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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 15, 2014

Ativistas querem que o Senado debata a descriminalização do porte de drogas



Ativistas querem que o Senado debata a descriminalização do porte de drogas


Ativistas questionam o artigo 28 da Lei sobre Drogas que, segundo eles, criminaliza a vida pessoal do cidadão
Por Redação
Ativistas lançaram petição pública no Portal e-Cidadania que pede a “descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal e o reconhecimento da inconstitucionalidade da Art. 28 da Lei 11.343 de 2006”, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad e proíbe o plantio e a posse de drogas para o uso pessoal.
A petição argumenta que a “lei de drogas criminaliza conduta que não extravasa a vida privada do cidadão” e que o “Art. 28 da lei fere o inciso X do Art. V da Constituição Federal, que garante como invioláveis a intimidade e a vida privada. Portanto, “se o cidadão tão ofende tão somente bens jurídicos pessoais, não há crime”. Para que o debate seja feito em audiência pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, são necessárias 10 mil assinaturas. Para aderir, clique aqui.
O debate proposto pelos ativista vem justamente em um momento onde tramita o PLC 37/ 2013, de autoria do deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS), que visa radicalizar a política de “guerra às drogas no Brasil”, instituir a internação compulsória como política de Estado e criminalizar o pequeno traficante e também os usuários. Inúmeros especialistas já se posicionaram contra o PLC e disseram que ele vai na contramão do atual debate sobre políticas de drogas.
Uma ação semelhante a esta fez com que o Senado acatasse a sugestão de pauta e iniciasse o debate. Após coletar 20 mil assinaturas, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aceitou a proposta e designou o senador Cristovam Buarque para ser o relator. A partir de agora, inúmeras audiências públicas sobre o tema. Confira, na edição 135 de Fórum, matéria com o propositor da ação, que traçou um panorama a respeito do debate sobre a regulamentação da maconha no Brasil.
*revistaforum

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