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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 08, 2014

Elites não querem polícia eficiente

BBC

A face mais visível do combate à violência é a das forças de segurança do Estado, em especial a polícia, da qual se esperam soluções imediatas para o problema.

Mas em diversos países da América Latina – e o Brasil não é exceção à regra – a polícia não é conhecida nem pela sua eficiência nem pelo respeito aos direitos dos cidadão.

O americano Paul Chevigny, um especialista em forças de segurança na América Latina da Universidade de Nova York, adverte porém que, se a polícia não responde aos anseios dos cidadãos, isso em grande medida se deve ao desinteresse de setores influentes de uma sociedade.

''Um tempo atrás, um delegado brasileiro disse que as classes privilegiadas não querem uma polícia eficiente, e sim uma que aja com dureza contra os mais pobres'', afirma Chevigny. "Eu acho que há muita verdade nesta afirmação."

Cultura

Chevigny segue o raciocínio de outros analistas que estudam o desempenho das polícias latino-americanas e vêem uma corporação nem sempre preocupada em proteger todos os cidadãos de uma forma eqüânime.

Ele vê problemas tanto na cultura da polícia quanto em setores mais amplos da sociedade que acabam se refletindo no comportamento dos homens da lei.

"Enquanto houver tanta corrupção nos países latino-americanos, os problemas da polícia não têm como ser resolvidos", diz Chevigny. 

"A incapacidade da polícia de combater o crime de uma forma efetiva em grande parde se deve a um sistema em que políticos querem que crimes de grande expressão não sejam investigados."

Por esse motivo, segundo Chevigny, antes de cobrar uma postura mais correta das forças de segurança, o que a sociedade deve fazer primeiro é olhar para si mesma.

''Os policiais brasileiros não são estúpidos, eles podem ser treinados para fazer seu trabalho muito bem. Mas o sistema inteiro encoraja a polícia a agir de uma forma violenta." 

Primeiro passo

Mas Chevigny, autor de estudos sobre as polícias do Brasil, da Argentina e da Jamaica, reconhece que não é possível esperar a solução de todos os problemas que afligem um país antes de reformar a polícia para torná-la mais eficiente.

Ele diz que é possível tomar algumas medidas imediatas para melhorar a situação. No caso brasileiro, Chevigny recomenda, como primeiro passo, o fim da organização militar das diversas forças policiais.

"A polícia no Brasil fuciona como se fosse um exército", diz Chevigny.

"Esse é o jeito errado de organizar a polícia porque não existe um inimigo. O povo não é o inimigo."

Na opinião de Chevigny, esse tipo de organização faz com que os policiais sejam premiados por bravura até quando cometem violações aos direitos humanos – chegando a extremos como premiar os agentes que matam mais pessoas quando estão trabalhando.

Já o sociólogo venezuelano Roberto Briceño-León afirma que, para se tornarem mais eficientes e confiáveis, os policiais precisam receber treinamento e ser tratados com mais respeito, o que inclui o pagamento de melhores salários.

Caso contrário, a população vai perdendo a confiança nas forças de segurança e começa a chamar para si mesma as responsabilidades da polícia.

“A classe média olha para a polícia e, se não fica satisfeita, pensa em se armar, em privatizar a segurança”, afirma Briceño-León.

NÃO ACREDITA? VAI LÁ!

BBC: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020819_eleicaoviolencia2ro.shtml
BBC

A face mais visível do combate à violência é a das forças de segurança do Estado, em especial a polícia, da qual se esperam soluções imediatas para o problema.

Mas em diversos países da América Latina – e o Brasil não é exceção à regra – a polícia não é conhecida nem pela sua eficiência nem pelo respeito aos direitos dos cidadão.

O americano Paul Chevigny, um especialista em forças de segurança na América Latina da Universidade de Nova York, adverte porém que, se a polícia não responde aos anseios dos cidadãos, isso em grande medida se deve ao desinteresse de setores influentes de uma sociedade.

''Um tempo atrás, um delegado brasileiro disse que as classes privilegiadas não querem uma polícia eficiente, e sim uma que aja com dureza contra os mais pobres'', afirma Chevigny. "Eu acho que há muita verdade nesta afirmação."

Cultura

Chevigny segue o raciocínio de outros analistas que estudam o desempenho das polícias latino-americanas e vêem uma corporação nem sempre preocupada em proteger todos os cidadãos de uma forma eqüânime.

Ele vê problemas tanto na cultura da polícia quanto em setores mais amplos da sociedade que acabam se refletindo no comportamento dos homens da lei.

"Enquanto houver tanta corrupção nos países latino-americanos, os problemas da polícia não têm como ser resolvidos", diz Chevigny.

"A incapacidade da polícia de combater o crime de uma forma efetiva em grande parde se deve a um sistema em que políticos querem que crimes de grande expressão não sejam investigados."

Por esse motivo, segundo Chevigny, antes de cobrar uma postura mais correta das forças de segurança, o que a sociedade deve fazer primeiro é olhar para si mesma.

''Os policiais brasileiros não são estúpidos, eles podem ser treinados para fazer seu trabalho muito bem. Mas o sistema inteiro encoraja a polícia a agir de uma forma violenta."

Primeiro passo

Mas Chevigny, autor de estudos sobre as polícias do Brasil, da Argentina e da Jamaica, reconhece que não é possível esperar a solução de todos os problemas que afligem um país antes de reformar a polícia para torná-la mais eficiente.

Ele diz que é possível tomar algumas medidas imediatas para melhorar a situação. No caso brasileiro, Chevigny recomenda, como primeiro passo, o fim da organização militar das diversas forças policiais.

"A polícia no Brasil fuciona como se fosse um exército", diz Chevigny.

"Esse é o jeito errado de organizar a polícia porque não existe um inimigo. O povo não é o inimigo."

Na opinião de Chevigny, esse tipo de organização faz com que os policiais sejam premiados por bravura até quando cometem violações aos direitos humanos – chegando a extremos como premiar os agentes que matam mais pessoas quando estão trabalhando.

Já o sociólogo venezuelano Roberto Briceño-León afirma que, para se tornarem mais eficientes e confiáveis, os policiais precisam receber treinamento e ser tratados com mais respeito, o que inclui o pagamento de melhores salários.

Caso contrário, a população vai perdendo a confiança nas forças de segurança e começa a chamar para si mesma as responsabilidades da polícia.

“A classe média olha para a polícia e, se não fica satisfeita, pensa em se armar, em privatizar a segurança”, afirma Briceño-León.

NÃO ACREDITA? VAI LÁ!

BBC: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020819_eleicaoviolencia2ro.shtml
*VisãoAmpla

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