Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 11, 2010

do segundo para o terceiro






Dilma e o avanço de um governo popular


Sem a presença de Lula na disputa, os tucanos vislumbraram uma oportunidade de voltar ao poder. O atual presidente, do alto de seus mais de 80% de aprovação, seria imbatível e ninguém se atreveria a enfrentá-lo. Mas um outro candidato do PT poderia ser derrotado, desde que se conseguisse desvinculá-lo de Lula. Para este trabalho, o candidato do PSDB viria com um discurso dócil, que não parecesse oposição, e a mídia faria o trabalho de vigilância.

O ânimo dos tucanos cresceu ainda mais quando Lula indicou Dilma como sua candidata. Trataram de explorar sua fama de durona, explosiva, e tentaram disseminar um suposto despreparo pelo fato de não ter tido mandatos legislativos, embora tenha sido ministra das pastas mais importantes do governo.

As pesquisas de opinião entraram com sua parte abrindo logo uma vantagem de Serra. Afinal, ele é um político conhecido, que já disputou (e perdeu) uma eleição presidencial e estava em evidência como governador de São Paulo. Ninguém estranharia muito a diferença, já que Dilma ainda não era conhecida da população.

A estratégia era levar essa situação até bem perto das eleições, mas o plano desmoronou. Aos poucos, Dilma foi sendo identificada como a candidata de Lula e a indicada para levar adiante um projeto que está dando certo e recuperando a dignidade dos brasileiros.

Os institutos de pesquisa ainda fizeram malabarismos para esconder isso, a Justiça atuou firme contra qualquer sinal que identificasse como possível campanha antecipada, só para um lado, mas a torrente já era incontrolável. Dilma crescia em todas as regiões e já não era mais possível tapar o sol com a peneira sob risco de desmoralização completa.

Dilma ganhou personalidade e confiança e surpreendeu os adversários, que se ativeram exclusivamente ao seu nome e não ao projeto que ela representava. Na abertura da reunião do Diretório Nacional do PT, hoje, em Brasília, Dilma diagnosticou com precisão o que ocorreu. (Veja e ouça no vídeo acima)

“Eles sempre nos subestimaram. No caso dessa campanha, jamais eles esperavam que nós estaríamos no final de maio empatados. Nunca esperaram isso. E não é o fato de a gente ter empatado que importa. O que importa é eles subestimarem a força do projeto político que nós representamos.”

Bingo! Dilma está cada vez mais segura e precisa nas suas análises. No mesmo discurso, ela falou da importância de construir um governo de continuidade com avanço. Ou seja, assim como o Lula do segundo mandato foi melhor do que o Lula do primeiro governo, Dilma tem as condições de ser ainda melhor do que Lula no sentido do avanço do projeto político de um governo popular.

do Tijolaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário