Nova borracha da Amazônia é alternativa ao couro animal
Por Redação [Quarta-Feira, 9 de Junho de 2010 às 23:11hs]
Combinando técnicas indígenas tradicionais de extração da borracha por indígenas com padrões industriais, Francisco Samonek, professor da Universidade Federal do Acre, desenvolveu uma forma diferente de aproveitar a riqueza das seringueiras. Os Encauchados de Vegetais da Amazônia baseiam-se na produção de um composto de látex com fibras vegetais de embaúba e algodoeiro, o que permite obter um material funcional para produtos variados, de roupas a panelas.
Desenvolvida pelo Pólo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio), o processo de vulcanização da borracha – necessário para evitar a coagulação da seiva dos seringuais – foi vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2007, na categoria Região Norte. Tanto no Acre quanto no Pará a técnica foi disseminada por diferentes comunidades, já que é simples e fácil de ser reaplicada. Para se ter uma ideia, sequer é necessário usar energia elétrica.
Ao composto de látex com fibras vegetais, são adicionados pigmentos e aromas extraídos de folhas da anilina, de cascas do jatobá, breu e da semente de urucum. Água misturada a cinzas de fornos e fogões a lenha completam o processo do "encauchado".
Atualmente, já são 28 unidades produtivas implantadas nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia por 370 índios Kaxinawá, Shanenawa, Kaxarari e Apurinã e por 150 seringueiros que vivem em unidades de conservação. Foram gerados 520 postos de trabalho e 20 novos produtos lançados. O valor agregado ao produto final chega a 25 vezes o da borracha fabricada pelo processo convencional.
O seringueiro Raimundo Nonato, 42 anos, morador da Reserva Extrativista Cazumbá Iracema, no município de Sena Madureira (AC), conta como o projeto modificou a vida da comunidade. "Quando vendíamos a borracha bruta não ganhávamos quase nada pelo produto. Hoje com as técnicas que aprendemos essa mesma matéria tem um valor muito maior no mercado, saltou de R$ 2,50 para no mínimo, R$ 50 o quilo", disse à RTS.
Para o extrativista, a comunidade se sente mais valorizada. "Hoje podemos comprar as nossas coisas, com o dinheiro que ganhamos. Além disso, nos alimentamos melhor e ainda ajudamos na preservação da natureza, uma vez que não precisamos mais derrubar árvores para a lavoura e criação de gado", ressalta Nonato.
Em São Francisco do Pará (PA), 40 artesãos fazem camisetas com o material. Na Feira do Empreendedor em Belém, realizada em maio, um estande mostrou a produção. Daiane Dourado, da comunidade ribeirinha, explica que o processo cabe mesmo para comunidades extrativistas. "Onde houver terras, seringais e artesãos, a técnica do látex pode ser aplicada e gerar renda às comunidades", afirma à Agência Sebrae.
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da Revista Forum
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