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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 31, 2014

Terrorismo de Estado - ex-presidente General João Figueiredo sabia do atentado do Riocentro, mostra inquérito

Segundo documentos do Inquérito Policial Militar do caso, Figueiredo havia sido alertado pelo menos um mês antes pelo Serviço Nacional de Informação (SNI). A informação foi revelada ontem pelo jornal O Globo.
O atentado seria executado por dois militares do DOI na noite do dia 30 de abril. O plano era causar um apagão no local. A cantora Elba Ramalho se apresentava para uma multidão que participava do evento comemorativo ao Dia do Trabalho. A bomba, porém, explodiu antes, no carro onde estavam os militares. O sargento Guilherme Rosário morreu no local e seu parceiro, o capitão Wilson Chaves Machado, ficou ferido, mas sobreviveu.
Segundo o jornal O Globo, o então chefe do SNI, Otávio Medeiros, prestou dois depoimentos. O primeiro em 1999 e o segundo, em 2000, durante uma acareação com o general Newton Cruz, que à época do atentado era chefe da Agência Central do SNI. Os documentos estão arquivados no Superior Tribunal Militar, em Brasília, e são sigilosos.
No primeiro depoimento, Medeiros declara que “de um mês e meio a um mês antes de 30 de abril” foi informado por Newton “de uma operação que seria realizada por dois elementos do DOI no Riocentro”.
Na segunda versão, o general reafirmou o período em que fora informado e acrescentou que “transmitiu esse conhecimento ao presidente e ao general Venturini (chefe do Gabinete Militar)”.
Figueiredo morreu em 1999.

Saiba Mais: Estadão

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