Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 14, 2014

MULHERES EMPODEREM-SE, PUBLICITÁRIOS TENHAM VERGONHA NA CARA!

Documentário mostra como a mídia enxerga a mulher brasileira 
Alta, magra, cabelos lisos e loiros, heterossexual e jovem: este é o padrão de mulher que a mídia brasileira apresenta hoje. Se levarmos em conta que apenas 47% das brasileiras se consideram brancas, esse padrão já se mostra errado. Mas o que há por trás disso? No documentário ”Mulheres brasileiras: do ícone midiático à realidade” são expostas as relações que esse padrão veiculado tem com a própria mídia e com as mulheres “reais”.

Criado pelas organizações Paz com Dignidad e Revista Pueblos, o vídeo traz entrevistas com ativistas e pesquisadoras, que indicam que o que permitiu a criação desse padrão foi o fato de toda a comunicação de massa brasileira estar nas mãos de algumas poucas famílias. Com isso, surge a necessidade de competição por audiência e a figura da mulher é usada como mera ferramenta para causar reações e garantir espectadores. O mesmo acontece com a figura feminina na publicidade, mesmo quando o produto é direcionado a elas.

Com esse padrão sendo empurrado garganta abaixo nos principais veículos de comunicação, a mulher “real” é oprimida, enfrentando situações em que precisa repudiar aquilo que lhe é natural para se encaixar no que a mídia define como aceitável – como no caso dos pelos do corpo, algo natural que é encarado como errado e que não é mostrado nem mesmo nos comerciais de cremes depilatórios.

O documentário aborda brevemente as raízes dos padrões criados pela mídia, dá exemplos claros de como são usados e debate sobre como isso é ruim para as mulheres, ainda que muitas vejam o padrão como inofensivo. A solução para isso, segundo as entrevistadas, pode começar pela democratização dos veículos de comunicação e pela ampliação do debate sobre o tema.

O vídeo, na íntegra, você confere abaixo. E deixa a pergunta – “até quando seguiremos dominadas pelo controle remoto?”..


A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia
A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia

A mulher brasileira na mídia
  
hypeness 

Bolsonaro faz nova ofensa a Maria do Rosário: “Não merece ser estuprada porque é muito feia”



Bolsonaro faz nova ofensa a Maria do Rosário: “Não merece ser estuprada porque é muito feia”
Em entrevista, Jair Bolsonaro chamou a ex-ministra de Direitos Humanos de “desequilibrada” e afirmou: “Eu sou a vítima, ela é a agressora”
Por Redação
Em entrevista ao jornal Zero Hora publicada ontem (10), o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) comentou as polêmicas declarações feitas contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Na última terça-feira, após discurso da ex-ministra dos Direitos Humanos no plenário, Bolsonaro lembrou uma antiga discussão entre os dois e repetiu a frase dita há alguns anos: “Eu falei que não ia estuprar você porque você não merece”, disse, gerando indignação e revolta nos quatro cantos do país.
Questionado pelo jornal gaúcho sobre o motivo daquela afirmação, o deputado foi além: “Ela não merece porque é muito ruim, porque ela é muito feia. Não faz meu gênero”. Aparentemente tranquilo com a postura tomada no Congresso, complementou: “Eu sou a vítima. Ela é a agressora”. Na entrevista, ele ainda chamou a deputada de “desequilibrada”, disse que não é “politicamente correto” e garantiu não ter medo de processos. Bolsonaro tentou justificar que os insultos foram ditos de forma irônica, por causa de provocações de Maria do Rosário.
Outro assunto abordado foram os direitos femininos. Na ocasião, ele questionou o excesso de direitos trabalhistas e explicou o porquê de, no Brasil, as mulheres ganharem salários mais baixos do que os dos homens. “Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…” Bonito pra c…, pra c…! Quem que vai pagar a conta? O empregador. (…) Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano”, destacou.
Segundo Bolsonaro, a diferença salarial seria algo natural, já que os patrões buscam minimizar os prejuízos na contratação de funcionários. “Por isso que o cara paga menos para a mulher! É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual. Só que o cara que está produzindo, com todos os encargos trabalhistas, perde produtividade (…) Se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu”, concluiu.
Foto de capa: Agência Câmara

*com seus polpudos salários  se preocupa com o patronato

sábado, dezembro 13, 2014

Tudo leva a crer que está em preparação a terceira guerra mundial. É uma guerra provocada unilateralmente pelos EUA com a cumplicidade ativa da UE

Terceira Guerra é contra a Rússia

Washington provoca Moscou em três frentes, atiça possível conflito nuclear e ignora opinião da sociedade norte-americana. Em nome da “democracia”?
por Boaventura de Sousa Santos —


140210Nuclear.jpg
Bombardeiro B-52 equipado com armas atômicas. Para Boaventura, “várias agências de segurança [norte-americanas] fazem planos já para o Day After de um confronto nuclear”
[Este é o blog do site Outras Palavras em CartaCapitalAquivocê vê o site completo]
Tudo leva a crer que está em preparação a terceira guerra mundial. É uma guerra provocada unilateralmente pelos EUA com a cumplicidade ativa da UE. O seu alvo principal é a Rússia e, indiretamente, a China. O pretexto é a Ucrânia. Num raro momento de consenso entre os dois partidos, o Congresso dos EUA aprovou no passado dia 4 a Resolução 758, que autoriza o Presidente a adotar medidas mais agressivas de sanções e de isolamento da Rússia, a fornecer armas e outras ajudas ao governo da Ucrânia e a fortalecer a presença militar dos EUA nos países vizinhos da Rússia. A escalada da provocação da Rússia tem vários componentes que, no conjunto, constituem a segunda guerra fria. Nesta, ao contrário da primeira, assume-se agora a possibilidade de guerra total e, portanto, de guerra nuclear. Várias agências de segurança fazem planos já para o Day After de um confronto nuclear.
Os componentes da provocação ocidental são três: sanções para debilitar a Rússia; instalação de um governo satélite em Kiev; guerra de propaganda. As sanções são conhecidas, sendo a mais insidiosa a redução do preço do petróleo, que afeta de modo decisivo as exportações de petróleo da Rússia, uma das mais importantes fontes de financiamento do país. Esta redução trará o benefício adicional de criar sérias dificuldades a outros países considerados hostis (Venezuela e Irã). A redução é possível graças ao pacto celebrado entre os EUA e a Arábia Saudita, nos termos do qual os EUA protegem a família real (odiada na região) em troca da manutenção da economia dos petrodólares (transações mundiais de petróleo denominadas em dólares), sem os quais o dólar colapsa enquanto reserva internacional e, com ele, a economia dos EUA, o país com a maior e mais obviamente impagável dívida do mundo.
O segundo componente é controle total do governo da Ucrânia de modo a transformar este país num estado satélite. O respeitado jornalista Robert Parry (que denunciou o escândalo do Irã-contra) informa que a nova ministra das finanças da Ucrânia, Natalie Jaresko, é uma ex-funcionária do Departamento de Estado, cidadã dos EUA, que obteve cidadania ucraniana dias antes de assumir o cargo. Foi até agora presidente de várias empresas financiadas pelo governo norte-americano e criadas para atuar na Ucrânia. Agora compreende-se melhor a explosão, em Fevereiro passado, da secretária de estado norte-americana para os assuntos europeus, Victoria Nulland, “Fuck the EU”. O que ela quis dizer foi: “Raios! A Ucrânia é nossa. Pagámos para isso”. O terceiro componente é a guerra de propaganda. Os grandes media e seus jornalistas estão a ser pressionados para difundirem tudo o que legitima a provocação ocidental e ocultarem tudo o que a questione. Os mesmos jornalistas que, depois dos briefings nas embaixadas dos EUA e em Washington, encheram as páginas dos seus jornais com a mentira das armas de destruição massiva de Saddam Hussein, estão agora a enchê-las com a mentira da agressão da Rússia contra a Ucrânia. Peço aos leitores que imaginem o escândalo midiático que ocorreria se se soubesse que o Presidente da Síria acabara de nomear um ministro iraniano a quem dias antes concedera a nacionalidade síria. Ou que comparem o modo como foram noticiados e analisados os protestos em Kiev em Fevereiro passado e os protestos em Hong Kong das últimas semanas. Ou ainda que avaliem o relevo dado à declaração de Henri Kissinger de que é uma temeridade estar a provocar a Rússia. Outro grande jornalista, John Pilger, dizia recentemente que, se os jornalistas tivessem resistido à guerra de propaganda, talvez se tivesse evitado a guerra do Iraque em que morreram até ao fim da semana passada 1.455.590 iraquianos e 4801 soldados norte-americanos. Quantos ucranianos morrerão na guerra que está a ser preparada? E quantos não-ucranianos?
Estamos em democracia quando 67% dos norte-americanos são contra a entrega de armas à Ucrânia e 98% dos seus representantes votam a favor? Estamos em democracia na Europa quando uma discrepância semelhante ou maior separa os cidadãos dos seus governos e da Comissão da UE, ou quando o parlamento europeu segue nas suas rotinas enquanto a Europa está a ser preparada para ser o próximo teatro de guerra, e a Ucrânia, a próxima Líbia?
*http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras?utm_content=bufferca3bc&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer

Revelación: La CIA sabía que el 11-S no tenía nada que ver con Irak


El presidente de la Comisión de Servicios Armados del Senado de EE.UU., el demócrata Carl Levin, ha presentado una nueva prueba de que George W. Bush había mentido a la Nación para llevarla a la guerra con Irak.
"Hubo una campaña acordada por parte del gobierno de George W. Bush para vincular a Irak con el horror de los ataques del 11 de septiembre en la opinión pública. Esa campaña tuvo éxito", insistió el jueves Levin ante el pleno del Senado, según recoge AP. Asimismo acentuó que las encuestas de la época revelaban que un 70% de la población estaba segura de que el ex líder iraquí, Saddam Hussein, estaba involucrado en los atentados.
Levin recordó cómo el 9 de diciembre de 2001, el entonces vicepresidente Dick Cheney apareció en el programa "Meet the Press" para decir: "Está bastante confirmado que Mohamad Atta fue a Praga y se reunió con un funcionario de alto rango del servicio de inteligencia iraquí en abril pasado, varios meses antes del ataque". Atta fue el hombre que encabezó el secuestro de los aviones usados en el ataque del 11-S.
"Las conexiones entre Saddam y el 11-S o Al Qaeda eran ficción", puntualizó Levin y presentó como prueba un cable que recibió del director de la CIA, John Brennan. El documento señala que es posible que dicho encuentro hubiera tenido lugar, pero que no fue en Praga en las fechas mencionadas, ya que Atta se encontraba en EE.UU. por aquellos días.
El mismo cable detalló que la información sobre la presunta reunión provenía de una sola fuente y que la CIA advertía en aquel momento que era muy probable que fuera falsa. "No existe un solo experto antiterrorista o del FBI que haya dicho que tiene evidencia o conocimiento de que (Atta) ciertamente estuvo en Praga. De hecho, el análisis ha determinado más bien lo contrario", concluyó el documento.
*RTespanhol

Jô fez muito mais que defender a “biografia impecável” de Zé Dirceu

Ele está certo ao recomendar cuidado com o que você lê na imprensa
Ele está certo ao recomendar cuidado com o que você lê na imprensa
Deu a louca no Jô?
Nos últimos programas, ele tem dito coisas que não estão no roteiro do pessoal da Globo.
A última delas foi uma defesa da “biografia impecável” de Dirceu perante um pelotão de velhas senhoras furiosas.
Não vejo Jô, e para ser sincero não me interessa a razão pela qual ele tem saído do trilho da Globo.
Mas vi um vídeo de pouco mais de um minuto em que ele falou de Dirceu.
O que mais me chamou a atenção ali foi uma frase de Jô simples, banal, ordinária – mas ignorada por supostos sábios do país.
Jô disse mais ou menos o seguinte: “O sujeito vê uma notícia num jornal e já sai fazendo julgamento.”
Como dizia Danusa, per-fei-to.
Lembro de um celebrado voto, no Mensação, em que o magnífico juiz começava assim: “Não se passa um dia sem que a gente abra os jornais e encontre um escândalo.”
O juiz mostrou ser um mentecapto. Porque, sabemos todos, jornais mentem, jornais inventam escândalos, jornais fazem o diabo para liquidar seus inimigos.
Claro: não apenas jornais. Mas também revistas, rádios, telejornais.
Ou você lê com cuidado e senso de crítica a mídia ou você vira um revoltado online, ou um Lobão, e vai para Brasília lutar por coisas das quais não faz a mais remota ideia, como a emenda fiscal.
Não é de hoje esse comportamento da imprensa. Mas ele se exacerbou desde que o PT subiu ao poder. Aconteceu antes com Getúlio, na década de 50, e com Jango, nos anos 60.
Todo dia, sob Getúlio e Jango, você abria os jornais e encontrava escândalos. Lacerda consagrou a expressão “mar de lama”, contra Getúlio.
O tempo mostraria que grande parte da lama era inventada para sabotar governos com foco nos mais pobres.
Como por milagre, quando está no poder um amigo dos donos da mídia, a lama desaparece. O país parece que recebeu um fabuloso banho de Omo.
Aquele juiz que usou os escândalos noticiados pelos jornais em seu voto no Mensalão ficaria satisfeito, em sua ingenuidade boçal, ao ver que somos mais limpos eticamente que a Escandinávia.
Enquanto isso, a rapinagem grassaria sob sua toga monumental sem que ele tivesse ciência.
Felizmente, para a sociedade, surgiu a internet para colocar fim, na prática, ao monopólio das grandes empresas jornalísticas.
Nem Getúlio e nem Jango contaram com um contraponto ao massacre da imprensa. Visionário, Getúlio criou a Última Hora, e a entregou ao grande Samuel Wainer, mas era um jornal numa multidão de outros dedicados a tirá-lo do poder.
Não sei, repito, o que está acontecendo com Jô. Cansaço de ficar ao lado de sabotadores como Jabor, Merval et caterva?
Insatisfação com a Globo, que decidiu tirar sua plateia e pode suprimir também o sexteto?
Só Jô pode dar a resposta correta.

A mim, pouco importa.
O que quero sublinhar é seu acerto ao dizer, a seu jeito: amigos, tomem cuidado com o que lêem na imprensa.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

MPF defende legalidade de busca e apreensão no Opportunity

Jornal GGN – Na última terça-feira (9), o Ministério Público Federal afirmou que a medida de busca e apreensão realizada na sede do Banco Opportunity, em outubro de 2004, por ocasião das investigações Satiagraha e Chacal, não feriu nenhum princípio legal. A subprocuradora geral da República, Deborah Duprat disse que a diligência que conseguiu a cópia dos discos rígidos que ajudaram a incriminar Daniel Dantas foi feita de forma válida. No habeas corpus, a defesa de Dantas diz que o procedimento extrapolou os limites do mandado expedido.
Do Ministério Público Federal
Manifestação ocorreu durante julgamento de HC impetrado pela defesa do empresário Daniel Dantas
O Ministério Público Federal (MPF) defendeu a legalidade da medida de busca e apreensão realizada na sede do Banco Opportunity, em outubro de 2004, relacionada às investigações conhecidas como Satiagraha e Chacal. A manifestação ocorreu nessa terça-feira, 9 de dezembro, durante julgamento pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) do Habeas Corpus (HC) 106566, impetrado pela defesa do empresário Daniel Valente Dantas. O julgamento foi suspenso em razão do pedido de vista formulado pela ministra Cármen Lúcia.

Presente à sessão, a subprocuradora-geral da República Deborah Duprat reafirmou a validade da diligência executada na instituição financeira, em outubro de 2004, que resultou na cópia de discos rígidos, conhecidos por HDs. No habeas corpus, a defesa de Dantas argumenta que o procedimento extrapolou os limites do mandado expedido, alcançando as dependências de uma instituição alheia às investigações e cujo endereço não foi abrangido pela decisão judicial. O destino inicial da operação era o escritório do empresário, localizado no mesmo edifício do Banco Opportunity, no centro do Rio de Janeiro.

Em parecer apresentado à Corte Superior, o Ministério Público Federal (MPF) observa que a medida autorizada por juiz substituto da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, embora não se referisse ao exato local onde o HD poderia ser apreendido, fez expressa menção ao equipamento que deveria ser objeto da busca.

Também no documento, o MPF sustenta que o magistrado ampliou a autorização da busca e apreensão com base em pedido de autoridade policial, que informou sobre a possibilidade de armazenamento de dados relativos a Dantas em computador do Banco Opportunity. Ainda conforme o Ministério Público, o juiz federal ordenou sigilo das informações obtidas, bem como devolução à instituição financeira dos elementos relacionados a terceiros. "Os requisitos legais foram atendidos e, de fato, existiam fundados indícios de provas alusivas à apuração em curso", acrescenta.
A análise da matéria via habeas corpus foi outro ponto contestado pelo Ministério Público, que lembrou a finalidade do instrumento para proteger a liberdade de locomoção do indivíduo, não se aplicando a este caso.

Relator - Único a votar na sessão, o relator do HC, ministro Gilmar Mendes, opinou pela concessão da ordem para que as provas sejam retiradas do processo. Mendes justificou que a investigação desrespeitou a regra constitucional da inviolabilidade do domicílio - assim considerados os ambientes doméstico e profissionais - e que o mandado de busca e apreensão deve ser precisamente fundamentado.

Histórico - Em 2009, o Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP) denunciou à 6ª Vara Federal Criminal o banqueiro Daniel Dantas, controlador do grupo Opportunity, pelos supostos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Veja aqui o andamento processual do HC 106566. 
*

Delegado Protógenes

Um dinheiro incontável é gasto para proteger os cidadãos dos 'perigos' da droga, como se não fosse mais fácil morrer de bala perdida que de overdose de maconha
por Maurício Moraes na Carta Capital

Para "proteger" nossas famílias dos vapores entorpecentes deste mundo,
criamos um sistema sórdido de violência
Você, leitor, já parou para pensar que o mundo trava hoje uma guerra perdida baseada em uma grande mentira? Que despejamos bilhões de dólares, de reais, de pesos, em uma guerra que só faz escorrer sangue em nossos morros, que faz alimentar milícias e guerrilhas, políticos e policiais corruptos?
O que dizer sobre o fato de que uma mentira ajuda a fazer do Brasil um dos países recordistas em homicídios no mundo ― 56 mil mortos em 2012? E que esse mesmo delírio faz entupir nossas prisões, sobretudo com jovens pretos e pobres, numa engrenagem que só gera mais violência?
Para entender a paranoia, voltemos a 1971. Naquele ano, o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, declarou uma "Guerra às Drogas", dizendo que os entorpecentes eram o "inimigo número um do país". Acossado por notícias de uso de drogas por soldados americanos no Vietnã, em tempos em que jovens maconheiros e contestadores pediam paz e amor e o fim da guerra, a nova política de drogas foi inaugurada com estardalhaço.
Baseada na premissa de um "mundo livre das drogas", com o objetivo de erradicar o consumo e o tráfico, a política da Guerra às Drogas fez escola na Europa e nas Américas. Nos mais de 40 anos que se passaram desde o anúncio da linha dura dos Estados Unidos, Nixon renunciou no escândalo de Watergate, os americanos fecharam o cerco em suas cidades e jogaram sua máquina de guerra contra plantações de coca nos Andes. Também intervieram militarmente no Panamá com a desculpa do combate ao tráfico. Em nome de uma mentira.
Ainda assim, o consumo de drogas só cresceu e o tráfico internacional bateu recordes. O Rio de Janeiro viu a violência explodir nos seus morros. São Paulo viu sua segurança pública refém de uma rede criminosa comandada de dentro dos presídios. Plano Colômbia, massacres no México, brigas de gangues em cidades do mundo inteiro... O enredo é macabro.
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, cerca de 5% da população mundial já consumiu ou consome algum entorpecente (e o crescimento é estável). Isso explica os lucros insanos do narcotráfico. O proibicionismo criou um monstro que hoje movimenta US$ 400 bilhões por ano.
É esse dinheiro que financia as AK-47 dos morros cariocas e os fuzis que mataram 43 estudantes no México. Caverões do Bope, a Rota na rua, o Amarildo que nunca mais voltou e o massacre da juventude negra nas periferias são parte e consequência dessa guerra infame.
Tanto dinheiro e tanto empenho para supostamente proteger os cidadãos dos "perigos" da droga, como se não fosse mais fácil morrer de bala perdida do que de overdose de maconha. Para os defensores do proibicionismo, cabe ao Estado tutelar a vida (e logo as vontades) de seus cidadãos. Pode até soar altruísmo. Não é.
Desde que o mundo é mundo, as pessoas se entorpecem. Não me lembro de qualquer sociedade que não tenha desenvolvido algum tipo de bebida alcoólica (cachaça também é droga, vale lembrar, só que lícita). Fuma-se, cheira-se, faz-se de um tudo. A questão aqui não é dizer que droga é do bem ou é do mal, nem sustentar que não haja malefícios (sabe-se que maconha em excesso lesa um cidadão, que a cocaína frita neurônios, que álcool arruína os rins, etc…).
A questão é que a droga existe, que todo dia alguém fuma uma pedra no centro de São Paulo ou cheira uma carreirinha em algum canto do Congresso Nacional. É um fato e precisamos lidar com isso. Por isso mesmo, qualquer política pública que não aceite a realidade estará, em algum momento, equivocada.
Felizmente, temos sopros de lucidez ao redor do mundo. Estados americanos como o Colorado e o vizinho Uruguai já legalizaram a maconha (parte importante do problema). O debate ganha fôlego na América Latina e até nos EUA, onde o presidente Barack Obama já admitiu que a Guerra às Drogas é um "fracasso total”.
Nessa guerra travada sobretudo nas periferias, o maior preço é pago por quem é tragado pelas prisões superlotadas. No Brasil, a coisa só piorou desde que o Sistema Nacional de Politicas sobre Drogas entrou em vigor em 2006. Acabamos de passar a Rússia e agora temos a terceira maior população carcerária do mundo (715 mil pessoas).
Nessa guerra, cor da pele, endereço e conta bancária contam. Uma coisa é um menino branco fumar na Avenida Paulista (vai provavelmente se safar como usuário). Outra é o menino preto fumando na periferia (grande chance de ir para a cadeia por tráfico). O enredo é corriqueiro — curso intensivo de marginalidade e estigma após sair da prisão. O saldo é sempre mais violência.
Além de tragar recursos públicos, a Guerra às Drogas funciona como um terrível mecanismo de controle social, de criminalização da pobreza. Para "proteger" nossas famílias dos vapores entorpecentes deste mundo, criamos um sistema sórdido de violência. O Estado faz de conta que vai acabar com as drogas. A sociedade finge que a cadeia é a solução para todos os males (enquanto uns poucos tantos enriquecem nesse ínterim).
Diante da mentira, a verdade é que precisamos falar sobre drogas e debater sua legalização e regulação. Até lá, seguiremos contando os mortos desse front.
*Maurício Moraes é jornalista e foi candidato a Deputado Federal por São Paulo pelo PT.