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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 26, 2014

Procuradoria Geral da República denuncia Bolsonaro ao STF por incitar crime de estupro


Procuradoria Geral da República denuncia Bolsonaro ao STF por incitar crime de estupro





Nesta segunda-feira (15), a vice-procuradora geral da República, Ela Wiecko, denunciou o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) por incitação ao crime de estupro. O motivo foi uma uma entrevista do parlamentar carioca ao jornal "Zero Hora", do Rio Grande do Sul, publicada no último dia 10 de dezembro. Na ocasião, Bolsonaro afirmou que a deputada federal e ex-ministra de Direitos Humanos Maria do Rosário (PT-RS) "não merece ser estuprada porque é muito feia". Segundo a vice-procuradora, "ao dizer que não estupraria a deputada porque ela não 'merece', Bolsonaro instigou, com suas palavras, que um homem estupre uma mulher caso entenda que ela seja merecedora do estupro". 

Wiecko disse que Bolsonaro, ao classificar o estupro como uma prática possível, "abala a sensação coletiva de segurança e tranquilidade". Para ela, esta sensação é garantida pela ordem jurídica a todas as mulheres, afirmando que elas não serão vitimas de estupro porque tal prática é coibida pela legislação penal.

*Mariadapenhaneles

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