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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 14, 2014

Bolsonaro faz nova ofensa a Maria do Rosário: “Não merece ser estuprada porque é muito feia”



Bolsonaro faz nova ofensa a Maria do Rosário: “Não merece ser estuprada porque é muito feia”
Em entrevista, Jair Bolsonaro chamou a ex-ministra de Direitos Humanos de “desequilibrada” e afirmou: “Eu sou a vítima, ela é a agressora”
Por Redação
Em entrevista ao jornal Zero Hora publicada ontem (10), o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) comentou as polêmicas declarações feitas contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Na última terça-feira, após discurso da ex-ministra dos Direitos Humanos no plenário, Bolsonaro lembrou uma antiga discussão entre os dois e repetiu a frase dita há alguns anos: “Eu falei que não ia estuprar você porque você não merece”, disse, gerando indignação e revolta nos quatro cantos do país.
Questionado pelo jornal gaúcho sobre o motivo daquela afirmação, o deputado foi além: “Ela não merece porque é muito ruim, porque ela é muito feia. Não faz meu gênero”. Aparentemente tranquilo com a postura tomada no Congresso, complementou: “Eu sou a vítima. Ela é a agressora”. Na entrevista, ele ainda chamou a deputada de “desequilibrada”, disse que não é “politicamente correto” e garantiu não ter medo de processos. Bolsonaro tentou justificar que os insultos foram ditos de forma irônica, por causa de provocações de Maria do Rosário.
Outro assunto abordado foram os direitos femininos. Na ocasião, ele questionou o excesso de direitos trabalhistas e explicou o porquê de, no Brasil, as mulheres ganharem salários mais baixos do que os dos homens. “Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…” Bonito pra c…, pra c…! Quem que vai pagar a conta? O empregador. (…) Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano”, destacou.
Segundo Bolsonaro, a diferença salarial seria algo natural, já que os patrões buscam minimizar os prejuízos na contratação de funcionários. “Por isso que o cara paga menos para a mulher! É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual. Só que o cara que está produzindo, com todos os encargos trabalhistas, perde produtividade (…) Se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu”, concluiu.
Foto de capa: Agência Câmara

*com seus polpudos salários  se preocupa com o patronato

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