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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 19, 2014

E a multa sobre consumo de água em SP, não é “estelionato eleitoral”?

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O jornais paulistas do último dia útil da semana noticiam retribuição que o povo que reelegeu o governador Geraldo Alckmin em primeiro turno neste ano acaba de ganhar dele: a conta de água de quem exceder a média do que gastou entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014 será majorada em CINQUENTA POR CENTO.
Além disso, o governo paulista irá fazer uma campanha publicitária que, segundo expressão usada pelo governador Geraldo Alckmin, pretende “constranger” quem gastar mais do que o permitido. Ou seja, o governador que o povo elegeu de forma tão efusiva irá estereotipar quem, por algum motivo – e pode haver quem tenha que gastar por necessidade, e não por falta de consciência –, vier a exceder o consumo médio de água em determinado período.
Contudo, segundo a insuspeita revista Veja a medida recém-anunciada é ilegal porque não é possível impor multa aos consumidores sem que o governo do Estado decrete racionamento.

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O pior, porém, vem agora: a presidente Dilma Rousseff decretou aumento de 3% no preço da gasolina em novembro, após as eleições, e a medida foi qualificada pela mídia e pela oposição como “estelionato eleitoral”, apesar de que em 2013 também houve aumento dos combustíveis no mesmo mês de novembro.

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A pergunta que se faz ao leitor é: qual, entre as medidas do governo federal e do estadual, constitui “estelionato eleitoral”? O aumento previsível de 3% da gasolina ou a multa ILEGAL de CINQUENTA POR CENTO a quem exercer o DIREITO de gastar água, já que o Estado de São Paulo, ao menos oficialmente, não vive uma situação de crise hídrica?
Como se vê na matéria da INSUSPEITA revista Veja, supra reproduzida, para multar o consumidor o governo do Estado teria que decretar racionamento, assim como fez Fernando Henrique Cardoso com o outro racionamento que o PSDB impôs aos seus governados, o de energia elétrica entre 2001 e 2002.
PSDB vai se firmando como o partido das multas e racionamentos, já que, além da multa, a cidade vive um racionamento “informal” de água que penaliza consumidores sem aviso, conforme vem sendo amplamente denunciado pelas mídias alternativas, que não blindam o governador paulistas.
Eis então, paulistas, o “prêmio” que vocês ganharam de um governador imprevidente, que ignorou todos os avisos dos órgãos técnicos e que rompeu acordo com a Agência Nacional de Águas firmado em 2004, quando o governo paulista se comprometeu a construir um segundo aquífero no Estado.
Desse modo, os paulistas estamos esperando que a mídia e o PSDB chamem de “estelionato eleitoral” a aplicação ilegal dessa multa sobre o consumidor, já que, ao menos oficialmente, o Estado de São Paulo não atravessa problemas de abastecimento de água.
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PS: a multa de Alckmin incide sobre ultrapassagem de consumo da média de 12 meses, mas no verão a população é OBRIGADA a gastar mais
*EduardoGuimarães

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