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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 11, 2010

Coisas Boas



Nova borracha da Amazônia é alternativa ao couro animal

Por Redação [Quarta-Feira, 9 de Junho de 2010 às 23:11hs]

Combinando técnicas indígenas tradicionais de extração da borracha por indígenas com padrões industriais, Francisco Samonek, professor da Universidade Federal do Acre, desenvolveu uma forma diferente de aproveitar a riqueza das seringueiras. Os Encauchados de Vegetais da Amazônia baseiam-se na produção de um composto de látex com fibras vegetais de embaúba e algodoeiro, o que permite obter um material funcional para produtos variados, de roupas a panelas.

Desenvolvida pelo Pólo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio), o processo de vulcanização da borracha – necessário para evitar a coagulação da seiva dos seringuais – foi vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2007, na categoria Região Norte. Tanto no Acre quanto no Pará a técnica foi disseminada por diferentes comunidades, já que é simples e fácil de ser reaplicada. Para se ter uma ideia, sequer é necessário usar energia elétrica.

Ao composto de látex com fibras vegetais, são adicionados pigmentos e aromas extraídos de folhas da anilina, de cascas do jatobá, breu e da semente de urucum. Água misturada a cinzas de fornos e fogões a lenha completam o processo do "encauchado".

Atualmente, já são 28 unidades produtivas implantadas nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia por 370 índios Kaxinawá, Shanenawa, Kaxarari e Apurinã e por 150 seringueiros que vivem em unidades de conservação. Foram gerados 520 postos de trabalho e 20 novos produtos lançados. O valor agregado ao produto final chega a 25 vezes o da borracha fabricada pelo processo convencional.

O seringueiro Raimundo Nonato, 42 anos, morador da Reserva Extrativista Cazumbá Iracema, no município de Sena Madureira (AC), conta como o projeto modificou a vida da comunidade. "Quando vendíamos a borracha bruta não ganhávamos quase nada pelo produto. Hoje com as técnicas que aprendemos essa mesma matéria tem um valor muito maior no mercado, saltou de R$ 2,50 para no mínimo, R$ 50 o quilo", disse à RTS.

Para o extrativista, a comunidade se sente mais valorizada. "Hoje podemos comprar as nossas coisas, com o dinheiro que ganhamos. Além disso, nos alimentamos melhor e ainda ajudamos na preservação da natureza, uma vez que não precisamos mais derrubar árvores para a lavoura e criação de gado", ressalta Nonato.

Em São Francisco do Pará (PA), 40 artesãos fazem camisetas com o material. Na Feira do Empreendedor em Belém, realizada em maio, um estande mostrou a produção. Daiane Dourado, da comunidade ribeirinha, explica que o processo cabe mesmo para comunidades extrativistas. "Onde houver terras, seringais e artesãos, a técnica do látex pode ser aplicada e gerar renda às comunidades", afirma à Agência Sebrae.

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da Revista Forum

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