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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 11, 2010

do segundo para o terceiro






Dilma e o avanço de um governo popular


Sem a presença de Lula na disputa, os tucanos vislumbraram uma oportunidade de voltar ao poder. O atual presidente, do alto de seus mais de 80% de aprovação, seria imbatível e ninguém se atreveria a enfrentá-lo. Mas um outro candidato do PT poderia ser derrotado, desde que se conseguisse desvinculá-lo de Lula. Para este trabalho, o candidato do PSDB viria com um discurso dócil, que não parecesse oposição, e a mídia faria o trabalho de vigilância.

O ânimo dos tucanos cresceu ainda mais quando Lula indicou Dilma como sua candidata. Trataram de explorar sua fama de durona, explosiva, e tentaram disseminar um suposto despreparo pelo fato de não ter tido mandatos legislativos, embora tenha sido ministra das pastas mais importantes do governo.

As pesquisas de opinião entraram com sua parte abrindo logo uma vantagem de Serra. Afinal, ele é um político conhecido, que já disputou (e perdeu) uma eleição presidencial e estava em evidência como governador de São Paulo. Ninguém estranharia muito a diferença, já que Dilma ainda não era conhecida da população.

A estratégia era levar essa situação até bem perto das eleições, mas o plano desmoronou. Aos poucos, Dilma foi sendo identificada como a candidata de Lula e a indicada para levar adiante um projeto que está dando certo e recuperando a dignidade dos brasileiros.

Os institutos de pesquisa ainda fizeram malabarismos para esconder isso, a Justiça atuou firme contra qualquer sinal que identificasse como possível campanha antecipada, só para um lado, mas a torrente já era incontrolável. Dilma crescia em todas as regiões e já não era mais possível tapar o sol com a peneira sob risco de desmoralização completa.

Dilma ganhou personalidade e confiança e surpreendeu os adversários, que se ativeram exclusivamente ao seu nome e não ao projeto que ela representava. Na abertura da reunião do Diretório Nacional do PT, hoje, em Brasília, Dilma diagnosticou com precisão o que ocorreu. (Veja e ouça no vídeo acima)

“Eles sempre nos subestimaram. No caso dessa campanha, jamais eles esperavam que nós estaríamos no final de maio empatados. Nunca esperaram isso. E não é o fato de a gente ter empatado que importa. O que importa é eles subestimarem a força do projeto político que nós representamos.”

Bingo! Dilma está cada vez mais segura e precisa nas suas análises. No mesmo discurso, ela falou da importância de construir um governo de continuidade com avanço. Ou seja, assim como o Lula do segundo mandato foi melhor do que o Lula do primeiro governo, Dilma tem as condições de ser ainda melhor do que Lula no sentido do avanço do projeto político de um governo popular.

do Tijolaço

Como é bom comemorar a vitória do povo Brasileiro






Pré-sal: Lula vence
e Petrobrás vai mandar no pedaço


Lula derrota Roberto Marinho (de novo)

O Presidente Lula conseguiu o que queria: quem vai mandar no pré-sal é a Petrobrás.

Ou seja, como quis Vargas, o Brasil é soberano.

A UDN, hoje e então, perdeu.

Foram derrotados Roberto Marinho, Assis Chateaubriand e seus sucedâneos (mais medíocres).

A batalha do “Petróleo é Nosso” dá de 2 x 0 no PiG (*): em 1950 e em 2010.

(O Conversa Afiada insiste em que o FHC está para o Lula assim como Dutra para Vargas.)

O pré-sal não será apropriado pelos clientes do davizinho.

Sobre essa vitória retumbante da Petrobrás, não recorra ao PiG (*) nem se irrite com sua omissão.

O PiG (*) não entendeu o que aconteceu, ou prefere não entender.

Vamos ao Blog da Petrobrás:

Senado aprova cessão onerosa e capitalização da Petrobras

10 de junho de 2010

A Petrobras informa que foi aprovado, na madrugada desta quinta-feira (10/06), no Senado Federal o projeto de lei (“PL”) referente à cessão onerosa e à capitalização da Petrobras.

A proposta em questão autoriza a União Federal a ceder onerosamente à Petrobras o exercício das atividades de pesquisa, exploração e produção de petróleo e gás natural em determinadas áreas do pré-sal, limitado ao volume máximo de 5 bilhões de barris de óleo equivalente (“cessão de direitos”), além de autorizar que a União Federal possa subscrever ações do capital social da Petrobras.

O projeto de lei foi aprovado sem alterações em relação ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados e, por isso, será encaminhado para sanção presidencial para posteriormente ser convertido em lei.

Na expectativa de sanção do PL pelo Presidente da República, a Petrobras continuará a negociação do contrato de cessão onerosa com a União e os trabalhos necessários para a definição do valor da cessão de direitos a serem contratados.

Também foi aprovado ontem o novo regime de partilha de produção que regulará a exploração e produção em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas. Esse regime foi aprovado através do PL que unificou os projetos de lei referentes à criação do Fundo Social e do regime de partilha de produção. O regime aprovado garante à Petrobras o papel de operador único, com parcela mínima de 30%, podendo ainda a Companhia participar dos processos licitatórios visando aumentar sua participação nas áreas. O novo regime contempla ainda a possibilidade de cessão direta à Petrobras de até 100% de novas áreas, sem licitação. O PL, conforme aprovado pelo Senado, terá de ser submetido novamente à Câmara dos Deputados em função da unificação dos dois projetos e, se aprovado pela Câmara, será encaminhado para a sanção do Presidente da República.

A Petrobras informa ainda que, dando continuidade à preparação da oferta pública de ações, contratou o Banco do Brasil como coordenador de varejo no Brasil.

Esse comunicado é de caráter meramente informativo, não constituindo uma oferta, convite ou solicitação de oferta de subscrição ou compra de quaisquer valores mobiliários no Brasil ou em qualquer outra jurisdição e, portanto, não devendo ser utilizado como base para qualquer decisão de investimento.

Paulo Henrique Amorim

PIG (*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Como é podre o Reino dos USA






Os direitos necessários

Por Mauro Santayana


Oscilamos, na História, entre iluminismos e trevas, entre o primado da razão da ética e a irrupção dos instintos primitivos. Na Bolívia, o governo de Evo Morales decidiu restituir às tribos indígenas o direito de fazer a justiça de acordo com suas próprias leis. Em algumas tribos, as comunidades parecem dispostas a seguir os próprios princípios imemoriais. Em outras, nas quais o contato com a civilização fez perder a memória antiga dos códigos ancestrais, as sentenças estarão submetidas aos humores dos juízes, sem normas claras e definidas.

Mesmo antes da sanção presidencial da lei, houve linchamentos decididos na jurisdição de algumas tribos. De acordo com a nova lei, das decisões tribais não haverá recurso para os tribunais republicanos. Enfim, depois de quase três séculos do último Iluminismo (porque outros houve na História), as garantias de um julgamento dentro dos devidos processos legais são abandonadas em uma república que leva o nome de Bolívar, um dos mais esclarecidos caudilhos das guerras da independência continental.

O episódio provoca a discussão entre o direito cultural das comunidades indígenas a manter suas próprias normas de convívio e a evolução das sociedades multiétnicas, como são as latino-americanas. Os antropólogos, de modo geral, querem manter intactas as sociedades primitivas, como os zoólogos se esforçam para defender as espécies ameaçadas de extinção, reservando-lhes espaços próprios em que existir de acordo com seus instintos. Até onde, em nome de respeito aos hábitos primitivos, devemos aceitar a violação dos direitos criados por alguns milênios de civilização? De acordo com as informações disponíveis, foram condenados ao linchamento mestiços e brancos, alguns deles, policiais.

Mas a violação dos direitos humanos, tal como eles foram codificados pela razão do Iluminismo, e transformados em princípios fundamentais das constituições modernas, a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembleia Nacional Francesa em agosto de 1789, não se registra somente nas tribos bolivianas. A organização norte-americana de Médicos pelos Direitos Humanos (Physicians for Human Rights) está denunciando formalmente a CIA pela prática de torturas, durante o governo Bush. Os serviços secretos norte-americanos, como todos sabem, têm – e ratificado pelo festejado humanista Barack Obama – o direito de caçar e matar cidadãos norte-americanos em qualquer parte do mundo. Quanto aos estrangeiros, esse direito vem sendo praticado há mais de um século.

Os médicos documentaram a evidência de torturas praticadas por agentes da CIA, com a assistência médica. Eles, entre outras razões, apelam para a Resolução de Nuremberg, a propósito das experiências realizadas por médicos nazistas usando prisioneiros como cobaias. O protocolo de Nuremberg estabelece que nenhuma pessoa pode ser submetida a experiências sem o seu consentimento prévio, e sem o direito de interrompê-la quando quiser. O documento examina as técnicas de afogamento simulado – de que era especialista a polícia política de Stroessner – e de aplicação de choques que provocam a dor.

Em seu livro Theorie des gegenwärtigen Zeitalters (Teoria da época atual), Hans Freyer mostra como a atualidade acolhe todos os tempos humanos, no interior da “civilitas”, do processo civilizatório – conforme o conceito de Erasmo no princípio do século 16. Os linchamentos nos Andes, o bloqueio de Gaza e as torturas da CIA confirmam sua tese.

As ruínas da antiga razão


Por Mauro Santayana

Os Estados Unidos obtiveram outra vitória contra eles mesmos, com a aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, das sanções contra o Irã. Se dermos crédito a quem presumia entender de Deus e entendia realmente de Estado, Richelieu, aos homens cabe a possibilidade da salvação eterna da alma, quando a misericórdia divina anistia-os do pecado; mas os Estados, que só existem no plano temporal, podem perder-se na decisão de um segundo. Alguns dos grandes Estados da História se perderam no acúmulo de repetidas decisões desastradas. O diabo, quando quer ganhar os homens, enlouquece-os antes. Assim também age com as nações, se é que ele existe.

Quem examinar a História, sem preconceitos dogmáticos, concluirá que há uma ameaça muito maior do que o aquecimento global. Essa ameaça é a da erosão do pensamento lógico. Os Estados, conforme a conclusão dos mais argutos pensadores políticos, é uma conquista da razão. Foi a razão que reuniu os homens em comunidades e estabeleceu regras que se transformaram em constituições jurídicas, legitimadas pela vontade comum. O processo histórico é imperfeito. Em certos momentos, pujantes civilizações, como a egípcia e a helênica, desaparecem como realidades políticas, embora possam permanecer – influindo na História – com a força de sua cultura. A civilização romana – que ainda é esteio do Ocidente – foi o resultado do aniquilamento de duas vigorosas civilizações, a do estuário do Nilo e a helênica. Ambas transcenderam a geografia em que se desenvolveram, para formar o mundo atual. No território em que se desenvolveram, só sobrevivem hoje em suas ruínas, com a evocação mercantil do turismo.

Os mesmos jornais que noticiavam, ontem, a punição imposta ao Irã pela diplomacia norte-americana, chefiada pela senhora Clinton, davam conta do assassinato de um menino mexicano de 15 anos pela patrulha da fronteira norte-americana. O rapazinho foi morto em águas mexicanas do Rio Bravo, na mesma perversão da lógica com que Israel atacou um navio humanitário em águas internacionais: a de presumida legítima defesa do forte contra o fraco, em qualquer circunstância. Se essa lógica prevalece, não há mais o direito internacional, tal como foi construído ao longo dos últimos séculos. As fronteiras nada representam diante da força.

Não é o primeiro mexicano a morrer, inerme, nas mãos de policiais norte-americanos. Há dias, outro mexicano, que vivia sin papeles há 20 anos na Califórnia, foi preso em operação de rotina. Desesperado diante da expulsão iminente, tentou fugir, foi espancado por mais de 20 policiais e atingido por choques elétricos, até desfalecer e morrer.

Os Estados Unidos estão superestimando seu poder no mundo. Por enquanto, os pobres mexicanos, que cruzam a fronteira, buscam o pão que as elites irresponsáveis lhes negam. Amanhã, talvez, a travessia seja para a reconquista de mais da metade de seu território, que os Estados Unidos usurparam em 1848, com a guerra de anexação. E continua a insensatez no Oriente Médio: os ianques parecem dispostos a estender a derrota que sofrem no Iraque e no Afeganistão ao Paquistão e ao Irã. E não faltam os que, pelo medo ou pela cumplicidade, os seguem nessa demência, como se a civilização ocidental como um todo padecesse de acelerada degenerescência da razão, acometida pela doença de Alzheimer.

Hipocrisia Capitalista Selvagem, e bye bye Euro






A hipocrisia dos "falcões do déficit" nos Estados Unidos

O que é mais revoltante na posição atual das elites dos EUA é que, depois de terem sido as maiores beneficiárias da magnanimidade do governo nos últimos anos, são precisamente elas que agora atacam a "política fiscal irresponsável e insustentável" do governo Obama. A amnésia coletiva e a depravação moral dessas elites é verdadeiramente inconcebível. As elites que se esgoelam contra o gasto público (marcadamente as de Wall Street) são como alguém que desse a outro cinco carteiras de cigarro por dia e depois se escandalizasse com o fato de que seu beneficiário contraiu um câncer de pulmão.

Harold Meyerson põe o dedo na ferida: “De todos os hiatos que hoje separam nos EUA as opiniões da elite e da massa, talvez o maior seja este: as elites não acreditam realmente que ainda estamos em fase de recessão, ou ocorre de isso não ser o que as preocupa”. O que se torna mais revoltante é que, depois de terem sido os maiores beneficiários da magnanimidade do governo nos últimos anos, são precisamente eles que agora metem o pau na política fiscal “irresponsável” e “insustentável” do governo.

A amnésia coletiva e a depravação moral dessas elites é verdadeiramente inconcebível.

Por que temos um déficit de cerca de 10% do PIB precisamente agora, quando só era de 2% há 3 anos? As razões do estímulo de Obama, o plano de resgate bancário (TARP) e a desaceleração da economia (que respondeu a uma crise fiscal de envergadura, não precisamente causada porque o governo começara a esbanjar irracional e irresponsavelmente). Uma economia desacelerada leva à diminuição de renda (renda diminuída = menor arrecadação fiscal, visto que o grosso da arrecadação tributária procede da receita e das taxas marginais de substituição) e leva a gastos maiores na rede de bem estar social.

Por trás de todo esse furor sobre o déficit estão convenientemente camuflados os beneficiários desta recente prodigalidade pública. Não são, imediamente, os desempregados, nem a grande maioria das pessoas que não trabalha no setor dos serviços financeiros.

E já chega desse memorando agora imperante (- o último a vomitá-lo foi John Heilemann num artigo para a New Yorker Magazine: “Obama vem de Marte, Wall Street vem de Venus”, segundo o qual os custos do resgate financeiro são mínimos, graças às medidas “exitosas” empreendidas para “salvar” nosso sistema financeiro (como se valesse a pena salvá-lo na sua configuração atual). Com a exceção de Simon Johnson, virtualmente todos os analistas passam ao largo do fato de que nossa dívida pública, em relação ao PIB passou, em 2 anos, de 40% do PIB para 90% do PIB, como consequência direta da crise de 2008.

É preciso dizer que os terroristas do déficit se vêem agora fortalecidos por esse fato, esquecendo convenientemente suas causas subjacentes. O mesmo vale, com a conspícua exceção, do mencionado Meyerson, para os jornalistas que cobrem a atualidade econômica. Numa economia de mercado, em que a maioria de nós tem de trabalhar para ter uma existência material, as ameaçadas levantadas pelos Peter Peterson [1] e a brigada de falcões do déficit representam um verdadeiro assalto ao nosso direito de trabalhar. Como observa meu amigo Bill Mitchell, “os neoliberais atacavam deliberadamente o direito ao trabalho de milhões de pessoas, forçando-as a uma situação de dependência para rapidamente caírem na responsabilidade do sistema de bem estar e lhes ser negado o pobre alívio que esse sistema proporciona”.

As elites que se esgoelam contra esse gasto público (marcadamente as de Wall Street) são como alguém que desse a outro cinco carteiras de cigarro por dia e depois se escandalizasse com o fato de que seu beneficiário contraiu irresponsavelmente um câncer de pulmão.

O que acontecerá ao déficit quando a economia melhorar, se chegar a fazê-lo? O estímulo de Obama e do TARP, ocorra o que houver, desvanescerá em poucos anos. O incremento da receita fiscal e o gasto social cairão. Voltaremos à “normalidade”, com déficits entre 2% e 4%, segundo o estado da economia, como tem sido nos últimos 30 anos, deixando de lado o período de 1998-2001. Até o escritório orçamentário do Congresso (CBO em sua sigla em inglês) concorda com isso. Mas o que ocorrerá em troca, com os cortes fiscais de Bush? Terão um impacto de 2% para mais ou para menos, caso forem revogados ou prorrogados.

O certo é que a melhor forma de conseguir a “estabilidade financeira” que podemos empreender é o pleno emprego, porque com um emprego crescente vem um crescimento da receita e a capacidade, consequentemente, para honrar a dívida. Isso significa menos inadimplência para os bancos e, assim, uma necessidade menor de proceder a resgates públicos.

Em troca, a austeridade fiscal não corta nada. Nossas elites parecem pensar que se pode cortar o “gasto público esbanjador” (quer dizer, reduzir mais a demanda privada) e cortar os salários e, pela mesma razão, as receitas privadas, sem esperar efeitos multiplicadores importantes que piorem significativamente as coisas. Calam-se porque sabem que esse gasto “esbanjador” e “insustentável” nunca parece apontar para o Departamento de Defesa, ao qual sempre temos sido capazes de financiar com alguns bilhões de dólares: dir-se-ia que os princípios de “austeridade nos gastos” nunca foi aplicado pelo Pentágono.

As elites que tomam decisões políticas parecem ter adotado a linha do FMI, segundo a qual os multiplicadores fiscais são relativamente baixos e os estabilizadores, automáticos (que funcionam para incrementar os déficits, enquanto o PIB despenca), não levarão adiante os cortes discretos no gasto líquido derivado dos pacotes de austeridade. Há provas empíricas sombrias de que esta hipótese é falsa e de que a prática dessas políticas fundadas nessa hipótese causa dano – que afetam gerações inteiras – em termos de volume, de produção perdida, em termos de receitas perdidas, em termos de bancarrotas e em termos de emprego perdido (especialmente, negado aos que saem do sistema educacional um começo robusto na vida laboral).

O que realmente está por trás de tudo isso é que as pessoas de visão não querem a menor intervenção pública nos assuntos econômicos, a menos que os beneficie diretamente. Com característica de ingratidão, Wall Street ameaça agora cortar as doações a campanhas eleitorais para Obama e para os democratas, por causa do propósito deles de promover uma maior regulação no setor financeiro. Contudo, quando o governo intervém com resgates, Wall Street põe o chapéu na cabeça e o casaco em mãos. Ninguém deseja enfrentar com a disciplina real dos mercados, se isso significar perdas. Quem está no segmento superior da distribuição da renda não é contra todo tipo de intervenção pública, mas estão frequentemente contra certas intervenções públicas que possam fortalecer a posição dos trabalhadores ou fomentar uma verdadeira competição entre as empresas privadas (no caso de uma escolha pública numa reforma da saúde, por exemplo).

O princípio do pleno emprego é o valor real que deveria guiar a política econômica, não a falsa ênfase em algumas proporções financeiras, sempre em mãos do setor financeiro. Eu duvido muito que esse princípio constitua a inspiração diretriz de nosso “Conselho de Sábios” que delibera sobre o Fundo de Previdência e o Medicare, a portas fechadas.

Marshall Auerback é analista econômico norteamericano. Pesquisador sênior do prestigiado Roosevelt Institute, colabora regularmente com o projeto New Economic Perspectives e com o NewDeal2.0.


A geopolítica da desaparição do Euro

Com a crise financeira européia, está se dando um passo a mais no avassalamento da Europa. Com o Tratado de Lisboa, a Europa entregou sua defesa à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN): acabou-se o velho sonho de uma defesa européia independente. E agora, com uma política financeira controlada pelo FMI, a UE renunciou a um pilar essencial de sua independência. Sem a defesa e a moeda, não lhe resta nada para afirmar sua independência dentro do bloco ocidental e frente ao resto do mundo.

Na massa de informações que circula sobre a crise do euro, não é fácil detectar os fenômenos de fundo que se estão produzindo. Por isso, é importante adotar alguma distância, situar essa crise no curso dos acontecimentos dos últimos 20 anos, depois da queda da União Soviética, e projetar uma perspectiva geopolítica de médio a longo prazo. A crise grega confirmou, como se fosse necessário, que a Europa como união política não existe mais.

Nas últimas semanas, a União Européia (UE) revelou ao resto do mundo sua extrema debilidade. O euro não resistiu às ofensivas de todo tipo que sofreu nos últimos meses, apesar de ser a moeda de uma das regiões mais ricas e industrializadas do mundo.

A primeira grande crise financeira mundial da era da globalização evidenciou que a moeda européia não podia aguentar as turbulências do mercado e os ataques especulativos, exatamente porque não tinha um respaldo político sólido e coerente. Os ideólogos ultraliberais que inventaram a moeda européia decidiram aplicar com rigor o princípio do laisser-faire, proibindo aos governos de intervirem nas políticas do Banco Central Europeu (BCE).

Os governos da zona do euro se auto-mutilaram, quando aceitaram o dogma da independência do BCE, renunciando a qualquer possibilidade de submeter as políticas financeiras a condições políticas. Depois de muitas discussões, apresentaram como um grande avanço a decisão de constituir um fundo de resgate de 440 bilhões de euros. E nenhum governo, vendo o desastre social que os planos de ajustes impostos pelo BCE e pelo FMI, quis opor políticas concorrentes à doxa ultraliberal.

O que o público europeu não vê em geral é que, com a intervenção do FMI, os Estados Unidos agora têm direito de intervir na economia européia. Todas as decisões do FMI requerem necessariamente a aprovação do governo estadunidense, se é que não vêm inspiradas diretamente por esse país. Na reforma dos direitos de voto no FMI, anunciada na última Cúpula do G20, os EUA conserva intacta a minoria de controle com 16% dos votos. Pediu-se a UE que reduzisse sua parte para que a cota de países emergentes aumentasse. O presidente Obama exerce plenamente o poder que lhe dá a nova arquitetura financeira internacional, chamada governança mundial, e exige da Grécia e de outros países europeus que baixem os salários de seus funcionários, que reformem o regime de aposentadorias e que diminuam o gasto público em geral. E os europeus obedecem.

Com a crise financeira européia, está se dando um passo a mais no avassalamento da Europa. Com o Tratado de Lisboa, a Europa entregou sua defesa à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN): acabou-se o velho sonho de uma defesa européia independente. E agora, com uma política financeira controlada pelo FMI, a UE renunciou a um pilar essencial de sua independência. Sem a defesa e a moeda, não lhe resta nada para afirmar sua independência dentro do bloco ocidental e frente ao resto do mundo.

Neste contexto, parece lógico que o euro tenda a se aproximar da paridade com o dólar. Fala-se, nos círculos financeiros, de uma possível dolarização da zona do euro. Tecnicamente convém aos países industrializados da Europa, para recuperarem sua competitividade econômica, castigada na última década por um euro forte. Politicamente convém aos Estados Unidos eliminar uma moeda rival do dólar frente a China e a outros países emergentes. Os novos membros da União Européia vêem com muito bons olhos a dolarização da Europa, que seria para eles uma garantia suplementar com que contar, um guarda-chuva estadunidense, como para sua defesa frente a Rússia, seu inimigo de sempre.

O diretor do FMI, Dominique Strauss Khan refere-se com frequência à necessidade de uma moeda mundial, consequência lógica da globalização econômica e financeira. Em Zurique, em 12 de maio, ele fez um chamado a favor da criação de um banco central mundial, com uma moeda mundial. Na França, o Secretário de Estado para a Europa, Pierre Lellouche, militante atlantista incansável, anunciou triunfalmente que no plano monetário se chegou a um mecanismo de solidariedade automática idêntico ao que prevê o artigo 5 do Tratado da OTAN. Com isso, dá-se o último toque à construção de um espaço europeu subsidiário do território estadunidense para formar um bloco perfeitamente homogêneo sob a liderança de Washington. Desde a sua eleição, o presidente Barack Obama pede a seus aliados que cerrem filas para enfrentar as novas ameaças mundiais.

Outro efeito da crise, os planos de ajuste estrutural impostos como remédio, terão como consequência a curto prazo a tatcherização da Europa continental, ou seja, o fim do modelo social europeu. A Grã Bretanha, aliado incondicional dos Estados Unidos, não membro da zona do euro com a libra esterlina, será o grande vencedor dessa crise, com a imposição de seu modelo econômico e financeiro a toda a Europa, e com o fortalecimento da City como praça financeira impermeável a todos os intentos de regulação que se sugere para prevenir novas catástrofes financeiras mundiais.

Com a dolarização da Europa vai se fechar um capítulo da história moderna aberto com a derrubada do campo socialista. Para a corrente atlantista européia, atualmente majoritária, a desaparição da Europa como ator político e financeiro autônomo é o preço a pagar para que o Ocidente continue controlando o mundo frente aos países emergentes.

(*) Pierre Charasse, diplomata de carreira, ex-embaixador, trabalhou no Ministério de Relações Exteriores da França, entre 1972-2009. Ocupou vários cargos nas Embaixadas da República Francesa em Moscou, na Guatemala, em Havana e no México. Foi conselheiro técnico no gabinete de Claude Cheysson, Ministro de Assuntos Exteriores, e de Pierre Joxe, Ministro do Interior entre 1984 e 1986. Foi Cônsul Geral em Nápoles e em Barcelona, embaixador no Uruguai, no Paquistão e no Peru, e embaixador itinerante encarregado da cooperação internacional contra o crime organizado e a corrupção, entre 2000 e 2003, assim como chefe da delegação francesa na Conferência das Nações Unidas sobre o comércio ilícito de armas leves e de pequeno calibre (Nova York, 200-2001), Secretário Geral da Conferência Ministerial “As Rotas da droga da Ásia Central a Europa” (abril de 2003) e Ministro Plenipotenciario desde 1998. Aposentou-se em agosto agosto de 2009.

do Carta Maior

Brasil Soberano






BRASIL SOBERANO VENCE COALIZÃO VIRA-LATA:
APROVADO MODELO DE EXPLORAÇÃO DO PRÉ-SAL
--em vez de herdar dívidas, novas gerações ganham uma poupança de até 50 bilhões de barris de petróleo--

Senado aprova capitalização da Petrobrás de até US$ 60 bi que ampliará a dimensão estatal da empresa, bem como o regime de partilha, pelo qual União é a dona dos campos e contrata serviços de terceiros na exploração soberana das jazidas do pré-sal. Decisão representa derrota para Serra e petroleiras internacionais que lutaram até o fim para adiar votação na expectativa de reverter o quadro político nacional, após as eleições. Novo marco regulador garante à Petrobras o papel de operador único de gigantescas jazidas que podem conter até 50 bilhões de barris, segundo a Agencia Nacional de Petróleo. Estatal brasileira terá, no mínimo, 30% dos novos campos, mas poderá receber do Estado 100% de novas áreas sem licitação. O próximo passo é a criação da Petro-Sal, uma estatal que vai gerenciar todo o processo e garantir o interesse público em cada operação. É a pá de cal na agenda privatizante do petróleo brasileiro aglutinada em torno da candidatura de José Serra. Foi aprovado, ainda, o Fundo Social formado pela capitalização de recursos oriundos de receitas e royalties, vinculados a investimentos em educação, ciência, tecnologia, meio ambiente, combate à pobreza e à desigualdade. Dia 10 de junho de 2010: pela primeira vez, um governo lega às gerações futuras um passaporte de emancipação social, em vez de dívidas, crise e alienação de patrimônio público.

(Carta Maior e a decisão histórica que a mídia demotucana tentou ofuscar destacando emenda inviável sobre royalties, a ser vetada por Lula;11-06)

Coisas Boas



Nova borracha da Amazônia é alternativa ao couro animal

Por Redação [Quarta-Feira, 9 de Junho de 2010 às 23:11hs]

Combinando técnicas indígenas tradicionais de extração da borracha por indígenas com padrões industriais, Francisco Samonek, professor da Universidade Federal do Acre, desenvolveu uma forma diferente de aproveitar a riqueza das seringueiras. Os Encauchados de Vegetais da Amazônia baseiam-se na produção de um composto de látex com fibras vegetais de embaúba e algodoeiro, o que permite obter um material funcional para produtos variados, de roupas a panelas.

Desenvolvida pelo Pólo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio), o processo de vulcanização da borracha – necessário para evitar a coagulação da seiva dos seringuais – foi vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2007, na categoria Região Norte. Tanto no Acre quanto no Pará a técnica foi disseminada por diferentes comunidades, já que é simples e fácil de ser reaplicada. Para se ter uma ideia, sequer é necessário usar energia elétrica.

Ao composto de látex com fibras vegetais, são adicionados pigmentos e aromas extraídos de folhas da anilina, de cascas do jatobá, breu e da semente de urucum. Água misturada a cinzas de fornos e fogões a lenha completam o processo do "encauchado".

Atualmente, já são 28 unidades produtivas implantadas nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia por 370 índios Kaxinawá, Shanenawa, Kaxarari e Apurinã e por 150 seringueiros que vivem em unidades de conservação. Foram gerados 520 postos de trabalho e 20 novos produtos lançados. O valor agregado ao produto final chega a 25 vezes o da borracha fabricada pelo processo convencional.

O seringueiro Raimundo Nonato, 42 anos, morador da Reserva Extrativista Cazumbá Iracema, no município de Sena Madureira (AC), conta como o projeto modificou a vida da comunidade. "Quando vendíamos a borracha bruta não ganhávamos quase nada pelo produto. Hoje com as técnicas que aprendemos essa mesma matéria tem um valor muito maior no mercado, saltou de R$ 2,50 para no mínimo, R$ 50 o quilo", disse à RTS.

Para o extrativista, a comunidade se sente mais valorizada. "Hoje podemos comprar as nossas coisas, com o dinheiro que ganhamos. Além disso, nos alimentamos melhor e ainda ajudamos na preservação da natureza, uma vez que não precisamos mais derrubar árvores para a lavoura e criação de gado", ressalta Nonato.

Em São Francisco do Pará (PA), 40 artesãos fazem camisetas com o material. Na Feira do Empreendedor em Belém, realizada em maio, um estande mostrou a produção. Daiane Dourado, da comunidade ribeirinha, explica que o processo cabe mesmo para comunidades extrativistas. "Onde houver terras, seringais e artesãos, a técnica do látex pode ser aplicada e gerar renda às comunidades", afirma à Agência Sebrae.

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da Revista Forum

Coisas Lixo

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Golfo do México: extensão do vazamento pode ser muito maior

Por Redação [Sexta-Feira, 11 de Junho de 2010 às 14:50hs]

A US Geological Survey, ligada ao governo norte-americano, divulgou nesta quinta-feira novos dados que indicam que o vazamento de petróleo provocado pela explosão da plataforma Deepwater Horizon da British Petroleum pode ter chegado a 40.000 barris (cerca de 6,36 milhões de litros) por dia. Esta estimativa é mais do que o dobro das anteriores.

O professor de oceanografia da Florida State University, Ian McDonald, diz que a BP subestimou o volume do derramamento e sobre-estimou as suas capacidades para o conter. "Depois eles mudaram e tentaram recuperar o petróleo com este funil gigante. Mas 15 mil barris por dia claramente não é sequer metade do petróleo que é derramado."

O petróleo está indo para o mar desde 20 de abril, quando explodiu a plataforma. Depois de várias tentativas fracassadas de conter o vazamento, a BP conseguiu no dia 3 de junho começar a desviar o petróleo derramado para uma espécie de funil gigante. Segundo a companhia, por meio deste processo estão sendo recolhidos em navios mais de 15.000 barris (mais de 2,38 milhões de litros) por dia.

Na próxima segunda-feira, o presidente Obama fará a sua quarta visita ao Golfo do México, desde o início do vazamento, que afeta fortemente cinco estados norte-americanos. A população dos EUA é cada vez mais crítica face à gestão, havendo sondagens que apontam que sete em cada dez norte-americanos está descontente com a gestão da crise.

Por Esquerda.net.


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