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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 11, 2015

“PT cometeu erros graves, mas é melhor, sem comparação”, diz dom Pedro Casaldáliga


por Já que a mídia não mostra  
“O PT cometeu erros graves, mas é melhor, sem comparação”, disse dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, ao comentar a vitória...
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“PT cometeu erros graves, mas é melhor, sem comparação”, diz dom Pedro Casaldáliga

Postado em 4 de novembro de 2014 às 3:02 am

“O PT cometeu erros graves, mas é melhor, sem comparação”, disse dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, ao comentar a vitória de Dilma Rousseff.
A frase combinava com a atmosfera de alívio entre religiosos e auxiliares na casa de dom Pedro, um nome proeminente da ala esquerda da Igreja Católica, com laços históricos com o PT, um dia depois da eleição mais acirrada da história recente.
No Mato Grosso a vitória foi de Aécio Neves. No Vale do rio Araguaia, aposta dos produtores para dobrar a área cultivada de soja no Estado nos próximos anos, o tucano teve folgada vantagem.
Sentado em frente ao ventilador que tentava amenizar o calor denso da cidade, às margens do rio Araguaia, dom Pedro, com 86 anos, falava com bastante dificuldade, debilitado pelo Mal de Parkinson. Seu assistente, frei Paulo Santos, ajudava na compreensão de frases.
Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT)
O domingo da apuração havia sido longo. O bispo, que em geral se recolhe para dormir no começo da noite, esperou o discurso de Dilma.
Disse ter gostado da menção da presidente à reforma política, mas defendeu que Dilma “deve continuar criando espaços para diálogo com o movimento popular –relativizando os partidos, os sindicatos–” para levar adiante a promessa de mudança.
Foi então que citou o papa Francisco, que, naquele mesmo dia, iniciara, em Roma, encontro com movimentos sociais, entre eles o MST.
“O papa é uma revolução dentro da igreja”, disse.
O entusiasmo para falar sobre Francisco, a quem os católicos ligados à esquerdista Teologia da Libertação na América Latina veem como um encorajador de suas práticas, teve seu reverso quando o tema foi a soja na zona.
O bispo, nascido na Catalunha (Espanha), ganhou fama mundial ao defender direitos dos povos indígenas e terra para a reforma agrária.
DCM

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