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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 28, 2014

O MUNDO CLAMA: OBAMA, DEVOVA O NOBEL !


A defesa da Guerra do Iraque por Obama terminou sua metamorfose em Bush

por : Kiko Nogueira

Barack Obama fez um discurso em Bruxelas, num encontro com líderes da União Euopeia, em que condenou a Rússia pelas ações na Crimeia. Do jogo. Mas, ao atacar Putin, ele fez questão de se dirigir àqueles que acusam os EUA de hipócritas.
“A Rússia tem apontado para a decisão dos Estados Unidos de invadir o Iraque como um exemplo de hipocrisia ocidental. É verdade que a guerra do Iraque foi tema de um debate vigoroso, não apenas no mundo todo, mas nos Estados Unidos também. Eu participei desse debate e me opus à nossa intervenção militar.
Mas, mesmo no Iraque, a América procurou trabalhar dentro das regras internacionais. Nós não reivindicamos ou anexamos o território iraquiano. Nós não tomamos os recursos deles para o nosso próprio benefício. Em vez disso, nós terminamos a guerra e deixamos o Iraque para o seu povo como um estado plenamente soberano que pode tomar decisões sobre seu próprio futuro”.
Se alguém ainda acreditava que Obama fosse uma alternativa a George W. Bush, o sonho acabou definitivamente.
A declaração é errada moral e factualmente. A invasão iraquiana custou em torno de 1 milhão de mortos. Quantos morreram na Crimeia? Matt Harwood, membro de uma associação chamada Veteranos do Iraque Contra a Guerra, veio a público responder que o governo americano, naquela ocasião, passou de uma mentira, que era a existência de armas de destruição em massa, para outra, a libertação do povo. “Essa ideia de que foi uma ‘guerra boa’ é ridícula”, disse.
Em relação a “não ter tomado os recursos” do Iraque, os EUA privatizaram o petróleo, abrindo caminho para as companhias americanas. Empreiteiras encheram as burras “reconstruindo” o país. Uma delas era a Halliburton, cujo CEO era Dick Cheney, vice de Bush.
A metamorfose de Obama como seu antecessor foi lenta, gradual e segura. Há 12 anos, ele chamou a guerra no Iraque de “estúpida” e disse que lhe faltava “uma razão clara e um forte apoio internacional”. Na presidência, viriam suas posições sobre o uso de drones, a defesa da espionagem, Guantánamo, as torturas (ou “técnicas de interrogatório avançadas”) etc. Apesar do marketing, a transformação está completa.
“Em questão de estilo, os dois presidentes acabaram tendo muito mais em comum do que eu esperava”, disse o ex-secretário de defesa Robert Gates. “Os dois parecem alheios a tudo, distantes”.
Talvez seja um pouco pior do que isso. O segundo mandato de Obama é o quarto de Bush.

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