Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 12, 2014

 Estudo técnico denuncia “atentado” do governo do PSDB ao Cantareira


Ao contrário do que a mídia e a oposição fazem em relação aos reservatórios das hidrelétricas, a equipe deste blog não torce para que falte água em São Paulo. Mas, também ao contrário do que fazem a mídia e a oposição, a equipe deste blog não tenta esconder e manipular a realidade.

Vejam, a imprensa faz alarde com qualquer redução dos reservatórios das hidrelétricas no país, pregando e torcendo pelo racionamento de energia. Faz editorial atrás de editorial atacando o governo federal por causa de um risco que o governo já esclareceu ser inexistente.

Mas quando é com os amigos tucanos, a mídia é outra. No máximo publica a notícia bem escondida. É o que fazem a Folha e o Estadão de hoje.

Ontem, o Consório PCJ, que reúne prefeituras, empresas e entidades de mais de 40 cidades, denunciaram “equívocos de planejamento e ações” no sistema Cantareira feito pela Sabesp, comandada pelos tucanos há 20 anos. A informação está num estudo técnico divulgado pelo grupo.

O Cantareira abastece diretamente quase 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo e outros 5,5 milhões no interior.

O Consórcio PCJ diz que a Sabesp optou por não reduzir a dependência do Cantareira e de atentar contra a vida útil do sistema.

“Infelizmente, cometeu-se um erro histórico de planejamento e optou-se pela segunda grande alternativa apontada pelos estudos, que foi a construção do sistema Cantareira”, afirma o consórcio.

O grupo diz que a estatal paulista continuou tirando água do sistema no mesmo ritmo mesmo sabendo do risco para a vida útil do Cantareira, em dezembro, janeiro e fevereiro, levando os reservatórios a níveis “altamente críticos”.

O nível de armazenamento do Cantareira está em 16%, um dos menores da história. O consórcio acrescenta que há uma “falsa impressão” de que a região está “protegida e que possui um sistema interligado que garante seu abastecimento”.

Está aí, portanto, uma grave denúncia de um estudo técnico feito por dezenas de cidades. E a notícia é dada com discrição pelos jornais. O Estadão até que deu chamada no pé da primeira página, mas, como fez a Folha, não cita o PSDB nenhuma vez. Parece que a Sabesp, como já dissemos aqui, não tem comando, não é submetida ao governo estadual.

No Blog do Zé
*comtextolivre

Nenhum comentário:

Postar um comentário