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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, setembro 29, 2013
Franklin será um dos coordenadores da campanha de Dilma
Franklin será um dos coordenadores da campanha de Dilma
Ótima notícia para os que defendem uma campanha mais politizada e
menos marketeira. Segundo apurado pela Folha, o ministro Franklin
Martins integrará o núcleo que irá coordenar a campanha de reeleição de
Dilma Rousseff. Ele “atuará na agenda política e nas estratégias para
redes sociais”.
Franklin Martins tem carisma no campo progressista por suas convicções corajosas quando o tema é a necessidade de regulamentar a mídia brasileira. Se participa da campanha, poderá vir a ser ministro de Estado na segunda gestão da presidenta, na área de comunicação, o que representará, sem dúvida, uma vitória para os movimentos sociais que lutam pela democratização da mídia no Brasil.
Por: Miguel do Rosário
Franklin Martins tem carisma no campo progressista por suas convicções corajosas quando o tema é a necessidade de regulamentar a mídia brasileira. Se participa da campanha, poderá vir a ser ministro de Estado na segunda gestão da presidenta, na área de comunicação, o que representará, sem dúvida, uma vitória para os movimentos sociais que lutam pela democratização da mídia no Brasil.
Por: Miguel do Rosário
*Tijolaço
Outro Dia das Crianças é possível O consumismo tornou-se hábito
O consumismo tornou-se hábito característico de nossa
sociedade. Como nenhuma criança nasce consumista, vale uma reflexão
sobre quais hábitos e valores estamos transmitindo, para que prefiram
comprar a brincar
Por Lais Fontenelle Pereira, no Outras Palavras
No Brasil, convencionou-se considerar 12 de outubro como Dia das Crianças. A data foi oficializada em 1924 pelo presidente Arthur Bernardes, mas só décadas depois, por volta dos anos 1960, passou a ser comemorada. Foi quando a fábrica de brinquedos Estrela lançou a Semana do Bebê Robusto junto com a multinacional Johnson & Johnson. Desde então, o dia foi mercantilizado e passou a ser vivido pela grande maioria das famílias como um dever ao consumo. Escolhi este tema para abrir, em Outras Palavras, uma coluna que pretende estimular reflexão sobre a criança contemporânea e sua relação com consumo, mídias, família, escola e cidade.
Depois dessa breve história, uma pergunta: o que de fato honramos atualmente, a criança ou o consumo? Porque para homenagear a criança faria mais sentido escolher 20 de novembro, data da aprovação pela ONU da Declaração dos Direitos das Crianças.
As crianças de hoje diferem das de outros tempos – principalmente pelo lugar de destaque que ocupam na engrenagem da sociedade de consumo. Recebem status de consumidoras no mercado, antes mesmo de estarem aptas ao exercício pleno de sua cidadania. São diariamente bombardeadas, em todos os espaços de convivência, por mensagens publicitárias abusivas que vendem a falsa ideia da realização de sonhos, felicidade e inclusão social pela posse de mercadorias. Mas as crianças são seres em desenvolvimento psíquico, afetivo e cognitivo, e até mais ou menos os doze anos não têm capacidade crítica e abstração de pensamento formadas para retrabalhar essas mensagens persuasivas.
E aí está o problema: a construção da subjetividade da criança se dá também pela posse dos objetos que a cercam. Ela já nasce usando fraldas X, bebendo leite Z, brincando com bonecos Y. Desde muito cedo, passa a ser consumidora não só de objetos, mas também daquilo que eles representam. Outra pedagogia se instalou na vida de nossas crianças: a das mídias que falam diretamente com os pequenos, não só entretendo e informando, mas ditando valores e hábitos de consumo.
A criança brasileira é das que mais assistem TV no mundo: passa mais de 5 horas do dia sentada em frente à tela, em média (1). Em áreas de alta vulnerabilidade social e econômica, esse tempo chega a espantosas 9 horas por dia – o que ultrapassa, em muito, o tempo que ela passa no ambiente escolar: cerca de 3 horas e 15 minutos. O problema se agrava se lembrarmos a publicidade veiculada por essa mídia, que parece hoje mais formadora da subjetividade infantil do que a escola, com forte impacto no desenvolvimento saudável das crianças. Isso, além de contribuir para o grave e urgente problema do consumismo na infância.
O consumismo tornou-se um hábito característico de nossa sociedade. Mas, como nenhuma criança nasce consumista, vale uma reflexão sobre quais hábitos e valores estamos transmitindo às crianças contemporâneas, para que prefiram comprar a brincar. Valores que priorizam o ter em detrimento do ser, o individual acima do coletivo, a competição ao invés da cooperação. A infância não pode ser aprisionada nos falsos ideais de felicidade vendidos pela sociedade de consumo. Criança precisa de muito pouco para ser feliz: precisa de olhar, de palavra, de escuta e de acolhimento.
Convoco então pais e cuidadores a inverter, nesse 12 de Outubro, a lógica consumista dominante e a trocar o shopping pelo parque, o brinquedo pelo afeto. O dia das crianças pode ser comemorado de outras formas. Foi pensando nisso que o Instituto Alana teve a iniciativa, engajada e divertida, de convidar pessoas de todo o país a organizar Feiras de Troca de Brinquedos (em eventos simultâneos no sábado, 12 de Outubro), para gerar um movimento nacional de transformação do olhar à relação da criança com o consumo.
Uma Feira de Troca de Brinquedos é também uma boa experiência para repensarmos a forma como nós, adultos, consumimos. São espaços que convidam a outra socialização e ao exercício de desapego, e maneira de colocarmos em prática a economia solidária e o consumo colaborativo. Nelas, as crianças têm ainda a chance de exercitar a conquista por meio da negociação entre pares. E o mais bacana é que na troca os objetos perdem seu valor monetário – e ganham outros valores, simbólicos e afetivos.
Ao emprestar novos significados e usos a objetos antigos, ao afirmar que as relações sociais e afetivas não precisam ser pautadas pela compra, a experiência das Feiras de Troca torna-se enriquecedora para pais e para filhos. Trocar pode, sem dúvida, ser bem mais divertido que comprar. Que tal, então, se engajar nesse movimento para celebrar o dia das crianças de forma mais humana e sustentável? No site do Alana estão disponíveis materiais de apoio para ajudá-lo a organizar uma feira. Compartilhe a ideia e divirta-se!
*RevistaForum
Por Lais Fontenelle Pereira, no Outras Palavras
No Brasil, convencionou-se considerar 12 de outubro como Dia das Crianças. A data foi oficializada em 1924 pelo presidente Arthur Bernardes, mas só décadas depois, por volta dos anos 1960, passou a ser comemorada. Foi quando a fábrica de brinquedos Estrela lançou a Semana do Bebê Robusto junto com a multinacional Johnson & Johnson. Desde então, o dia foi mercantilizado e passou a ser vivido pela grande maioria das famílias como um dever ao consumo. Escolhi este tema para abrir, em Outras Palavras, uma coluna que pretende estimular reflexão sobre a criança contemporânea e sua relação com consumo, mídias, família, escola e cidade.
Depois dessa breve história, uma pergunta: o que de fato honramos atualmente, a criança ou o consumo? Porque para homenagear a criança faria mais sentido escolher 20 de novembro, data da aprovação pela ONU da Declaração dos Direitos das Crianças.
As crianças de hoje diferem das de outros tempos – principalmente pelo lugar de destaque que ocupam na engrenagem da sociedade de consumo. Recebem status de consumidoras no mercado, antes mesmo de estarem aptas ao exercício pleno de sua cidadania. São diariamente bombardeadas, em todos os espaços de convivência, por mensagens publicitárias abusivas que vendem a falsa ideia da realização de sonhos, felicidade e inclusão social pela posse de mercadorias. Mas as crianças são seres em desenvolvimento psíquico, afetivo e cognitivo, e até mais ou menos os doze anos não têm capacidade crítica e abstração de pensamento formadas para retrabalhar essas mensagens persuasivas.
E aí está o problema: a construção da subjetividade da criança se dá também pela posse dos objetos que a cercam. Ela já nasce usando fraldas X, bebendo leite Z, brincando com bonecos Y. Desde muito cedo, passa a ser consumidora não só de objetos, mas também daquilo que eles representam. Outra pedagogia se instalou na vida de nossas crianças: a das mídias que falam diretamente com os pequenos, não só entretendo e informando, mas ditando valores e hábitos de consumo.
A criança brasileira é das que mais assistem TV no mundo: passa mais de 5 horas do dia sentada em frente à tela, em média (1). Em áreas de alta vulnerabilidade social e econômica, esse tempo chega a espantosas 9 horas por dia – o que ultrapassa, em muito, o tempo que ela passa no ambiente escolar: cerca de 3 horas e 15 minutos. O problema se agrava se lembrarmos a publicidade veiculada por essa mídia, que parece hoje mais formadora da subjetividade infantil do que a escola, com forte impacto no desenvolvimento saudável das crianças. Isso, além de contribuir para o grave e urgente problema do consumismo na infância.
O consumismo tornou-se um hábito característico de nossa sociedade. Mas, como nenhuma criança nasce consumista, vale uma reflexão sobre quais hábitos e valores estamos transmitindo às crianças contemporâneas, para que prefiram comprar a brincar. Valores que priorizam o ter em detrimento do ser, o individual acima do coletivo, a competição ao invés da cooperação. A infância não pode ser aprisionada nos falsos ideais de felicidade vendidos pela sociedade de consumo. Criança precisa de muito pouco para ser feliz: precisa de olhar, de palavra, de escuta e de acolhimento.
Convoco então pais e cuidadores a inverter, nesse 12 de Outubro, a lógica consumista dominante e a trocar o shopping pelo parque, o brinquedo pelo afeto. O dia das crianças pode ser comemorado de outras formas. Foi pensando nisso que o Instituto Alana teve a iniciativa, engajada e divertida, de convidar pessoas de todo o país a organizar Feiras de Troca de Brinquedos (em eventos simultâneos no sábado, 12 de Outubro), para gerar um movimento nacional de transformação do olhar à relação da criança com o consumo.
Uma Feira de Troca de Brinquedos é também uma boa experiência para repensarmos a forma como nós, adultos, consumimos. São espaços que convidam a outra socialização e ao exercício de desapego, e maneira de colocarmos em prática a economia solidária e o consumo colaborativo. Nelas, as crianças têm ainda a chance de exercitar a conquista por meio da negociação entre pares. E o mais bacana é que na troca os objetos perdem seu valor monetário – e ganham outros valores, simbólicos e afetivos.
Ao emprestar novos significados e usos a objetos antigos, ao afirmar que as relações sociais e afetivas não precisam ser pautadas pela compra, a experiência das Feiras de Troca torna-se enriquecedora para pais e para filhos. Trocar pode, sem dúvida, ser bem mais divertido que comprar. Que tal, então, se engajar nesse movimento para celebrar o dia das crianças de forma mais humana e sustentável? No site do Alana estão disponíveis materiais de apoio para ajudá-lo a organizar uma feira. Compartilhe a ideia e divirta-se!
*RevistaForum
Fascistas gregos na prisão
Na Grécia, a polícia prende o líder do Aurora
Dourada, apelidado de “Fuehrer” pelos militantes, e 18 outros deputados e
dirigentes, estando outros 11 em fuga. A reação do AD foi fraca,
mobilizando apenas 300 pessoas. Opinião pública indignou-se com o
assassinato do rapper Pavlos Fyssas, perpetrado por um militante do AD.
Syriza diz que o governo finalmente fez o óbvio, pressionado pela
opinião pública.
Artigo |
29 Setembro, 2013 - 10:39
Nikos Michaloliakos é chamado de "Fuehrer" pelos militantes do Aurora Dourada. Foto retirada do Left.gr
O ex-militar Michaloliakos não ofereceu resistência. Na sua casa foram encontradas diversas armas, sem licença de porte, e 43 mil euros em dinheiro.
A reação do partido, que tem 18 deputados no parlamento grego, foi abaixo do esperado. Cerca de 300 militantes manifestaram-se diante da sede da polícia, para onde foram conduzidos os detidos, empunhando bandeiras gregas e não as flâmulas nazis do Aurora Dourada.
Organização criminosa
Um relatório de nove páginas compilado pelo vice-procurador do Supremo Tribunal descreve o Aurora Dourada como uma organização criminosa e Michaloliakos como o seu líder. Além das acusações de assassinatos, o relatório responsabiliza também o partido por ações de chantagem e de lavagem de dinheiro. A organização é descrita como totalmente hierarquizada, sob o comando do seu líder, apelidado de “Fuehrer”.
Ao mesmo tempo, prossegue a investigação interna da Polícia sobre os vínculos entre o Aurora Dourada e a corporação, iniciada depois do assassinato do rapper Pavlos Fyssas. Duas altas autoridades policiais já pediram demissão diante da onda de indignação provocada pela revelação dos vínculos entre os fascistas e as forças policiais. "Durante os últimos três anos, muitos dos nossos colegas foram tolerantes com a violência da Aurora Dourada", declarou Cristos Fotopulos, presidente da federação grega de polícias à radio Skai, citado pelo El País.
Deputados do Aurora Dourada estão a ameaçar demitir-se em massa, para provocar novas eleições. Mas caso renunciem e os suplentes não assumam, podem acontecer eleições apenas para preencher essas vagas e não eleições gerais.
“Governo fez o óbvio”
Uma declaração oficial do Syriza, publicada no site Left.gr, afirma que “finalmente Samaras fez o óbvio. Ainda que com lentidão, mesmo depois de cinco assassinatos”. O partido de esquerda que lidera a oposição afirma que esteve e sempre estará na linha de frente contra o fascismo e pela defesa da democracia. “A luta é principalmente política e ideológica. Chamamos o povo grego a isolar politicamente, moralmente e ideologicamente o fascismo. Esta é a única garantia da democracia”.
*http://www.esquerda.net/artigo/fascistas-gregos-na-pris%C3%A3o/29654#.UkgITsN54F8.facebook
Exjefe de policía secreta del dictador Pinochet se suicidó este sábado
El general Odlanier Mena, de 87 años, estaba condenado a seis años de presidio por la muerte de tres militantes socialistas, en 1973. (Foto: Elcomercio.pe) |
Fuentes policiales informaron que Mena se encontraba en su domicilio
gozando de un beneficio de fin de semana, siendo el único de diez
internos que contaba con dicho privilegio en el penal Cordillera,
ubicado en el oriente de Santiago (capital) .
El portal emol.com, reseñó que fuentes cercanas a la Fiscalía,
informaron que el deceso se produjo en horas de la mañana en su
domicilio. Al lugar acudió “el fiscal de la zona oriente Roberto
Contreras para constatar si efectivamente se trató de un suicidio o si
hay participación de terceras personas” destaca el medio.
Por su parte, el teniente de Carabineros, Claudio Rojas, detalló en una
emisora radial local que Mena estaba en su departamento "acompañado de
su esposa y familiares", pero se quitó la vida en la escalera de
servicio del edificio.
La CNI era denominada la policía secreta durante la dictadura de
Augusto Pinochet. Mena era el general y exjefe de la mencionada central
policial. Con 87 años, fue condenado por la muerte de tres militantes
del Partido Socialista por el caso conocido como Caravana de la Muerte.
El pasado jueves, el presidente de Chile, Sebastián Piñera, anunció el
cierre del penal Cordillera, en Santiago y que serán trasladados a otra
prisión especial para violadores de los derechos humanos, situada a 35
kilómetros al norte de Santiago.
No teleSUR
Cristian Fernández, que poderia ser o mais novo garoto a passar o resto de seus dias na cadeia na história dos Estados Unidos, foi descrito como um monstro insensível, por supostamente, em três de junho de 2011, ter assassinado seu irmão de dois anos de idade e alegadamente abusado sexualmente de um outro irmão de cinco anos.
Cristian, o menino de doze anos que foi cobrado como um adulto pelos supostos crimes, teve uma vida marcada pela violência e negligência. Sua própria concepção resultou em uma condenação por agressão sexual contra seu pai. Aos dois anos foi encontrado vagando pelas ruas do sul da Flórida enquanto sua avó se drogava em um quarto de motel. Sua mãe, que tinha apenas 14 anos, nem podia ser encontrada.
Seu pequeno histórico de vida tem ainda um abuso sexual a que foi submetido pelo primo e um espancamento (que quase o deixou cego)pelo padastro, que, antes de começar a ser investigado, se suicidou. Cristian, claramente, tinha uma vida horrível na qual seus sentimentos de criança jamais puderam ser aflorados.
Esse caso teve uma grande e intensa publicidade e foi capaz de reabrir uma discussão sobre a justiça norte-americana e afastar a acusação. Cristian também fez que advogados conseguissem um acordo judicial com promotores no qual se determinava que ele ficasse em um centro juvenil até que completasse 19 anos.
Sorte essa não assiste a muitas outras crianças nos EUA, mais precisamente 2.500 menores – embora a Constituição Federal, em sua emenda 8ª, proíba e o artigo 5º.5 do Pacto de São José da Costa Rica assegure o direito de menores serem processados em tribunal especializado para que receba tratamento – eles estão condenados a prisão perpétua. Quase dois terços desses jovens são negros e 79% deles têm menos de catorze anos.
É inconcebível que uma criança seja submetida à prisão perpétua. Segundo a especialista em medicina forense Jenna Saul, é possível que essa criança nem entenda as consequências de seus atos de violência. “Uma criança, sem dúvida alguma, deve ser julgada por um tribunal para menores, onde podem ser implementadas maneiras de introduzi-la à sociedade”, afirmou Jenna Saul à BBC Brasil.
E, recentemente, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou que esse tipo de pena é inconstitucional. Mas por que essa decisão não faz com que essas penas deixem de ser aplicadas?
A explicação está nas fortunas incalculáveis que a “indústria das prisões” proporciona aos EUA. O sistema prisional é um mercado bilionário. Sobre esse mercado, Gustavo Poloni, na revista Exame, escreveu:
Uma das maiores forças do capitalismo americano é a capacidade empreendedora dos executivos, que são permanentemente encorajados a investir e a competir nas mais diferentes áreas da economia. A crença irrefreável dos americanos nas virtudes do setor privado faz com que alguns negócios assumam por lá proporções inéditas. Um exemplo é o mundo bilionário que se formou ao redor do sistema penitenciário – um setor delegado, em quase todos os países do mundo, à gestão pública. Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do planeta, 2,2 milhões de pessoas. Como a legislação possibilita a ampla participação das empresas privadas, as companhias estão aproveitando a oportunidade para obter bons lucros. Hoje, elas são contratadas pelo governo para projetar e construir presídios, vigiar e reabilitar detentos e prestar serviços gerais, como limpeza das celas e alimentação dos presos. O resultado é um mercado de 37 bilhões de dólares, que deve continuar em expansão, pois o número de presos cresce à taxa de 3,4% ao ano desde 1995.”
O desprezo que a sociedade capitalista tem aos jovens, em particular os negros e pobres, é traduzido nos números apontados acima.
O Estado tem sua prioridade focada no livre mercado econômico. Por isso, a falta de assistência social. Tudo isso faz parte dessa estrutura de sociedade. É interessante para o Estado que o jovem pobre esteja marginalizado e excluído do reduto social, contribuindo assim para a “limpeza étnica e racial” que a burguesia tanto quer.
Colocar jovens na cadeia significa uma maior destinação de verbas ao sistema penitenciário e a consequente redução de auxílio assistencial aos necessitados, uma vez que a maior parte deles estará presa. E quanto mais presos, mais casas de reclusão privadas, tornando isso o negócio capitalista mais rentável economicamente.
O fato de Cristian Fernández, uma criança de apenas 12 anos, ser julgada como adulto e submetida a uma possível prisão perpétua, não significaria nem de longe fazer justiça. O que o Estado quer mesmo é que esse jovem pobre filho de uma negra seja útil economicamente para a elite político-econômica norte-americana, e não é o reintegrando à sociedade, dando-lhe saúde e educação.
Danielle Godoi, estudante de Direito e militante da UJR São Paulo.
*jornalaverdade
sábado, setembro 28, 2013
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