“PT cometeu erros graves, mas é melhor, sem comparação”, diz dom Pedro Casaldáliga
Postado em 4 de novembro de 2014 às 3:02 am
“O PT cometeu erros graves, mas é melhor, sem comparação”, disse dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, ao comentar a vitória de Dilma Rousseff.
A frase combinava com a atmosfera de alívio entre religiosos e auxiliares na casa de dom Pedro, um nome proeminente da ala esquerda da Igreja Católica, com laços históricos com o PT, um dia depois da eleição mais acirrada da história recente.
No Mato Grosso a vitória foi de Aécio Neves. No Vale do rio Araguaia, aposta dos produtores para dobrar a área cultivada de soja no Estado nos próximos anos, o tucano teve folgada vantagem.
Sentado em frente ao ventilador que tentava amenizar o calor denso da cidade, às margens do rio Araguaia, dom Pedro, com 86 anos, falava com bastante dificuldade, debilitado pelo Mal de Parkinson. Seu assistente, frei Paulo Santos, ajudava na compreensão de frases.
Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT)
O domingo da apuração havia sido longo. O bispo, que em geral se recolhe para dormir no começo da noite, esperou o discurso de Dilma.
O domingo da apuração havia sido longo. O bispo, que em geral se recolhe para dormir no começo da noite, esperou o discurso de Dilma.
Disse ter gostado da menção da presidente à reforma política, mas defendeu que Dilma “deve continuar criando espaços para diálogo com o movimento popular –relativizando os partidos, os sindicatos–” para levar adiante a promessa de mudança.
Foi então que citou o papa Francisco, que, naquele mesmo dia, iniciara, em Roma, encontro com movimentos sociais, entre eles o MST.
“O papa é uma revolução dentro da igreja”, disse.
O entusiasmo para falar sobre Francisco, a quem os católicos ligados à esquerdista Teologia da Libertação na América Latina veem como um encorajador de suas práticas, teve seu reverso quando o tema foi a soja na zona.
O bispo, nascido na Catalunha (Espanha), ganhou fama mundial ao defender direitos dos povos indígenas e terra para a reforma agrária.
DCM