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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 20, 2014

Credores norte-americanos pedem falência de empresa da Rede Globo nos EUA


Globo_Fradim
Rede Globo lidera o ranking dos devedores dos veículos de comunicação.
Via Mundo
A mídia nacional brasileira acumula atualmente uma dívida de R$10 bilhões, na qual 56% pertencem à Globopar (Globo Comunicações e Participações, holding das Organizações Globo), segundo relatório apresentado pelo setor ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Só no ano de 2002, estima-se que o prejuízo nas empresas de comunicação no Brasil tenha alcançado a casa dos R$7 bilhões. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, rádios, tevês, jornais, revistas e agências de notícias foram obrigadas a demitir pelo menos 17 mil empregados.
O diretor de Planejamento das Organizações Globo, Jorge Nóbrega, afirmou que a Globopar tem uma dívida total de US$1,9 bilhão desde 2002, quando deixou de pagar parcialmente os débitos. Com o atraso nos pagamentos, todas as dívidas ficaram sujeitas ao resgate imediato.
Além das dívidas acumuladas pela Globo no Brasil, o grupo tem enfrentado semelhante situação nos Estados Unidos. O fundo de investimento norte-americano Huff, credor da companhia, moveu processo contra a Rede Globo solicitando renegociação judicial de uma dívida vencida da Globopar no valor de US$94,3 milhões. Devido à dívida, o Huff decidiu entrar na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York em dezembro de 2003.
O fundo de investimento Huff (o Foundations For Research, credor de US$175 mil) é apenas um grupo dos três credores que entraram com um pedido de falência involuntária da Globopar (Globo Comunicações e Participações). Os outros fundos são o GMAM Investment Funds Trust I (que se diz credor de US$30,5 milhões da Globo), o WRH Global Securities Pooled Trust (US$63,6 milhões).
Além da Globo, outras mídias também enfrentam momentos difíceis, como é o caso da mídia impressa, também afetada pela crise entre 2000 e 2002. Enquanto a circulação de revistas caiu de 17,1 milhões para 16,2 milhões de exemplares/ano, a de jornais caiu de 7,9 milhões de exemplares/dia para 7 milhões. Os investimentos publicitários – divididos entre todas as empresas de mídia – diminuíram de R$9,8 bilhões em 2000 para R$9,6 bilhões em 2002 (em valores sem correção).
A maior parte das dívidas das empresas de comunicação se deve ao fato de as empresas apostarem no crescimento da economia e na estabilidade do câmbio, na segunda metade dos anos de 1990. Com isso, acabaram se endividando em dólar para tentar aumentar a capacidade de produção.
De acordo com relatório apresentado pelo setor ao BNDES em outubro de 2003, 80% das dívidas são em dólar, e 83,5% têm vencimento em curto prazo.
Choveram denúncias e mais denúncias contra a participação do BNDES na operação para salvar a Globo da falência, e em meio a uma seara desordenada de denúncias e oposições à questão BNDES, o jornalista Hélio Fernandes, em 14/3/2002, na Tribuna de Imprensa foi categórico: “Deveriam ouvir Romero Machado, que publicou o imperdível ‘Afundação Roberto Marinho’. Ali está contada de forma irrespondível, a força que a Organização sempre teve na Justiça”. E, de fato, numa sequência de denúncias sérias e fundamentadas foi colocado nos meios de comunicação a impossibilidade e a ilegalidade da associação Globo/BNDES. E com isso a operação salvação da Globo foi parcialmente abortada. Mas é bom manter os olhos permanentemente abertos, pois a Globo continua com uma dívida impagável e o governo (federal, principalmente) vive sempre debaixo de muitos escândalos.
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