi chamada de “Constituição da Internet”.
A aprovação não foi fácil. A primeira redação começou em 2009,
por meio de um processo colaborativo pela internet (do qual participei,
vale dizer). Só que desde que o texto foi enviado ao Congresso, foram
muitas as tentativas de votação, sempre adiadas.
O balanço é positivo. Por exemplo, foi assegurada a neutralidade
da rede. Trata-se do princípio que garante que não haja discriminação de
serviços nos bastidores da internet. Agora assegurada legalmente, ela
impede que os fornecedores de acesso possam cobrar de empresas da rede
para que seus sites carreguem mais rápido.
É o que está ocorrendo nos EUA com o provedor Comcast e o site
Netflix. Por conta de um acordo de bastidores, o assinante da Comcast
poderá acessar os vídeos do Netflix com melhor qualidade do que com
outros provedores.
Isso prenuncia uma partilha da internet: cada site passa a buscar
acordos com provedores específicos. Com isso a internet passa a se
aproximar da TV a cabo.
Esse cenário foi agora proibido no Brasil (como já havia sido
também em outros países). Os EUA estão também revendo suas regras. A
decisão brasileira deve ser influente por lá.
O próprio presidente do Netflix, beneficiário do acordo com a
Comcast, veio a público dizendo que a internet sem neutralidade é
insustentável. Com isso, o Brasil deu um passo importante, em boa
direção, com relação à rede.
Um ponto importante é que as pontuais exceções à neutralidade
serão reguladas por decreto presidencial, ouvida antes a Anatel e também
o Comitê Gestor da Internet.
Se a regulação tivesse sido deixada só à Anatel, seria
basicamente técnica e isolada de maior escrutínio público. Da forma
atual, o Executivo é o responsável político por qualquer passo em falso
na regulamentação e o Comitê Gestor e a Anatel têm a oportunidade de
contribuir no processo. É um bom modelo de freios e contrapesos.
SAIBA MAIS
*militanciaviva
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