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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 24, 2014

“O que o Alckmin está fazendo na USP é para sucatear e privatizar de vez e impedir o surgimento de novos Florestan Fernandes e Paulo Freires.”

Captadores de alunos: Enterrando Florestan e Paulo Freire, de novo


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Excelente matéria com esse sociólogo Wilson de Almeida.
Mas o problema reside na Lei de Diretrizes de Base do Darci Ribeiro/FHC, influenciada pelas finanças internacionais.
O critério de 30% de Mestres E Doutores gerou o expediente desses grupos financeiros de comprar todas as universidades particulares e despedir todos os docentes (transformando-os em diaristas, “prestadores de serviço”, com empresa própria).
Em lugar deles contrata-se graduados orientados por apostilas.
Mestres e doutores são apenas contratados para produzir essas apostilas e assinar papéis quando avaliados pelo MEC (nos períodos de avaliação e fiscalização).
Docentes são reduzidos a captadores de alunos (como vendedores em escolas) para encher salas de aulas das faculdades, sob metas agressivas.
Não existe humilhação maior.
O trabalho do professor-pesquisador revolucionário (como Florestan Fernandes) está praticamente extinto.
O que o Alckmin está fazendo na USP é para sucatear e privatizar de vez e impedir o surgimento de novos Florestan Fernandes e Paulo Freires.
E o ensino virtual veio para enterrar de vez a Pedagogia do Oprimido/Educação como Prática da Liberdade de Paulo Freire.
*Viomundo

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